1-Nos dias mais quentes de Verão há incêndios florestais, um pouco por todo o país. Este ano, porém, nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Góis, os incêndios atingiram proporções alarmantes. Foram destruídos 50 000 hectares de floresta e faleceram no incêndio 64 pessoas segundo os dados oficiais. Na generalidade os incêndios têm na sua origem inúmeras causas: fogo posto por incendiários criminosos , descuidos por negligência humana, além de causas naturais como raios provocados por trovoadas. As condições climáticas com temperaturas elevadas têm vindo a aumentar de ano para ano concorrendo para propagação dos incêndios. Mas esta não é a razão de maior peso para o que está a acontecer. Há décadas que não tem havido ordenamento florestal e cada um faz o que quer sem regras e normas a cumprir. A indústria da celulose incentiva as pessoas à plantação em massa de eucaliptos pois é uma árvore que ao fim de 10 anos dá lucros.. Por isso, o pinheiro, o sobreiro, o carvalho que demoram 25 a 30 anos a crescer estão a ser postos de lado. Mas estas espécies menos combustíveis deviam ser plantadas em alternância com as outras de forma a servir de tampão ao alastramento de fogos. Uma outra razão ao que se está a passar tem a ver com a desertificação do interior do país. As pessoas idosas abandonaram as propriedades e não fazem a limpeza das matas. Por isso o perigo de incêndios vai aumentando de ano para ano.
2-Depois de se efectuar o balanço dos estragos e prejuízos começa-se a pensar no que há a fazer no ano seguinte. Elaboram-se planos e projectos mas no inverno as medidas que deviam ser tomadas ficam congeladas na gaveta a aguardar melhores dias para serem executadas. Tem sido sempre assim. Esperemos que desta vez as coisas mudem e ainda se vá a tempo de inverter a situação e preservar o que ainda resta da riqueza florestal do país. Sabemos que a maioria da floresta pertence a privados. Mas como alguns abandonaram as propriedades e outros nem sabem o que lhes pertence cabe ao Estado o papel importante de ordenar as florestas. Em tempos houve uma Direcção Geral das Floresta ( DGF) com delegações em quase todos os concelhos que depois foi integrada nos serviços da agricultura. Penso que esta decisão foi um erro pois a descentralização era a melhor forma de conhecer os problemas e de os resolver. Havia também guardas florestais que vigiavam e punham ao corrente os serviços das necessidades mais prementes. Pelo que li no Jornal Público a administração florestal tinha em 2015 , 540 funcionários quando na Áustria eram 1589, na Grécia 4 600 e na Espanha 10 470.
3- Creio que ao nível de freguesias e de concelhos se deveriam formar grupos ou equipas capazes de fazer um levantamento dos pinhais e matas que precisam de ser limpas. O Estado devia também organizar equipas capazes de proceder à limpeza no caso dos proprietários não terem meios para o fazer. Às autarquias e ao Estado competiria verificar se há árvores à berma das estradas ou se há casas rodeadas de árvores pois são erros que se pagam caros. Importante também seria que em sítios elevados houvesse torres com vigias permanentes dia e noite de forma a alertar atempadamente os bombeiros sempre que surgissem incêndios. Uma outra medida seria abrir caminhos que facilitassem o acesso aos carros dos bombeiros. Tudo isto deveria ser feito com verbas do Estado e da Comunidade Europeia pois está em jogo o direito das pessoas viverem em segurança nas suas comunidades ou locais de trabalho.. É certo que os incêndios florestais de grande proporções não acontecem só em Portugal. Já se verificou o mesmo em países como a Austrália, a África do Sul, a Califórnia, o Chile e há bem pouco tempo na Espanha. Mas se forem tomadas as devidas medidas preventivas os incêndios irão restringir-se a áreas cada vez mais pequenas e com menos perdas de vidas humanas.
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