A crise e as crises segundo Mário Soares
1-Segundo o dr. Mário Soares, num artigo publicado na revista “ Visão “, a crise do nosso país e a crise global têm a ver fundamentalmente com o seguinte: notação desfavorável das agências de rating, capitalismo de casino e a orientação neoliberal do novo Governo.
É verdade que o primeiro-ministro Passos Coelho sempre se assumiu como um homem de direita e no seu pensamento político esteve sempre presente a teoria do “ quanto menos Estado melhor “, ou seja, as privatizações são para se fazerem e o mais cedo possível. Por isso não fiquei surpreendido quando foi anunciado que vão ser privatizadas importantes empresas como a TAP, os CTT, a REN, as Águas, etc. Não compreendo, porém, por que razão os CTT que dão lucros e prestam bons serviços aos cidadãos têm de ser privatizadas. A TAP sendo uma empresa emblemática que faz a ligação com comunidades lusófonas como o Brasil e a África devia ser reorganizada de modo a dar lucro ou reduzir os prejuízos a um mínimo aceitável. Por outro lado todas estas privatizações vêm numa má altura e vão certamente ser vendidas ao desbarato. Vão-se os anéis e ficam os dedos.
As agências de rating são pagas, como se sabe, para que os capitalistas tirem o máximo lucro dos investimentos que fazem. Ao classificarem mal sobem os juros e aumentam os lucros.
O capitalismo de casino que levou à falência de muitos bancos ainda hoje se pratica quando se mobilizam pensões de reforma para investimento de alto risco pondo em jogo o futuro de muita gente.
As críticas do dr. Mário Soares ao actual Governo são pertinentes sobretudo quando diz que estão a ser atingidas as classes média/baixas e os pobres . Se é verdade que algumas medidas de austeridade ultrapassaram o exigido pela troika, outras resultaram de um acordo assinado pelos representantes dos principais partidos ( PS, PSD e CDS ). Se o PS fosse Governo e o dr- Mário Soares primeiro-ministro a situação actual não seria substancialmente muito diferente. Não me parece, também, que tivesse força suficiente para impor um novo paradigma económico à Europa conduzindo-a para uma via solidária e federalista.
2-Mas a crise no nosso país não tem apenas a ver com os factos atrás apontados. Na sua origem está ( last but not least) um défice orçamental que sucessivos Governos não foram capazes de controlar. Temos andado há vários anos a brincar com o fogo e a gastar mais do que podemos, adiando para as calendas gregas as reformas estruturais da Administração Pública. E o resultado está à vista com uma dívida pública a subir para níveis assustadores. Durante os próximos anos estaremos a trabalhar para pagar juros e amortizar a dívida. E se não forem criadas condições para estimular o crescimento económico caminharemos a passos largos para o abismo. Infelizmente não é só Portugal que está em apuros. Há outros países como a Espanha e a Itália que também estão em maus lençóis e a necessitar de ajuda . A doença é a mesma um pouco por todo o lado - o défice descontrolado das contas públicas. Nos Estados Unidos , país que sempre inspirou confiança no mundo financeiro o desequilíbrio orçamental é de tal ordem que obrigou recentemente ao alargamento da dívida pública para não caírem em incumprimento.
O panorama que estamos a ver é muito sombrio e não augura nada de bom. Há povos em África que estão a morrer à fome e o desemprego tem tendência para aumentar em todos os continentes. Se não forem tomadas medidas que imponham regras aos mercados financeiros e se o mercado global não se submeter a norma éticas respeitando os direitos dos trabalhadores, o Mundo caminhará inevitavelmente para uma recessão de consequências imprevisíveis.
Francisco Martins
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