1-A mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz ( 1 de Janeiro 2013) tem por título” Bem-Aventurados os Obreiros da Paz “ . Trata-se de um versículo das Bem-Aventuranças proclamadas por Jesus e que podem ser lidas nos Evangelhos de São Mateus (5,3-12) e de São Lucas ( 6,20-23).
Se folhearmos as páginas de uma História Universal verificamos que a guerra tem sido uma constante ao longo dos séculos, desde a Antiguidade Clássica aos nossos dias. Sem procurar ser exaustivo destacarei os seguintes períodos de guerra: Guerra do Peloponeso (século V a.c. ) entre a Atenas e Esparta; Guerras Púnicas ( século III a.c. ) entre Romanos e Cartagineses; Guerra dos 100 anos ( 1337-1453) entre a França e a Inglaterra ; Guerra dos 30 anos (1618-1648 ) devido à rivalidade entre católicos e protestantes e que atingiu sobretudo a Alemanha ; Guerra dos 7 anos no reinado de Luís XV e que confrontou de um lado a França, a Áustria e seus aliados e do outro lado a Inglaterra, Portugal e a Prússia ; e já no século XX a 1ª guerra mundial (1914-1918 )e a 2ª guerra mundial ( 1939-1945).
No Continente Africano o período que se seguiu à descolonização também não foi pacífico. As ditaduras militares e a luta entre facções políticas e étnicas têm criado momentos de grande instabilidade. No Médio Oriente temos a guerra na Síria e a luta entre palestinianos e judeus.
2-Os latinos tinham um provérbio que dizia: “ Si vis pacem para bellum “ . Isto significava que a melhor maneira de se conseguir a paz era a preparação para a guerra. Hoje pensa-se que a paz só se conseguirá através da cooperação internacional e do desarmamento. As causas que levam os países à guerra são de vária ordem: expansão e domínio territorial, ambição do poder, extracção de riquezas; ódio racial ,etc.. A ONU quando é chamada a intervir nem sempre consegue restabelecer a paz. As grandes potências como os Estados Unidos, a Rússia e a China põem e dispõem como bem lhes apetece. Todos nos lembramos que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem terem o apoio da ONU. O mesmo fez a China quando invadiu o Tibete e a Rússia a Geórgia.
3-Mas a paz não é só a ausência de guerra. A exclusão social, a fome, a miséria, o desemprego, o trabalho infantil, o tráfico de crianças são razões mais que suficientes para agitar as consciências e motivo de preocupação para todos os políticos. O que se verifica nos dias de hoje é um fosso cada vez maior entre ricos e pobres. Enquanto uns nadam na abundância outros não têm que comer. Ora, os bens da Terra que Deus criou não são propriedade exclusiva de ninguém. Só pela partilha e repartição da riqueza se poderá evitar uma situação explosiva e uma revolução social.
4-O Papa Bento XVI na sua mensagem de Ano Novo faz um diagnóstico da situação que se vive no mundo e indica os caminhos que poderão conduzir à Paz. As Bem-Aventuranças segundo o Papa não são” meras recomendações morais mas promessas de Deus para que se deixem guiar pelas exigências da verdade, da justiça e do amor” E continua afirmando que “ a ética da paz é uma ética de comunhão e de partilha.” A Paz para Bento XVI é um dom de Deus e obra do homem. Os obreiros da paz são todos aqueles que amam, defendem e procuram a vida na sua integridade : “ quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida “ Fala ainda dos direitos humanos que têm de ser respeitados: o direito à liberdade religiosa e o direito ao trabalho. Os obreiros da Paz devem ter presente que o liberalismo radical conduz muitas vezes “ à convicção de que o crescimento económico se deve conseguir mesmo à custa da erosão da função social do Estado e das redes de solidariedade social “. Esta afirmação é pertinente e devia ser meditada por muitos países, inclusive Portugal. Não é o homem que deve estar ao serviço da economia mas a economia ao serviço o homem.
Para o Papa o bem da paz tem de ser construído através de um novo modelo de desenvolvimento e de economia. E acrescentou que “ o modelo que prevaleceu nas últimas décadas apostava na busca da maximização do lucro e do consumo, numa óptica individualista e egoísta “ Este modelo não serve e tem que se apostar noutro que tenha em conta o bem comum e beneficie as gerações futuras..
Bento XVI considera importante o papel da família e das instituições na educação para uma cultura de paz .” A pedagogia da paz implica serviço, compaixão, solidariedade, coragem e perseverança “
5-A Paz em 2013 vai ser uma miragem em muitos países. Devido à crise económica e financeira Portugal vai passar por grandes dificuldades. O aumento dos impostos leva a uma redução do poder de compra e é muito provável que haja lojas e pequenas empresas a fechar as portas colocando ainda mais gente no desemprego. Só com o apoio das redes de solidariedade social e com a partilha de bens podemos dar alguma esperança aos que sofrem por não terem dinheiro para comer e para pagar as despesas do dia a dia. Espero sinceramente que as minhas previsões não se venham a concretizar e que a situação do país melhore para bem de todos os portugueses.
Francisco Martins
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