Este é um livro da autoria do Professor Freitas do Amaral, talvez o último que escreveu antes de falecer, e em que faz uma análise das Ideias Políticas e Sociais de Jesus Cristo.
Quando Jesus Cristo nasceu o território da Palestina estava sob o domínio romano. O primeiro imperador romano Octávio Augusto governou de 30 a.c. até 14 d.c. A este imperador sucedeu a Tibério no período de ( 14 a.c. a 37 d.c.). Da Palestina fazia parte a Galileia onde Jesus nasceu ; a Samaria onde passou algum tempo e a Judeia onde pregou no final da vida, vindo a morrer em Jerusalém ( 30 d.c. ). Todas estas regiões eram colónias romanas administradas por governadores nomeados por Roma . Pôncio Pilatos era governador da Judeia e foi ele que veio a decidir sobre a morte de Jesus Cristo. Durante a sua vida Jesus Cristo habitou em território palestiniano tendo como autoridades dirigentes judaicos como o tetrarca Herodes Antipas e também governadores romanos. Por se ter proclamado filho de Deus foi acusado de sacrilégio e condenado à morte pelo Sinédrio, tribunal supremo do povo judeu. Para que Pilatos o condenasse à morte foi preciso acrescentar que Jesus se proclamava Rei dos Judeus, o que punha em causa a obediência às autoridades romanas.
A economia da Judeia era muito pobre e a agricultura rudimentar. A maior parte da população vivia na pobreza e na miséria. Nem os políticos nem as autoridades religiosas se preocupavam com os pobres.
Ideias políticas de Jesus- Jesus não publicou livro nenhum e o que d´Ele sabemos é através do testemunho escrito dos 4 Evangelistas ( Mateus, Marcos , Lucas e João ). Da análise dos Evangelhos podemos deduzir as seguintes ideias políticas:
1-Todo o poder vem de Deus ( omnia potestas a Deo ). Para que a convivência humana e a vida em sociedade possa existir é necessária a obediência aos governantes desde que estes não ponham de lado normas éticas e morais. Há portanto uma rejeição do anarquismo e da desobediência cívica aos poderes legítimos estabelecidos.
2--Separação entre Igreja e o Estado-Também aqui se aplica a célebre frase de Jesus Cristo “ A Deus o que é de Deus e a César o que é de César “ A Religião deve estar separada do poder político. Os hebreus consideravam-se um povo eleito por Deus e os Reis delegados e executores de Deus. Ainda hoje existem países teocráticos como o Irão em que a política se rege por leis religiosas.
3-A autoridade como um serviço- O poder deve ser um meio para atingir um fim e o fim a atingir deve ser o Bem Comum. É bem conhecida a sentença de Jesus “ Quem de vós quiser ser grande deve tornar-se o vosso servidor; e quem de vós quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos. ( Marcos, 10,42-44 )
4-Os apelos à Paz- Jesus disse: “ Guarda a espada na bainha, pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão. Jesus sempre apelou à Paz e não à guerra e ensinou os homens a amarem o próximo seja ele estrangeiro ou inimigo
5-Os primeiros Fundamentos dos Direitos do Homem -Para Jesus Cristo todos os homens são filhos de Deus e a todos sem excepção ele devota um amor infinito. Jesus Cristo não foi político nem governante mas o seu pensamento aponta para uma política humanista e civilizada: paz em vez de guerra e violência; separação ente Igreja e Estado; função governamental como serviço prestado a todos ;direito à vida ( não matarás ) ; protecção da sociedade aos mais pobres.
As Ideias Sociais de Jesus Cristo-É no Sermão da Montanha e nas Bem-Aventuranças que nós vamos buscar as Ideias Sociais de Jesus Cristo. Afinal o que é uma Bem-Aventurança ? Freitas do Amaral diz-nos que é um louvor àqueles que merecem receber um prémio espiritual em vida ou após a morte. Nas Bem-Aventuranças há destacar três grupos: As bem-aventuranças dos que sofrem; as dos que praticam o Bem; e as dos que são perseguidos por adoptar os ensinamentos de Jesus.
