Este é um livro escrito pelo padre Jesuíta Francisco Martins, professor de literatura bíblica na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Neste livro o autor faz uma análise crítica, literária e teológica dos vários livros que compõem o Antigo Testamento. É um facto que a Bíblia não pode ser interpretada de forma literal. É necessário um estudo heurístico dos vários textos. Nela vamos encontrar vários géneros literários. O padre Carreira das Neves no livro intitulado « A Bíblia – O Livro dos Livros » indica mesmo 6 géneros : 1- O Mito da Criação ( Génesis ); 2-Grandes Sagas ( Saga de Moisés ) , 3-Grandes Provações ( O dilúvio ) ;4-Grandes Sacrifícios ( Os sacrifícios no Levítico ), 5. Os Grandes Poemas ( Cântico dos Cânticos e Salmos ) ;6- Grandes Profetas ( Livro de Isaías, Livro de Emmanuel )
E depois desta breve introdução passo a citar os aspectos mais relevantes do livro atrás citado. As três fontes que servem de base ao estudo científico da História de Israel Antigo são: a Bíblia, as descobertas arqueológicas e os achados epigráficos. Os mais antigos documentos bíblicos datam do século VII a.c. e são os chamados manuscritos de Qumram. Há também a referir os códices mais antigos do século IV, V d.c. contendo juntamente com o Novo Testamento, a tradução grega dos livros do Antigo Testamento em hebraico e arameu e a chamada Bíblia do Setenta ou Septuaginta em Latim que data do período helenístico ( século III a.c. )
-O Livro do Génesis diz.nos que Jacob teve 12 filhos que segundo o relato bíblico dão origem às doze tribos de Israel. Os ciclos de Abraão e de Isac parece ter como pano de fundo a zona Sul da terra de Canaã ( o futuro território de Judá ao passo que o ciclo de Jacob se desenrola principalmente na zona de Efraim ( centro geográfico e político do futuro reino de Israel )
- O Êxodo. A fome em Canaã forçou o patriarca Abraão e a sua família a descer ao Egipto pouco tempo depois de terem chegado à terra prometida. Jacob enviou os filhos ao Egipto em busca de trigo num período de carestia. Depois de muitos anos de opressão, Moisés torna-se o escolhido de Yahvé para enfrentar o faraó do Egipto e libertar o povo da escravidão. As dez « pragas do Egipto » e a « separação das águas do Mar Vermelho », irão facilitar a fuga. O Êxodo acabará por vir a ocupar um lugar de destaque na Bíblia, que enquanto « história de histórias», é um produto do trabalho dos escribas do Sul, o reino de Judá.
- O Deus da Biblia- A História de Yahvé. A divindade chamada Yahvé começou por se apresentar com outro nome : « El Chadai ». Ambos são uma e a mesma divindade. A PALAVRA « Israel » contém o elemento teofórico « El ». El tornou-se em hebraico o nome genérico de « deus ». No fundo El era equivalente, no Levante, de Zeus na Grécia e Júpiter em Roma. Yahvé provém da região ( Seir, Edom ) na qual este grupo étnico lançou as suas raízes e emergiu como entidade étnica durante o século XIII a.c.. Na transição para o primeiro milénio já se começa a anunciar a emergência do que viria a ser os dois« reinos irmãos » de Israel ao Norte e de Judá ao Sul. O monoteísmo ( bíblico ) tem na figura de Moisés o seu primeiro e, de alguma forma, o seu máximo expoente. O monoteísmo bíblico, na sua expressão mais estrita ( rejeição da existência de outros deuses além de yahvé) só terá emergido a partir do século VI a.c.) O exílio da Babilónia terá desempenhado um papel importante na reformulação da teoria local.
-Israel em Canaã: os livros de Josué e Juízes. Moisés morre às portas da terra prometida propriamente dita. E cabe ao seu sucessor Josué, liderar o povo na conquista. Josué dá início à repartição do país pelas nove tribos e meio restantes. O livro de Josué refere-se repetidas vezes à prática de exterminar( herém) os habitantes das cidades cananeias conquistadas. O herém ou « anátema » bíblico que era aplicado em Jericó. Josué tomou também todas essas cidades e respectivos reis e passou-os ao fio da espada. O facto do herém muito provavelmente, nunca ter sido verdadeiramente praticado por Israel não invalida que se levantem questões de ordem teológica e ética a respeito do carácter de Deus da bíblia. Yahvé é uma divindade ciumenta e não olha a meios para garantir a fidelidade do povo que escolheu.
