A imprensa desta semana abordou um tema bastante actual e que tem a ver com os licenciados no desemprego. Segundo dados do INE ( Instituto Nacional de Estatística ) são cerca de 60 000 os que se encontram nesta situação. Este número tem vindo a aumentar de ano para ano e dá que pensar . A revista “Visão “ diz que há cursos em risco e adianta que os diplomados com mais dificuldade em arranjar emprego são os seguintes: professores do ensino básico, licenciados em Gestão e Administração de Empresas, docentes de disciplinas específicas ( Línguas, Matemática, Ciências e História), educadores de infância, curso de Acção Social da Universidade Católica e Filosofia da mesma instituição e o de Sociologia da Universidade do Minho.
Até ao ano de 1970 eram poucos os que estudavam. A grande maioria ficava-se pela quarta classe e com essa habilitação teriam que arranjar emprego. Só uma minoria entrava na Universidade. As escolas Comerciais e Industriais tinham cursos práticos que preparavam para o exercício de determinadas profissões.
Com a democratização do ensino de Veiga Simão dá-se uma verdadeira explosão escolar .Aumenta consideravelmente o número de alunos que frequenta o ensino e comete-se o erro de fechar as escolas de carácter profissional atrás referidas. As Universidades deixam de ter capacidade de resposta perante o crescimento sempre constante de interessados na frequência de cursos superiores. Não havendo possibilidade de entrarem todos surgiram os “ numerus clausus “ que são filtros ou travões aos desejos de muitos candidatos. Daqui surgiu a ideia peregrina de criar uma enxurrada de cursos nas mais diversas áreas, algumas meramente teóricas. Aparecem um pouco por todo o lado Institutos Politécnicos e Escolas Superiores de Educação. Os docentes na maioria licenciados foram recrutados à pressa para preencher lugares. Impunha-se que estas escolas não concorressem com as Universidades repetindo cursos já existentes e formando os técnicos que o país mais precisa para se desenvolver. Infelizmente não foi isso que aconteceu.
É um facto incontestável que o desenvolvimento económico de um país tem muito a ver com a formação técnica e cultural dos seus cidadãos. Apostar na educação é portanto uma medida correcta que pode trazer benefícios a médio e a longo prazo. É no entanto paradoxal o que se está a passar no nosso país dado que o número de licenciados no desemprego tem vindo a aumentar. Fica-se com a sensação que ter um curso superior não é nenhuma mais-valia. Quais as razões de fundo que estão na origem desta discrepância? Há várias opiniões a este respeito. O ministro Mariano Gago entende que nem todos o cursos têm as mesmas saídas profissionais e por isso é necessário saber escolher. Para Vasco Pulido Valente o sucesso não depende do curso mas da capacidade e da habilitação. Isto significa que as universidades não desenvolvem capacidades nem habilitam devidamente os alunos que estão a formar. O problema na minha modesta opinião é complexo embora haja razão de ambos lados.
Uma fatia considerável dos licenciados no desemprego são potenciais candidatos ao ensino. Ora no ensino básico a população escolar tem vindo a diminuir o que levou à extinção de muitos lugares e à concentração dos alunos nas sedes dos concelhos ou em determinadas freguesias de um concelho. Sendo assim é natural que não sejam necessários tantos professores. Os que optam pela formação no ensino são por isso potenciais candidatos ao desemprego. Se o ensino da Filosofia tem vindo a diminuir nas Escolas e a deixar de ser obrigatório em determinados anos é lógico que não sejam precisos tantos professores nesta área. Por outro lado, como a economia tem vindo a crescer a um ritmo lento não se vislumbra como possam surgir empregos. E se não forem criados empregos de pouco ou nada valem as capacidades e as habilitações de cada um. A não ser que a estes atributos se junte a iniciativa e o rasgo de o licenciado criar a sua própria empresa. Esta seria uma situação extrema que exige um certo espírito de risco e de aventura que não está ao alcance de qualquer um.
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