Este é um livro escrito pelo Papa Francisco em que nos faz alguns pedidos tendo em conta o período de grande instabilidade que estamos a viver. O mundo está a mudar dadas as transformações provocadas pela tecnologia de vanguarda nas telecomunicações, modificando radicalmente muitos aspectos da vida quotidiana de milhões de pessoas. A inteligência artificial pode trazer benefícios positivos na saúde e na ciência mas também pode colocar no desemprego muitos trabalhadores. Depois há ainda as transformações provocadas pelas guerras e pelo aquecimento global que põe em risco a sobrevivência de milhares de espécies incluindo a humana. O Papa apela aos jovens para que intervenham numa política posta ao serviço do bem comum universal. O ideal é que nas medidas urgentes que é necessário tomar devemos ser nós os primeiros a dar o exemplo assumindo as mudanças que queremos ver. E passo a citar os dez pedidos que o Papa Francisco faz em nome de Deus:
- PEÇO EM NOME DE DEUS, QUE A CULTURA DOS ABUSOS SEJA EXTIRPADO DA IGREJA. Quando o abuso de menores é cometido por membros da Igreja, já não é apenas um crime atroz, torna-se também uma ferida infligida a Deus. Referi este crime como « homicídio psicológico » devido às consequências irreparáveis que pode ter para a vida mental. Destrói a infância numa época da vida em que deveria ser de brincadeira e aprendizagem, e causa danos físicos , psicológicos e espirituais. Por isso decidimos também que os casos de abuso não prescrevem ao fim de vinte anos. São tempos de justiça que devem adaptar-se às vítimas e não contrário.
- PEÇO , EM NOME DE DEUS, QUE PROTEJAMOS A CASA COMUM. O nosso planeta está em perigo. Vivemos as últimas décadas sob um sistema voraz, que apenas empurrou para as margens da exclusão milhões de seres humanos, mas também sujeitou a nossa Casa Comum, a Mãe da Terra, a danos nunca dantes vistos. Um paradigma socioeconómico estruturado na base da voracidade e da ganância permitiu saquear também a Natureza para sustentar e promover o ritmo do consumo e do esbanjamento que o guia. Um excesso consumista desenfreado só para alguns, poucos, e que apenas foi possível graças à exclusão e marginalização de muitos outros e à agressão do meio ambiente, que ameaça ser irreparável.
- PEÇO, EM NOME DE DEUS, UMA COMUNICAÇÃO SOCIAL, QUE COMBATA AS FAKE NEWS E EVITE OS DISCURSOS DE ÓDIO. Todos somos chamados a promover uma cultura que combata as chamadas fake news, que evite o discurso do ódio e se desenvolva dentro de um quadro tecnológico atento à proteção dos mais indefesos. Na vida civil, na vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado, os meios de comunicação social começam a falar mal das pessoas, dos dirigentes e, com a calúnia, com a difamação, assim os aviltam. Depois entra a justiça, condena-os e, no final, o golpe de Estado é realizado. É um sistema entre os mais indecorosos que existem.
- PEÇO, EM NOME DE DEUS, UMA POLÍTICA QUE TRABALHE PARA O BEM Populistas tanto podem ser os dirigentes como os partidos, quando se transformam numa elite que vira as costas às pessoas que os ajudaram a ascender ao poder. Conhecemos casos de populismo do século XX que partiram da legitimidade das urnas para a sua deriva totalitária. Mesmo na Igreja não estamos isentos deste problema: até entre nós há grupos que buscam a divisão impondo as categorias de « direita e esquerda » ou « progressistas e conservadores ». O líder político deve colocar o bem comum acima dos seus interesses privados. Servir o povo e não servir-se do povo. Assim como na Igreja procuramos pastores « cheirando a ovelha » , que vivam no meio do seu rebanho, assim também a Política está sedenta de servos que vivam no meio do povo.
