Sexta-feira, 18 de Janeiro de 2008

Há coisas que os políticos não devem dizer

 

Quase todos os dias no café passo os olhos pelo Jornal de Notícias para ficar com uma ideia do que se passa no País e no Mundo.

Na última página leio quase sempre com agrado a coluna “Por outras palavras “. Aprecio o estilo conciso e directo com que o autor, Manuel António Pina,  aborda os mais diversos temas. Não são todos os que conseguem dizer muito em poucas palavras.

Acontece que um artigo publicado no dia15 deste mês com o título “ Respeitinho é que é preciso “ conseguiu irritar-me. O tema foi uma entrevista dada pelo líder do Partido Liberal inglês Nick Clegg à BBC em que este afirmou não acreditar em Deus. O desabafo, pelo seu desassombro, convenceu de tal maneira o articulista que até estaria disposto a pedir a naturalização para votar nele. Só que no final da entrevista Clegg esclareceu também que tinha enorme respeito pelas pessoas que acreditam em Deus. Foi quanto bastou para o hipotético eleitor mudar o sentido do voto.Resumindo: somos levados a concluir que não devemos respeitar quem pensa diferente de nós.   

 

Fiquei também a saber que  Manuel António Pina tem uma concepção maniqueísta da política. Para ele há bons e maus políticos. Os bons são os ateus ou,“ lato sensu “ , os que não acreditam em Deus. É a estes que dá o seu voto pois lhe merecem toda a sua confiança. Os maus ficam do outro lado do muro: são os  crentes ou  os que dizem respeitar os crentes. Mesmo que sejam sinceros não passam de hipócritas pois o que pretendem é cair nas simpatias dos eleitores e caçar votos.

 Este raciocínio parece indicar que os eleitores na sua grande maioria são crentes e é preciso ter respeitinho por eles se quiserem ganhar eleições. Aqui ocorre-me perguntar:  Será que os eleitores crentes são todos ignorantes e estão no lugar errado ? Se a situação se invertesse, provavelmente, já não seria necessário aos políticos dizerem que têm respeito pelos crentes. Só que para grande tristeza e mágoa do colunista isso não irá acontecer tão cedo. A secularização da sociedade profetizada por Marx, Durkheim e Weber  e a consequente inutilidade da religião ainda não chegou.

Para terminar vou lançar um desafio a Manuel António Pina.  Se ele me conseguir provar que Deus não existe sou eu que vou precisar de me converter ao seu ateísmo.

 

                                  

 

Francisco Martins

Trancoso

 

 

publicado por pontodemira às 21:24
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