1-Comemora-se hoje o dia da batalha de Trancoso. Não se sabe ao certo qual foi o dia exacto em que os trancosenses mediram forças com os castelhanos. Na opinião do Prof. Salvador Dias Arnaut este acontecimento teria ocorrido provavelmente num dos primeiros oito dias de Junho de 1385. Como a tradição tem muita força, durante longos anos o povo festejou a batalha de Trancoso no dia 25 de Abril. Se o combate se travou junto à ermida de S.Marcos e a festa deste Santo é precisamente nessa data tem toda a lógica a associação dos dois acontecimentos. Até 1974 o dia da batalha de Trancoso foi sempre uma festa popular e muito concorrida. Recordo-me que o comércio fechava de tarde e as crianças da escola e a população em geral deslocavam-se a pé e em cortejo ao planalto de S.Marcos. Depois dos discursos da ordem vinha o melhor da festa. As pessoas presentes procuravam um lugar aprazível à sombra dos pinheiros e comiam as merendas que traziam de casa.
2-Com a Revolução dos Cravos as comemorações foram relegadas para o dia 29 de Maio evitando desta maneira a sobreposição de feriados. Por que razão foi escolhida esta data ? Ao que parece foi encontrado em Espanha o túmulo de um combatente que teria morrido nesta data na batalha de Trancoso. Ao fazer-se a conversão para o calendário do ano ( 1385 ) verificou-se que não havia coincidência com o dia da semana indicado no túmulo. Por isso alguma coisa estava errada: ou o dia do mês ou o dia da semana.
3-A questão das datas pouca importância tem e não deve demover-nos do seu real significado. A batalha de Trancoso insere-se no movimento revolucionário de 1385 que apoiava D.João I como rei de Portugal e consolidou a nossa independência ameaçada por Castela. O prévio entendimento do alcaide de Trancoso Gonçalo Vasques Coutinho com Martim Vasques da Cunha, que se encontravam desavindos, foi crucial para o bom êxito da batalha. A luta foi renhida e disso nos dá conta o cronista Fernão Lopes: “ e eraõ os guolpes taõ grandes e asy expesos que os ouviaõ em Trancoso.E aperfiamdo asy por comprir suuas vomtades, foraõ os castelaoõs vemçidos e mortos todos, de guisa que dos homeis darmas naõ escaparaõ nenhuuns, salvo os ginetes e muitos que fugiraõ por eses momtes………E dos portugueses, a Deus graças, que he graõ maravilha e como milagre, naõ moreo nenhu capitaõ nem homem de grande nem pequena comta que em chroniqua achemos para poer em escrito, salvo aqueles lavradores e aldeaõs de que hos ginetes mataraõ muitos como dito he. Pêro sede certos que de boa e pouca gemte naõ foy melhor ferida batalha amtre os portugueses e hos castelaõs de quãtas ouveraõ em toda a guerra que esta “
4-Embora muitos historiadores dêem pouco destaque a esta batalha a verdade é que ela tem capital importância e irá moralizar e dar ânimo para outras que se vão seguir, nomeadamente a de Aljubarrota. Terá algum sentido nos nossos dias comemorar esta batalha ? Pessoalmente penso que sim. Acho que é um dever de todos nós honrar o passado. Os que no planalto de S.Marcos lutaram por uma Pátria livre e independente devem ser credores do nosso respeito e da nossa homenagem. Honrar o passado só nos dignifica.
5-Nos dias de hoje é a batalha do desenvolvimento económico e social, o combate à pobreza e ao desemprego que deve estar na ordem de todas as prioridades. Para isso tem de ser combatida a apatia e acreditarmos nas nossas capacidades. Os trancosenses de 1385 mostraram-nos como a união pode vencer os maiores obstáculos e conseguir o que à partida parece perdido.
Francisco Martins
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