1-Sentado à mesa onde não falta o essencial para um jantar de consoada, o meu pensamento voa para os sem-abrigo, os desprotegidos da sorte, os pobres, os excluídos da sociedade, para os desempregados a quem falta o trabalho e para todos os que vivem numa pobreza envergonhada e a passar fome. Para todas estas pessoas que se encontram feridas na sua dignidade, a noite de consoada foi certamente diferente da minha. Se a riqueza do país fosse equitativamente distribuída por todos não existiria um fosso tão grande entre ricos e pobres. Os bens que há na Terra e são necessários à sobrevivência das pessoas não são propriedade absoluta de ninguém e existem para que todos possam usufruir deles. Se fossem bem distribuídos não se registariam situações de fome. Só que uns têm de mais e dão-se ao luxo de desperdiçar o que faz falta a outros que por vezes morrem de desnutrição. Alguns destes casos só pela partilha e solidariedade de todos se conseguem resolver.
2-Enquanto para algumas pessoas, cristãos e não todos , o Natal tem a ver com o nascimento do Menino -Jesus e por isso se constrói o presépio e se colocam nele as figuras que lhe estão associadas , para outras , talvez a maioria, a figura em destaque é o Pai -Natal importado da Lapónia e que nada tem a ver com a tradição cristã. Uma festa tão bonita e tão rica de significado está assim a ser destruída pelo modernismo pagão que não joga bem com a nossa cultura de raiz cristã. Por este andar as crianças acabam por escolher como figura central desta quadra festiva o Pai Natal e relegar para segundo plano o presépio.
3-Outra nota que caracteriza o Natal é a oferta de lembranças. Na minha infância eram apenas as crianças que tinham direito a presentes. Bastava um pequeno livro de contos, uma peça de vestuário ou até um chocolate, deixados no canto da chaminé, para nos sentirmos felizes. Agora ,ninguém é esquecido nem mesmo os adultos. E nas famílias com mais recursos não se dá à criança apenas um brinquedo mas vários e por vezes dos mais sofisticados. Decorridas algumas semanas a maior parte desses objectos vão parar ao sótão da casa e aí ficam esquecidos. Estes gastos e desperdícios não se encaixam bem no momento de crise em que vivemos nem tão pouco com o significado do Natal em que o Menino-Jesus nasceu pobre num humilde presépio em Belém. O que verdadeiramente conta para Deus não é o poder nem a riqueza mas a solidariedade e a partilha. Nada melhor para terminar do que as palavras do Papa bento XVI numa das suas recentes homilias : “ O Natal converteu-se hoje numa festa de comércio em que as luzes ofuscantes escondem o mistério da humanidade de Deus que nos convida à humildade e à simplicidade. “
FRANCISCO JOSÉ SANTIAGO MARTINS
. UMA BREVE HISTÓRIA DA IGU...
. A SABEDORIA EM TEMPO DE C...
. O HOMEM EM BUSCA DE UM SE...
. A arte de viver em Deus- ...
. OS GRANDES FILÓSOFOS: HUM...