- PEÇO, EM NOME DE DEUS, QUE CESSAIS A LOUCURA DA GUERRA. A guerra é o sinal mias claro da desumanidade. Hoje enquanto peço em nome de Deus o fim da cruel loucura da guerra, também considero a sua persistência entre nós como o verdadeiro fracasso da política. Possuir armas nucleares é imoral. A existência das armas nucleares e atómicas põe em risco a sobrevivência da vida humana na Terra.
- PEÇO, EM NOME DE DEUS, QUE SEJAM ABERTAS AS PORTAS AOS MIGRANTES E REFUGIADOS. A emigração hoje, que afeta todos os continentes, já não está limitada a algumas áreas particulares, adquire a dimensão de uma dramática questão mundial. Homens , mulheres e crianças são forçados a abandonar as suas casas, na esperança de se salvarem a si próprios e de obterem a paz e a segurança noutros locais. E o Papa convida-nos a fazer eco destes quatro verbos; acolher, proteger, promover e integrar
- PEÇO, EM NOME DE DEUS, QUE A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES SEJA PROMOVIDA E ENCORAJADA NA SOCIEDADE. Mesmo no seio da Igreja, procuramos avançar com processos de uma participação feminina efetiva. O nosso mundo precisa de mais dirigentes do sexo feminino, dos seus dotes e intuições, da sua dedicação. Na Igreja, como em toda a sociedade, o papel da mulher é fundamental e indispensável. Também no Evangelho as vemos como a primeiras testemunhas da ressurreição. A sociedade de exclusão em que vivemos, marcada pela globalização da indiferença, multiplicou situações de maus-tratos às mulheres. As mulheres têm a mesma dignidade que os homens. Em cada um dos cinco continentes e em cada país.
8-PEÇO, EM NOME DE DEUS; QUE SEJA FACILITADO E DEFENDIDO O CRESCIMENTO DOS PAÍSES POBRES. No decurso da pandemia as dez pessoas mais ricas do mundo duplicaram as suas fortunas. As estatísticas dos dois últimos anos também mostram o fracasso das teorias da « recaída favorável », segundo as quais a maioria deveria contribuir para o enchimento dos copos daqueles que possuem mais, esperando que algumas gotas transbordem e caiam sobre a massa dos mais desfavorecidos. Mas o que se verifica é que os pobres são cada vez mais e estão a ficar cada vez mais pobres. A Terra, a Casa e o Trabalho deve estar ao alcance de todos.
9-PEÇO, EM NOME DE DEUS, QUE SEJA GARANTIDO A TODOS O DIREITO À SÚDE
O acesso à saúde deve ser universal e manter os laços de fraternidade e solidariedade com o próximo. É necessário dar acesso imediato, universal e homogéneo aos medicamentos, para que não seja a lógica do mercado e dos interesses particulares a orientara distribuição dos fármacos que salvam vidas entre os habitantes do planeta.
10-PEÇO EM NOME DE DEUS, QUE O SEU NOME NÃO SEJA UTILIZADO PARA FOMENTAR AS GUERRAS. A fraternidade é o veículo do nosso futuro, se quisermos ter um futuro. É importante que todos nos unamos na condenação unânime de qualquer tentativa de usar o nome do Todo- Poderoso para justificar qualquer tipo de violência e agressão. Queremos ser artífices da paz, revolucionários da ternura, portadores de amor e misericórdia. O inimigo da fraternidade é o individualismo, que se traduz no desejo de alguém se pôr a si mesmo e ao seu grupo acima dos outros.. Gosto de lembrar que nenhuma religião é terrorista. Não há um terrorismo cristão, não há um terrorismo judaico e não há um terrorismo islâmico. Em todas as religiões, assim, como em todos os países, há pessoas fundamentalistas e violentas que « se reforçam com generalizações intolerantes, se alimentam de ódio e de xenofobia. A violência em nome de Deus é uma traição à religião.
Os pedidos do Papa Francisco dão para pensar e refletir. Com a boa vontade de todos, cidadãos, políticos, economistas, Estados e da Igreja, podiam ser levados à prática e deste modo teríamos um mundo melhor e mais pacífico.