- O início da monarquia em Israel: Saul, David e Salomão. Saul assegurou a monarquia em Israel e combateu contra todos os inimigos: Moabitas,Amonitas, Edomeus, reis de Sabá e Filisteus. David vai destacar-se sobretudo como guerreiro num combate singular contra o gigante filisteu Golias e depois como comandante do exército do rei . Salomão herda o império de seu pai e consolida o seu estatuto como grande rei, tornando-se genro do faraó do Egipto, A Bíblia atribui-lhe uma sabedoria e uma inteligência proverbiais.
-Israel : O reino esquecido ? Vítima do império assírio o reino de Israel desaparece da História após dois séculos de existência. Muitos Israelitas foram exilados para a a Assíria e outros emigraram para o reino do Sul.
-Judá: História do reino do Sul. O século IX a.c parece ter sido uma época de recuperação ou expansão territorial para o reino de Judá. Em 701 a.c. o rei Senaqueribe chega ao Levante à cabeça do terrível exército assírio para impor uma vez mais a Pax Assyriaca ( pax Assíria ). A campanha culmina com a invasão de Judá e o rei Ezequias encerrado em Jerusalém « como um pássaro numa gaiola ». Manassés, o filho e sucessor de Ezequias, gozou do mais longo reinado foi i«o rei de Judá: 55 anos. Em 586 a.c. os Babilónios invadem Jerusalém e devastam a cidade levando os habitantes para o exílio
-A morte e a lenta ressurreição de Jerusalém ( séculos VI- IV a.c. ) Para a maioria dos investigadores as deportações para a Babilónia em 597 como em 586 a.c., foram mais selectivas do que os relatos deixam a duvidar. Aos Babilónios interessava mais privar Judá da capacidade para se reorganizar politicamente e suster o movimento de se reorganizarem politicamente e de suster um movimento de revolta. As elites políticas, religiosas e económicas foram por isso, com toda a probabilidade as principais vítimas. Com a queda do império neobabilónico em 539 a.c. e a subida ao poder do rei Ciro da Pérsia foi permitido aos judeus exilados na Babilónia regressar a Jerusalém. Durante o longo período persa foi permitida a a reconstrução do templo Yahvista, a reedificação das muralhas de Jerusalém e a proclamação da Torá ( Pentateuco ) , sobretudo as suas partes legislativas, como Lei local.. Um dos heróis da restauração de Judá foi Neemias que terá chegado a Jerusalém com o beneplácito do rei persa para exercer as funções de governador de Judá/ Yehud. Esdras parte também para Jerusalém com o encargo de verificar se os habitantes da província de Yehud estavam efectivamente a cumprir a Lei de Deus ( Torá ). Judá só recuperaria a independência nos séculos II a I a.c. mas os séculos VI a V a.c. foram absolutamentre decisivos para o nascimento da Bíblia como livro Sagrado
-O início do Judaísmo. O fim da História do Israel Antigo (no sentido estrito do termo) e o início do Judaísmo Antigo. O termo «Israel » que tinha uma acepção fundamentalmente poltico-social ( reino de Israel ), adquiriu no seio do reino de Judá e da tradição Bíblica, o significado teológico que ainda hoje conserva como designação da totalidade do povo eleito por Yahvé . Com a transformação da pertença étnico-geográfica numa pertença étnico-religiosa, o « Israel bíblico » enquanto família de tribos e o Yahvismo enquanto culto herdado dão lugar a uma nova entidade – o Judaismo- que combina aspectos de estirpe e de nação com características de estilo e religião
A pergunta que se coloca no fim do livro é: A Bíblia tinha mesmo razão ? Há muitos textos na Bíblia que têm características lendárias como o Livro o Génesis. Não há dúvidas que as invasões de Assírios e Babilónios aconteceram mesmo. O culto exclusivo a Yahvé e a proclamação da unicidade divina resultaram de um longo processo histórico que só culminou depois do exílio. Quanto ao Êxodo não se sabe ao certo se este acontecimento pertenceu ao primeiro milénio ou se é mais remoto e tem de ser localizado no segundo milénio. Nele provavelmente podemos ler histórias como as dez pragas do Egipto e a separação das águas do mar morto.
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