1-Durante todo o meu percurso escolar a autoridade dos professores e a disciplina na escolas nunca estiveram
2-No Seminário que frequentei dois anos, a pedagogia não era muito diferente. A disciplina era escolástica, exagerada e desproporcionada, sobretudo para crianças da faixa etária dos
3-No ensino secundário frequentei um colégio particular ( Externato ). Não me lembro de haver casos de indisciplina. Em 1950 o ensino público não estava como hoje democratizado e eram poucos os que estudavam. A competitividade e rivalidade entre estabelecimentos era grande e cada um procurava obter os melhores resultados. Daí que se cometessem alguns excessos. Tive um professor de História que obrigava a despejar tudo o que estava no Compêndio. Se havia um hiato ou hesitação lá estava a mão a impor o ritmo. Ninguém se queixava em casa aos pais. Se estes não estavam contentes só lhes restava mudar os filhos para outro estabelecimento.
4-Na Escola do Magistério Primário, que preparava para a profissionalização no ensino básico a disciplina era a regra . Havia alguns casos pontuais como as aulas de Desenho e Trabalhos Manuais onde a postura não era tão rígida e os alunos podiam conversar descontraidamente e muitas vezes sair da sala de aulas sem que o professor desse conta. Tive no entanto um professor de Higiene que logo nas primeiras definiu para os alunos as regras do jogo: “ Se alguém estiver a dormir enquanto falo isso não me incomoda a menos que ressone. Dormir é uma necessidade fisiológica. Mas se for apanhado a conversar é punido com falta e vai para a rua. “ E as aulas deste senhor eram chatas e monótonas e como decorriam a seguir ao almoço muitos colegas aproveitavam para dormir graças a tamanha generosidade.
5-Hoje a situação nas escolas é bem diferente. Passou-se de um extremo ao outro. É óbvio que sem ordem e disciplina não pode haver aproveitamento nas aulas. A disciplina não pode porém ser imposta pela força mas na base do respeito e da autoridade que deve emanar do professor. A educação deve começar em casa e por vezes os pais não têm tempo para dialogar com os filhos nem para acompanhar o que se passa na escola. Quando intervêm fazem-no normalmente para desautorizar os professores. Longe vão os tempos em que, como dizia Frei Bento Domingos no jornal “ Público “, os pais reagiam ao castigo dos filhos dizendo: “ Só se perdem as que caem no chão”.
O Ministério da educação tem vindo há uns anos a esta parte a tomar medidas que longe de resolverem os problemas do ensino os têm agravado. Primeiro foram as facilidades no aproveitamento escolar. Só em casos extremos se devia reprovar um aluno. Quem o fizesse teria de justificar tudo através de um relatório circunstanciado. Se um aluno não aprendia culpa era do professor. Como a palavra reprovação era um estigma inventou-se logo uma palavra mais soft para a substituir a que se deu o nome de “retenção”. Estas medidas tiveram apenas em vista, segundo os entendidos na matéria, melhorar as estatísticas do sucesso escolar de forma a ficarmos ao nível dos outros países desenvolvidos da Europa.
Para melhorar a disciplina na escola surgiram nos últimos tempos o Estatuto do Professor e do Aluno sobre o qual não me vou pronunciar porque não li. Mas a disciplina nas escolas não se resolve com leis e despachos emanados do ministério. As escolas deveriam ter autonomia suficiente para criar elas próprias os seus regulamentos. Esses regulamentos deviam prever que, em casos devidamente especificados de indisciplina e má educação, os alunos pudessem ser expulsos das aulas pelos professores. Nada de histerias como o que vimos na televisão com o telemóvel que aluna se recusa a dar à professora.
Na minha modesta opinião o problema da disciplina escolar seria resolvido dando aos conselhos directivos mais autonomia e pedindo aos pais mais empenhamento na educação e acompanhamento dos filhos.
Francisco Martins
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