Na revista “ Visão “ aparece periodicamente uma página de José Gil que tem por título “ Radar: Ensaio “. Esta página não é de fácil compreensão pois é utilizada uma linguagem hermética que tira algum sabor à leitura. Lê -se e tem de se voltar atrás para apreender o verdadeiro sentido do texto. Sendo ao autor filósofo é natural que prefira o exercício intelectual à clareza e à objectividade.
Na “ Visão “ do dia 25/ 01/2008 José Gil desenvolve o tema a “ Tensão do Espaço Público “. Pelo seu raciocínio ficamos a saber que há um espaço público no qual as pessoas debatem as suas ideias e manifestam as suas opiniões publicamente. Em relação a esse espaço há a considerar duas tendências : uma aberta e expansionista e outra que tende a fechar-se e a encolher esse espaço. A primeira diz respeito aos jornais, à rádio e aos blogs onde os cidadãos expõem livremente e sem censura as suas ideias ; a segunda tem a ver com o autoritarismo do Governo e com a televisão.
Quanto à primeira tendência subscrevo inteiramente o ponto de vista de José Gil. As cartas aos jornais, os artigos de opinião e os comentários na rádio são um facto indesmentível e uma realidade que ninguém contesta. A discussão e a participação em fóruns que envolvem questões ambientais e ecológicas interessa e motiva cada vez mais pessoas. Em relação a tudo isto a minha concordância é total.
Passando para a segunda tendência a que procura encurtar o espaço público o meu ponto de vista é porém diferente. É certo que o Governo tomou medidas de carácter autoritário que têm provocado protestos de pessoas e de instituições. Há pessoas que se queixam de falta de diálogo e de insensibilidade para os problemas que as afectam e querem ver resolvidos. As decisões por vezes são demasiado rápidas e requeriam um estudo mais aprofundado para serem eficazes e atingirem os objectivos propostos. Dialogar é importante em democracia mas nenhum Governo pode ficar refém de negociações . É sempre difícil senão impossível agradar a todos. Se é mau não dialogar a situação inversa, como aconteceu no Governo do Eng. Guterres, em que se cede ao peso das pressões e dos lobbies pode tornar um país ingovernável. Embora seja preciso corrigir muitos erros que se têm cometido estamos longe de poder afirmar como alguns querem que o Governo é fascista ou ditatorial. Nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Vamos agora passar para a segunda força que impede o alargamento do espaço público e a que José Gil designa por televisão. Aqui a minha discordância é total. Não me parece que os canais públicos de televisão ( RTP 1 e 2 ) encurtem esse espaço. Os telejornais noticiam qualquer irregularidade cometida pelos políticos e não escondem as manifestações de protesto contra o governo ou de qualquer ministro sempre que elas acontecem. Há entrevistas a personalidades que estão na ordem do dia dentro e fora da política. No programa “ Prós e contras “ debatem-se os mais diversos assuntos da actualidade com a participação de pessoas, técnicos e especialistas de várias tendências e correntes de opinião. Os “ Gatos Fedorentos “ ridicularizaram até à exaustão o Primeiro-Ministro José Sócrates e outras figuras políticas da actualidade. Os bonecos da “ Contra informação “, satirizam toda a actualidade nacional e não apenas os políticos. Não me parece que haja qualquer censura à televisão ou se de facto há não transparece nada cá para fora. Estamos, assim, perante uma afirmação exagerada de José Gil. Poderei estar enganado mas os factos desmentem essa possibilidade. A política é uma Ciência e uma Arte. Em Ciência política temos aí muita gente competente. E não são só os professores doutores, economistas e políticos de todos os quadrantes. Toda a gente sabe dizer o que está mal e fazer diagnósticos. O problema é quando se passa da teoria à prática. Não basta saber muito. É preciso também saber governar. Arte de governar implica dialogar e ouvir mas também tomar decisões firmes quando as circunstâncias assim o exigem. Para Platão os filósofos seriam os melhores governantes. Sei que José Gil é um bom filósofo. A minha dúvida é se seria também um bom político.
Francisco Martins
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