A África é sem dúvida o continente onde há mais instabilidade social e política Não é fácil manter a unidade , num clima de paz , em países de grande diversidade cultural, religiosa e étnica. Todos estes factores contribuem para que ditadores militares, ou civis sem escrúpulos se apropriem do poder por tempo indeterminado. Muitos deles servem-se da riqueza do Estado em benefício próprio, no mais completo desprezo pelo povo que vive na miséria.
O primeiro país a vir para a rua em sinal de protesto foi a Tunísia. As imagens de televisão mostraram-nos milhares de jovens, muitos deles com cursos universitários, que reclamam emprego e melhores condições de vida. Sabe-se que os bens essenciais como o pão subiram consideravelmente e a fome começou a fazer parte do quotidiano, perante a insensibilidade dos governantes. A onda de protesto foi de tal ordem que o presidente Bem Ali, incapaz de controlar a situação não teve outro remédio senão fugir.
No Egipto a revolução veio também para a rua. O presidente Mubarak, outro ditador que se encontrava no poder há quase 30 anos, apesar de ter resistido, durante alguns dias, acabou por sair. Embora neste país se tenham feito algumas obras de desenvolvimento, a verdade é que também aqui subsistem os problemas derivados do desemprego e do aumento do custo de vida. Tal como na Tunísia a juventude não vê qualquer perspectiva de esperança no futuro. Na praça Tahrir no Cairo vêem-se todos os dias milhares de pessoas que não arredam pé e lutam por um Estado mais democrático e mais atento aos problemas dos cidadãos.
Estas duas revoluções poderão ser o rastilho que propague o fogo a outros países de África e do Médio Oriente. Em regime ditatorial e de violação grave dos direitos humanos podemos citar entre outros os seguintes Estados : Líbia, Argélia, Sudão, Síria, Jordânia, Arábia Saudita, Iémen e Mauritânia. Os chefes de Estado destes países ou são monarcas ou ditadores que se mantêm no poder há longos anos e põem e dispõem sem dar cavaco ao povo que não é tido nem achado nas políticas governativas. Até parece que estamos ainda na Idade Média em que o Rei era considerado um representante de Deus na Terra e não tinha que dar satisfações a ninguém.
A História diz-nos que os períodos de repressão e de ditadura acabam quase sempre por criar uma nova ordem política e institucional. O caminho mais lógico seria a transição para um regime democrático e de respeito pelos Direitos do Homem. Mas infelizmente não aconteceu assim no Irão onde a queda do rei deu origem a uma república teocrática em que a Lei islâmica ( sharia ) domina e controla todos os actos do Estado. Aqui não há lugar para o cristianismo nem para outras confissões religiosas. O cidadão muçulmano que se converta a outra religião é acusado de apostasia e pode ser condenado à morte. A liberdade de expressão de pensamento é outro direito que não existe no Irão. Estamos assim confrontados com um regime altamente opressor e fundamentalista.
Será uma incógnita adivinhar como vai evoluir a situação política na Tunísia e no Egipto. Sabemos que no Egipto existe um partido denominado Irmandade Muçulmana com ramificações em 70 países muçulmanos. Este partido, segundo reportagem da Revista Visão, já se fez ouvir na praça Tahrir com gritos de “ Alá é grande “ e ainda com palavras de ordem contra a América e Israel. Há também um homem que foi Nobel da Paz 2005 e se chama Mohamed El Baradei, que poderá formar um governo de unidade nacional e até encaminhar o país para uma verdadeira democracia. Resta saber quem terá mais força numas eleições livres e democráticas. Esta é uma situação que irá preocupar os países livres do Ocidente nomeadamente a UE e os EUA.
O Estado de Israel irá também acompanhar com ansiedade a situação no Norte de África. Se já tinha um inimigo declarado que era o Irão a partir de agora poderão ter que defrontar um número maior. Tudo depende como a situação política evoluir Esperemos que prevaleça o bom senso e que a UE e os Estados Unidos ajudem a Tunísia e o Egipto numa transição pacífica para a democracia.
Francisco José Santiago Martins
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