1-Apreensão é o sentimento da generalidade das pessoas perante a crise que estamos a viver. Como é possível que em 2007 /2008 o défice orçamental estivesse dentro dos limites recomendados ( 3% ) e a partir daí começasse a disparar até atingir os 9% nas contas de 2010. Nas comemorações do 25 de Abril alguns ex-presidentes da República referiram que a culpa não pode ser atribuída exclusivamente aos políticos mas também aos cidadãos. É um facto que muita gente, iludida pela publicidade enganosa, se endividou, recorrendo ao crédito para comprar casa, carro e até bens por vezes supérfluos. Os Bancos que entusiasmaram as pessoas a gastar acabaram por ser também atingidos pelo crédito malparado.
Estes casos devem ser tidos em conta no endividamento externo mas a origem do grande descalabro a que chegámos tem a ver com as políticas erradas que foram seguidas nos últimos anos. Quando um país gasta mais do que aquilo que produz, os resultados não se fazem esperar. As grandes obras públicas e as parcerias público - privadas foram sem dúvida o cancro que mais contribuiu para o défice orçamental. Não obstante esta evidência, ainda há partidos como o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista (PC) que insistem na construção do TGV, para não falar do Partido Socialista ( PS). O país precisa é de investir em obras que tragam retorno e empurrem para o crescimento económico.
2-Enquanto a troika FMI, CE e BCE passaram o tempo a ouvir políticos e a traçar planos de austeridade para aplicar no futuro, o PSD e o PS aproveitaram para lançar diatribes e provocações. Em vez de fazerem o trabalho de casa estudando as estratégias que serviriam de proposta ao FMI preferiram o ataque recíproco, deixando em antevisão o que vai ser a próxima campanha eleitoral. O BE e o PCP, numa atitude de completa irresponsabilidade, recusaram-se a falar com a equipa que se encontra em Portugal a avaliar a situação económica e financeira do país, pois dessa avaliação dependia a ajuda que o Governo solicitou. Mas não é com soluções de boca e utopias que se resolvem os problemas do país. Sabia-se que a ajuda externa era absolutamente necessária e que sem ela teríamos a bancarrota. Agora o que mais importa é não voltarmos a repetir os erros do passado e, aproveitando bem os recursos e sinergias que possuímos, sermos capazes de dar a volta à situação.
3-Dentro de poucas semanas irá começar a campanha eleitoral. Mas quer os partidos queiram quer não, o programa vai ser marcado e condicionado pelas medidas impostas pela equipa que nos vai emprestar o dinheiro para resgatar a nossa dívida pública. O que os partidos vão dizer é mais ou menos previsível. O PS vai acusar o PSD de ter desencadeado a crise provocando eleições antecipadas -afinal o PEC4 não era assim tão mau e as medidas impostas pela troika são ainda mais gravosas para os portugueses. O PSD vai dizer que o país estava ingovernável e só o pulso forte do FMI seria capaz de restabelecer a confiança nos mercados financeiros internacionais. Muitos eleitores irão pensar que o PEC4 resolveria de maneira mais prática as necessidades imediatas do país, evitando os gastos e o desgaste de novas eleições, cujas consequências são imprevisíveis. Tudo pode acontecer inclusivamente uma nova vitória do PS pois o PSD ainda não apresentou qualquer ideia ou programa capaz de mobilizar o eleitorado. Provavelmente nenhum partido terá uma maioria absoluta o que irá agravar ainda mais uma situação, já de si complicada. Só um Governo de dois ou mais partidos, o mais abrangente possível, poderá dar ao país a estabilidade necessária nos próximos anos. Caberá ao Presidente da República fazer todos os esforços para que essa solução seja uma realidade.
FRANCISCO JOSÉ SANTIAGO MARTINS
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