1-O dr. Marinho Pinto é um homem sem papas na língua, capaz de dizer a verdade mesmo que isso incomode muita gente. Os temas jurídicos são o seu campo de eleição mas por vezes também se mete a comentar outros assuntos pelo prazer de criticar. Vem isto a propósito de um artigo da sua autoria publicado no Jornal de Notícias de 22-08-2011 e que tem por título: “ Nenhum deus é falso “ O título despertou a minha curiosidade e acabei por ler o texto. O dr. Marinho Pinto aproveitou a visita de Bento XVI a Espanha para denegrir e dizer mal da Igreja que ele designa por vaticanista e do poder. Fazendo uso da sua memória fotográfica recorda os pontos mais negros da Igreja: Reforma e Contra Reforma , perseguições da Inquisição e todas as proibições( as palavras são dele), que a afastam da modernidade. Falou ainda de posturas rigidamente vinculantes da hierarquia da Igreja Católica relativas ao uso dos preservativos, ao aborto, ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, matérias que, segundo ele, dizem respeito a toda a sociedade e não só à Igreja Católica. Refere ainda que a Igreja tem todo o direito de se manifestar em espaços públicos mas para isso tem de aceitar as contramanifestações desde que umas e outras sejam pacíficas. Atacou ainda a aproximação demasiada entre a Igreja e o Estado que pode levar ao anticlericalismo e ao fanatismo.
Sobre as críticas de MP diria o seguinte:
1-A Igreja Católica é feita de seres humanos e como tal está sujeita a cometer erros que por vezes nos chocam e suscitam a nossa indignação. Mas para quem é cristão o mais importante é a mensagem de Jesus contida nos Evangelhos e não tanto o comportamento deste ou daquele padre, bispo ou até do Papa.
2-A doutrina da Igreja Católica pauta-se por princípios e por valores éticos como por exemplo o “direito à vida “ e por isso não é de estranhar que haja comportamentos ou atitudes reprováveis. Se fosse permitido tudo, inclusivamente o uso indiscriminado dos preservativos, tal poderia ser entendido como um incentivo à libertinagem e à depravação sexual. Abrir o caminho à permissividade e ao “ vale tudo “ seria descaracterizar a Igreja. O caminho para Deus é o da “ porta estreita e não o da porta larga “. O Evangelho é bem claro : “ Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos “ .
3-A Igreja ou qualquer movimento religioso ou leigo , tem todo o direito de se manifestar em espaços públicos e de aceitar as contramanifestações. Só que ninguém tem o direito de usar a violência ou meios insultuosos para impedir a realização de uma manifestação . A tolerância e o civismo também se devem aplicar aos contramanifestantes.
4-Concordo e sou de opinião que o Papa quando visita as comunidades religiosas espalhadas pelo Mundo o deveria fazer como simples representante de Cristo na Terra e não como o chefe do Estado do Vaticano. Por isso seria recomendável que nas festas de recepção e de acolhimento ao Papa se evitasse o despesismo, o luxo e o espavento. Não faz sentido que se gastem milhões quando há tanta gente no Mundo a morrer à fome.
5-No fim do texto MP diz o seguinte : “ na humildade do meu ateísmo descobri, há muito, que todos os deuses são verdadeiros “ Ora parece haver aqui uma contradição. Se um ateu é uma pessoa que não acredita em Deus como pode MP afirmar que todos os deuses são verdadeiros. Aqui , como se costuma dizer , meteu o pé na argola. A não ser que ironicamente queira significar que nenhum deus existe. Uma coisa é certa é que MP não é um ateu para quem a religião é indiferente. Diria que é um ateu militante que perde tempo a analisar assuntos religiosos certamente para arranjar prosélitos para a sua causa. E se as suas opiniões no plano jurídico são muito contestadas, quando se mete por caminhos que não são da sua competência é natural que a polémica seja ainda maior. Mas talvez esteja a exagerar, pois nem todos ligam ao que o MP escreve ou diz. De qualquer forma apetece-me dizer como o pintor Apeles : “Não suba o sapateiro além da chinela “
Francisco José Santiago Martins
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