Está a decorrer em Trancoso e prolonga-se até domingo dia 21 a feira anual de São Bartolomeu. Sobre a história desta conhecida e antiga feira passo a transcrever algumas passagens do livro “ Feiras Medievais Portuguesas “ de Virgínia Rau, editorial Presença:
“Trancoso teve carta de feira dada por D. Afonso III, em 8 de Agosto de 1273. Nela mandava o soberano que se fizesse feira na sua vila, todos os anos, devendo começar oito dias da festa S. Bartolomeu, em Agosto, e durar quinze dias. Em 1304 continuava a fazer-se esta feira anual em Trancoso, pois na carta de feira mensal concedida a Trevões, em 10 de Abril desse ano, se exceptua o mês de Agosto por nele se fazer a feira de Trancoso.
Pouco tempo depois, em 15 de Abril de 1306, D. Dinis mandou fazer feira em Trancoso, todos os meses, a começar três semanas andadas cada mês e durar três dias. Os privilégios são idênticos aos da carta de feira anual dada por D. Afonso III.
Sete anos passados, em 1313, Trancoso estava em contenda com o Sabugal por causa da duração das suas feiras. O concelho de Trancoso apelou para el-rei, e obteve de D. Dinis, por carta de 27 de Janeiro de 1314, a confirmação de todos os privilégios da sua feira e a mercê de que nenhuma localidade vizinha pudesse fazer feira enquanto durasse a de Trancoso.
Rapidamente prosperou a feira grande da vila, e parece ter sido muito concorrida nos meados do século XIV ; os judeus que nela viviam recebiam pelo aluguer das suas casas, durante o tempo da feira, o mesmo que num ano inteiro.
D. Pedro I, por carta de 1 de Fevereiro de 1365, proibiu que o corregedor e a sua “ companha “ estivessem em Trancoso durante a feira, e se aí tivessem de ir “ correger ou fazer liuvramento sobre alguas cousas “ que o fizessem noutro tempo do ano.
A feira anual de Trancoso foi uma das mais importantes da Beira, as suas regalias e privilégios serviram de base a instituição de feiras franqueadas, como as de Bragança, de 1383 e 1392 ,da Covilhã de 1411, e outras. Pode dizer-se que antes do aparecimento do tipo da carta de Tomar de 1420, a feira de Trancoso era o modelo seguido pela chancelaria joanina para a instituição de feiras francas.
A prosperidade da feira tinha como inevitável consequência estimular a assiduidade do corregedor da Beira e da sua companha. Não obstante as providências tomadas por D. Pedro em 1365, eles tinham voltado a agravar os feirantes e os moradores de Trancoso. Foi necessário que D. João I por carta de 13 de Agosto de 1407, a pedido do concelho e dos homens bons da vila , ordenasse também que o corregedor da Beira e os seus ajudantes, quando tivessem de correger ou fazer Livramento na vila “ que chegueres hi e stedes hi ante que se a dicta feira faça dois meses e depois que a dicta feira for acabada huu mês e mais nom pera fazerdes hi uossa correiçom “
A 19 de Março desse mesmo ano de 1407 foi passado outro diploma régio dando satisfação a mais um pedido do concelho de Trancoso, feito possivelmente na mesma ocasião que o antecedente. Desta feita os queixumes eram motivados pelos cavaleiros , escudeiros e outras pessoas poderosas que vinham à feira fazer compras. Lastimava-se o concelho de que, em vez de pousarem na vila, eles iam hospedar-se nas aldeias do termo, onde faziam muito dano “ nos paaes e nos vinhos e muyto nojo “ aos moradores das ditas aldeias, prejudicando também os da vila, que com isso não alugavam as suas casas como deviam. Atendeu D. João o pedido que lhe foi feito, e mandou que quando “ taes pessoas “ viessem à feira se alojassem na vila e não no termo, mas isso só durante o tempo da feira.
Em 1459, ainda a feira de Trancoso era muito frequentada, não obstante o concelho se queixar da sua decadência nos seis capítulos especiais apresentados nas cortes de Lisboa desse ano, capítulos que, através das protecções que solicitam, demonstram quanto a feira era ainda importante nessa data.
Por esta resenha se pode ver a importância que a Feira de São Bartolomeu teve no passado. Hoje deixou de ser uma feira de gado para assumir uma feição mais moderna e abrangente: exposição de várias actividades económicas com espectáculos e divertimentos para todas as idades e gostos.