1-A compaixão de Jesus para com os pobres. Nesta lista estavam incluídos os mendigos, os pecadores e as crianças. Lázaro o mendigo que nem sequer podia apanhar as migalhas que caiam da mesa do rico não foi esquecido por Deus que o acolheu no céu; a mulher adúltera que se arrependeu foi perdoada por Jesus Cristo; as crianças quase todas pobres mereceram de Jesus o maior carinho e simpatia. “ Tude o que lhe derdes é a mim que o dareis “(Mateus, 25-40 )
2-As palavras de Jesus sobre os ricos. No tempo de Jesus quase não havia classe média. Também não havia impostos progressivos que tributassem os mais ricos, nem serviços públicos de carácter social. Os ricos tratavam os pobres com desprezo e indiferença. Jesus foi o primeiro a chamar a atenção para este facto e procurar pacificamente melhorar o que estava mal através de bons conselhos: “ Amarás o teu Deus e o teu próximo como a ti mesmo “ As palavras que dirigiu aos ricos estão em três textos evangélicos:
3-Ninguém deve servir a dois senhores( Mateus 6,24 e Lucas ( 16,13 ) Ninguém deve servir a Deus e às riquezas” Dito de outra maneira: Não se deve amar o dinheiro e tratar o próximo com indiferença ou «menosprezo.
4-Vende o que tens e segue-me. Este foi o conselho a um homem que estava a cumprir os mandamentos da Lei e não sabia o que fazer para merecer a vida eterna.
Também Zaqueu o cobrador de impostos tocado pelo desejo de conversão prometeu dar metade dos seus bens aos pobres e se roubou alguém devolver quatro vezes mais.
5-A passagem do camelo pelo buraco da agulha. Jesus disse : “ Eu vos garanto, um rico dificilmente entrará no reino do céu. E digo ainda: É mais fácil um camelo entrar pelo buraco da agulha do que um rico entrar no reino de Deus “ Quando Jesus diz dificilmente isto não quer dizer que é impossível. É de admitir que há casos em que os ricos se podem salvar.
No Sermão da Montanha Jesus diz. “Bem aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos Céus. E o que são os pobres em espírito ? Em primeiro lugar os que sendo ricos sabem viver em espírito de pobreza e são generosos com os mais pobres. São os que fazem frutificar os seus bens em prol do bem-estar geral e dos mais desfavorecidos através de donativos, prémios e fundações. Em segundo lugar pobres em espírito são os que prestam o amor ao próximo e não discriminam os pobres. São também os que trabalham em obras de caridade, instâncias particulares de solidariedade e pelouros sociais de autarquias locais de fundações ou associações onde dedicam o seu tempo à promoção da habitação económica para os sem –abrigo ou à provisão de alimentos para os que têm fome. Em terceiro lugar embora não possam estar incluídos no conceito estrito de “ pobres em espírito” devem também ser tidos em conta todos os que no âmbito da sua autoridade profissional trabalham pela Justiça Social contra a pobreza e contra as desigualdades excessivas ou a favor daqueles que a Natureza ou o Destino desfavoreceram ou atiraram para a miséria
No fim do livro o Professor Freitas do Amaral conclui o seguinte:
1-Jesus não foi nem nunca quis ser um político ou governante porque o seu reino não era deste mundo. Também nunca foi um revolucionário ou agitador de massas.2-É pena que muitos que se dizem católicos convictos( professores, empresários, gestores, políticos) não se sintam obrigados em consciência a seguir a sua doutrina e a ignorem ou menosprezam na sua vida profissional. 3-Para os cristãos do nosso tempo é reconfortante verificar como são modernas e actuais as palavras de Jesus Cristo sobre a liberdade religiosa, o amor ao próximo e a justiça social. E ao terminar lança um desafio aos crentes. Se Jesus era verdadeiramente filho de Deus, porque não damos as mãos para, com todos os nossos irmãos-crentes e não crentes para construirmos um mundo melhor ? Por que não aproveitamos a fundo a oportunidade de termos connosco o Papa Francisco, que parece ter saído do Sermão das Bem-Aventuranças?
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