Para que servem as eleições ? Esta pergunta é o título de um texto que o Prof. Freitas do Amaral escreveu para a Revista “ Visão “ . A pergunta é pertinente pois muitas pessoas pensam num homem providencial que, uma vez eleito irá resolver os problemas do país. Por sua vez alguns candidatos fazem demagogia e prometem aquilo que não podem cumprir. A verdade é que o Presidente da República não pode governar nem interferir na esfera governativa. Apesar disso os poderes do Chefe do Estado são ainda consideráveis . Entre outros destacava os seguintes : dissolução do Parlamento sempre que seja necessário para garantir o regular funcionamento das instituições democráticas ;vetar diplomas com os quais não concorde embora não possa impedir a sua promulgação sempre que sejam aprovados uma segunda vez no Parlamento ; enviar mensagens ao país e ouvir o Conselho de Estado quando as circunstâncias o exigirem. Como o chefe do Estado é eleito por sufrágio directo e universal tem toda a legitimidade para aconselhar e ser árbitro imparcial em situações de conflito e de crise.
As eleições presidenciais são importantes pois no momento actual de crise é necessário escolher uma pessoa experiente que dê a estabilidade necessária ao país. Os problemas que enfrentamos não se resolvem com guerras e ataques recíprocos mas através de consensos alargados entre partidos. Pelo que me foi dado ver e ouvir nos órgãos de comunicação social , os candidatos gastaram mais tempo a criticar os opositores do que a defender ideias e projectos viáveis para o futuro do país ou a definir programas de orientação política.
Irei agora analisar os diferentes candidatos que concorrem às eleições presidenciais.
Da Madeira chegou-nos o candidato José Manuel Coelho que é o bobo satírico e brincalhão destas eleições presidenciais. Pelo meio vai dizendo algumas verdades mas o seu objectivo não é ganhar as eleições mas fazer rir os portugueses. Digamos que é o Tiririka português.
Defensor Moura procurou tirar partido dos socialistas que não se revêem no candidato Manuel Alegre. De qualquer forma a sua influência não irá muito além do Norte do país e do apoio dos amigos que o conhecem. É uma candidatura par dividir ainda mais os votos de esquerda.
Francisco Lopes é o candidato natural do Partido Comunista que nestas ocasiões aproveita para fazer campanha política e testar o número de votos nas urnas. Mas o que se trata nestas eleições é de escolher o presidente de todos os portugueses e não o candidato de uma facção partidária. Concordo também com ele nas críticas que fez à nacionalização do BPN . A melhor solução seria garantir apenas os depósitos à ordem e a prazo. Deste modo acabamos todos por pagar aquilo que deveria ser da exclusiva responsabilidade dos gestores e ladrões que através de fraudes levaram o banco à falência.
Fernando Nobre é um candidato impoluto que tem passado a vida ao serviço dos outros em acções humanitárias. É um homem de princípios e valores éticos mas falta-lhe um pouco de experiência política para exercer um cargo de tamanha responsabilidade. Esteve impecável nesta campanha não atacando ninguém e defendendo apenas os seus pontos de vista. Só por isso merecia ser presidente. A realidade e a experiência diz-nos que um candidato sem apoios partidários tem poucas hipóteses de ganhar as eleições.
Manuel Alegre tem a desvantagem de ser o candidato do BE ,um dos partidos que mais tem atacado o Governo. Chegou mesmo a votar colado ao BE no Parlamento tomando posições contrárias às da bancada socialista. Fez também críticas à acção governativa que não foram bem aceites por alguns socialistas. É por isso um candidato fracturante dentro do PS, que alinha por posições mais radicais..
Cavaco Silva foi o alvo mais atacado nesta campanha eleitoral. O facto de ter comprado e vendido, com lucro considerável, acções da SLN que estava ligada ao BPN, não o deixou ficar muito bem na fotografia. Foi atacado por todos os candidatos de esquerda e os esclarecimentos que prestou foram muito evasivos deixando a pairar no ar muitas dúvidas. Durante o mandato presidencial foi levantada a questão polémica das escutas telefónicas que provocaram a reacção do partido socialista e as críticas de muitos comentadores políticos. A promulgação do diploma que permitiu o casamento dos casais homossexuais não caiu bem no seio da Igreja católica e provocou também algum descontentamento e críticas.
As eleições estão aí e as sondagens apontam para uma vitória de Cavaco Silva . Será que vai ganhar à primeira volta ? É uma incógnita mas em todas as eleições anteriores houve sempre uma reeleição do presidente em funções. Ganhe quem ganhar seria bom que houvesse apenas uma volta para evitar custos adicionais. Esperemos que a afluência às urnas seja grande e tudo se resolva de uma só vez. Os eleitores agradecem e as finanças públicas só teriam a lucrar.
FRANCISCO JOSÉ SANTIAGO MARTINS
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