Está a decorrer em Trancoso e prolonga-se até domingo dia 21 a feira anual de São Bartolomeu. Sobre a história desta conhecida e antiga feira passo a transcrever algumas passagens do livro “ Feiras Medievais Portuguesas “ de Virgínia Rau, editorial Presença:
“Trancoso teve carta de feira dada por D. Afonso III, em 8 de Agosto de 1273. Nela mandava o soberano que se fizesse feira na sua vila, todos os anos, devendo começar oito dias da festa S. Bartolomeu, em Agosto, e durar quinze dias. Em 1304 continuava a fazer-se esta feira anual em Trancoso, pois na carta de feira mensal concedida a Trevões, em 10 de Abril desse ano, se exceptua o mês de Agosto por nele se fazer a feira de Trancoso.
Pouco tempo depois, em 15 de Abril de 1306, D. Dinis mandou fazer feira em Trancoso, todos os meses, a começar três semanas andadas cada mês e durar três dias. Os privilégios são idênticos aos da carta de feira anual dada por D. Afonso III.
Sete anos passados, em 1313, Trancoso estava em contenda com o Sabugal por causa da duração das suas feiras. O concelho de Trancoso apelou para el-rei, e obteve de D. Dinis, por carta de 27 de Janeiro de 1314, a confirmação de todos os privilégios da sua feira e a mercê de que nenhuma localidade vizinha pudesse fazer feira enquanto durasse a de Trancoso.
Rapidamente prosperou a feira grande da vila, e parece ter sido muito concorrida nos meados do século XIV ; os judeus que nela viviam recebiam pelo aluguer das suas casas, durante o tempo da feira, o mesmo que num ano inteiro.
D. Pedro I, por carta de 1 de Fevereiro de 1365, proibiu que o corregedor e a sua “ companha “ estivessem em Trancoso durante a feira, e se aí tivessem de ir “ correger ou fazer liuvramento sobre alguas cousas “ que o fizessem noutro tempo do ano.
A feira anual de Trancoso foi uma das mais importantes da Beira, as suas regalias e privilégios serviram de base a instituição de feiras franqueadas, como as de Bragança, de 1383 e 1392 ,da Covilhã de 1411, e outras. Pode dizer-se que antes do aparecimento do tipo da carta de Tomar de 1420, a feira de Trancoso era o modelo seguido pela chancelaria joanina para a instituição de feiras francas.
A prosperidade da feira tinha como inevitável consequência estimular a assiduidade do corregedor da Beira e da sua companha. Não obstante as providências tomadas por D. Pedro em 1365, eles tinham voltado a agravar os feirantes e os moradores de Trancoso. Foi necessário que D. João I por carta de 13 de Agosto de 1407, a pedido do concelho e dos homens bons da vila , ordenasse também que o corregedor da Beira e os seus ajudantes, quando tivessem de correger ou fazer Livramento na vila “ que chegueres hi e stedes hi ante que se a dicta feira faça dois meses e depois que a dicta feira for acabada huu mês e mais nom pera fazerdes hi uossa correiçom “
A 19 de Março desse mesmo ano de 1407 foi passado outro diploma régio dando satisfação a mais um pedido do concelho de Trancoso, feito possivelmente na mesma ocasião que o antecedente. Desta feita os queixumes eram motivados pelos cavaleiros , escudeiros e outras pessoas poderosas que vinham à feira fazer compras. Lastimava-se o concelho de que, em vez de pousarem na vila, eles iam hospedar-se nas aldeias do termo, onde faziam muito dano “ nos paaes e nos vinhos e muyto nojo “ aos moradores das ditas aldeias, prejudicando também os da vila, que com isso não alugavam as suas casas como deviam. Atendeu D. João o pedido que lhe foi feito, e mandou que quando “ taes pessoas “ viessem à feira se alojassem na vila e não no termo, mas isso só durante o tempo da feira.
Em 1459, ainda a feira de Trancoso era muito frequentada, não obstante o concelho se queixar da sua decadência nos seis capítulos especiais apresentados nas cortes de Lisboa desse ano, capítulos que, através das protecções que solicitam, demonstram quanto a feira era ainda importante nessa data.
Por esta resenha se pode ver a importância que a Feira de São Bartolomeu teve no passado. Hoje deixou de ser uma feira de gado para assumir uma feição mais moderna e abrangente: exposição de várias actividades económicas com espectáculos e divertimentos para todas as idades e gostos.
Francisco José Santiago Martins
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