Quarta-feira, 1 de Maio de 2019

A SEXTA EXTINÇÃO

 

Este é o título de um livro escrito por Elisabeth Kolbert jornalista do “ New York Times durante 15 anos e ao qual foi atribuído o prémio Pulitzer. Da leitura deste livro concluímos que no espaço de 500 milhões de anos houve 5 extinções de espécies. As alterações climáticas, erupções vulcânicas e também a queda de meteoritos provocou o desaparecimento das seguinte espécies: rã dourada panamiana, mastodonte americano, arau gigante(pinguim original) do hemisfério Norte, amonites e dinossauros. A 1ª extinção teve lugar durante o período Ordovício há cerca de 450 milhões de anos; a 2ª durante o período Devónico Superior há cerca de 350 milhões de anos ; a 3ª extinção no período Pérmico há 250 milhões de anos e esteve perto de esvaziar a Terra ; a 4ª extinção no Triásico Superior há cerca de 200 milhões de anos; a 5ª foi a extinção em massa mais recente e ocorreu no período Cretácico há 50 milhões de anos e eliminou além dos dinossauros as amonites.

A causa da morte da rã do panamá foi um fungo que se movimentou na água com facilidade e percorreu grandes distâncias contaminando outros habitats. Há cerca de 30 milhões de anos a linha proboscídea que daria origem aos mastodontes separou-se da que mais tarde conduziu aos  mamutes e elefantes. O mastodonte americano desapareceu há cerca de 13 mil anos. A sua extinção faz parte de uma onda de desaparecimentos que se tornou conhecida como a extinção da megafauna. Esta coincidiu com a proliferação dos seres humanos modernos e é vista, cada vez mais, como resultante da mesma. Os araus eram uma das poucas aves não voadoras do hemisfério Norte. Como o arau era uma presa fácil e abundante os colonizadores da Islândia aproveitavam-nos como menu para o jantar. Os araus eram também utilizados como isco para o peixe e como fonte de penas para encher os colchões. Depois ocorreu o massacre maciço. As amonites flutuaram nos oceanos pouco profundos durante 300 milhões de anos. Era formado por conchas em espiral divididas em múltiplas câmaras. Os  próprios animais ocupavam apenas a última câmara e o resto estava cheio de ar. As amonites são normalmente retratadas como lulas às quais se assemelham, enfiadas dentro de conchas de caracóis.. Nos ambientes terrestres parece que terão morrido todos os animais maiores do que um gato. As vítimas mais famosas foram os dinossauros.

A teoria evolutiva de Darwin segundo a qual era a selecção natural e a competição dos mais fortes que comandava a evolução veio a provar-se que não estava totalmente correcta. O arau-gigante, a tartaruga gigante de Gálapos não foram aniquiladas pela mesma espécie mas devida a uma extinção  causada pelo homem ou através de um cataclismo de ordem natural.  A actividade do homem na caça , na pesca, na desflorestação irá também contribuir para a extinção de determinadas espécies.

Quando o Homo Sapiens, provavelmente o invasor mais bem sucedido da história biológica, vindo da África do Sul  chega à Europa dá-se o confronto com o Homem de Neandertal. Este acaba por desaparecer. Há teorias que dizem que houve um cruzamento entre as duas espécies e que alguns seres humanos ainda têm no seu ADN  entre 1 a 4% do homem de Neandertal. O Homo Sapiens devido à sua capacidade de mobilização espalhou-se depois por todos os continentes.

Com a Revolução Industrial no século XVII começa um novo período chamado Antropocénico. Com a explosão demográfica que se seguiu à 2ª Guerra Mundial, as tecnologias modernas das quais resultou o aparecimento de turbinas, caminhos de ferro, motosserras, os seres humanos tornaram-se forças capazes de dominar o mundo. Antes dos seres humanos entrarem em cena, as criaturas de grandes dimensões  e de reprodução lenta  dominavam o planeta . Depois esta estratégia tornou-se perdedora. Animais como o elefante, os ursos e os grandes felinos estão a diminuir gradualmente. Os seres humanos são capazes de provocar a extinção de praticamente qualquer espécie mamífera embora se façam esforços para o evitar. Se as autoestradas e a desflorestação criaram ilhas onde não existiam ilhas, o comércio global e as viagens globais fizeram o contrário. Houve assim uma remistura da flora e da  fauna mundiais. Durante um período de 24 horas calcula-se que 10 000 espécies diferentes sejam transportadas pelo mundo no lastro dos barcos. Um avião de passageiros, um superpetroleiro pode anular milhões de anos de separação geográfica. Mas também muitas doenças e pragas se podem disseminar rapidamente. Segundo dados estatísticos nos últimos 2 séculos foram provocados danos irreparáveis no clima e no ecossistema global. Mais de 1/4 de todos os mamíferos da Terra está hoje em vias de extinção tal como acontece com 40 % dos anfíbios ; 1/3 dos  corais e dos tubarões ; 1/5 dos répteis e um 1/6 das aves.

Estamos portanto a caminho da Sexta Extinção e esta pode ser causada pelos seres humanos. Para terminar irei transcrever a parte final do livro que diz o seguinte:

“ O episódio da extinção actual podia ser evitado se as pessoas se preocupassem mais e estivessem dispostas a fazer sacrifícios. Nós seres humanos continuamos a depender dos sistemas biológicos e bioquímicos da Terra. Ao perturbar estes sistemas- abatendo as florestas, alterando a composição química da atmosfera, acidificando os oceanos- estamos a colocar a nossa sobrevivência em perigo. O antropólogo Richard Leakey  avisou que o “ Homo Sapiens  “ não só pode ser o único causador da Sexta Extinção como também se arrisca a ser uma das suas vítimas. “

publicado por pontodemira às 21:21
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