Longe vai o tempo em que o professor mandava na escola. Lembro-me do mestre ensinar com autoridade ( magister dixit ) por vezes despejando conhecimentos que os alunos tinham que empinar . A criatividade e a liberdade dentro da sala de aulas eram praticamente nulas, pois o professor falava quase sempre “ ex cathedra “ sem interagir com os alunos. O diálogo e a comunicação, como método de trabalho, ou não existiam ou eram uma excepção à regra. Para manter a disciplina, corrigir erros e estimular o trabalho recorria-se por vezes à régua e à vara. E não era só na escola primária. Recordo que no meu 5º ano do liceu um professor de História recorria à chapada para avivar a memória dos alunos. No seminário, que também frequentei , conheci um padre , que usava as mãos para meter na cabeça dos alunos as declinações latinas. Havia também os padres designados por prefeitos que fiscalizavam atentamente as salas de estudo e eram pródigos a dar murros aos alunos que não se sentavam direitos nas carteiras. Chamava-se a isto disciplina escolástica em que o actor principal nas salas de aula era o professor.
Hoje deu-se uma rotação de 360º e virou-se a escola de pernas para o ar. Do 8 passou-se ao 80. Os alunos mandam na sala de aulas e fazem o lhes vai na real gana. Brigam e insultam-se uns aos outros e até se dão ao luxo de agredir os professores. Afinal o que está na origem da indisciplina nas escolas ? Será possível manter a ordem sem recorrer ao castigo ?
Antes de mais é preciso não esquecer que a educação deve começar em casa com os pais. Se não há ordem nem respeito em família também não podemos esperar que isso aconteça na escola. Os bons pais não são os permissivos ou sejam os que deixam fazer tudo aos filhos. Também não são bons pais os que não se interessam pelo que se passa na escola nem pelo aproveitamento escolar dos educandos. O laxismo, o deixa andar, não é forma recomendável para quem educa.
Na escola há que reconhecer ao professor a autoridade para impor a disciplina na sala de aulas. Isso de forma alguma implica o recurso ao castigo físico. Os desvios comportamentais deverão ser comunicados em primeiro lugar à família. Os pais que não aceitem as recomendações dos professores e vivam à margem da escola deveriam ser penalizados. Uma das sanções a aplicar seria , por exemplo. o corte do abono de família. Nos casos mais difíceis haverá sempre o recurso ao psicólogo escolar que acompanhará os alunos de forma a encontrar as soluções mais adequadas para cada caso. Poderá mesmo haver turmas especiais para os casos mais complicados evitando a indisciplina nas aulas que prejudica quase sempre os alunos mais aplicados.
Nos intervalos das aulas impõe-se que os empregados e até mesmo os professores observem o comportamento dos alunos. Assim, evitar-se-iam agressões pessoais e actos de violência.
É um facto que a exclusão social pode originar casos de agressividade, de rebeldia à ordem e ao bom funcionamento da Escola. Mas tudo se consegue resolver com o apoio social e psicológico. Na década de cinquenta do século passado muitos alunos que frequentavam as escolas eram oriundos de famílias pobres e eram raros os casos de violência e de falta de respeito aos professores. Não havia como hoje estatutos - para alunos e professores- e a escola funcionava sem grandes problemas.
Uma coisa que é preciso rever e ter na devida conta é o conceito de escola. A escola não deve apenas transmitir conhecimentos mas educar. É preciso que os alunos sejam formados segundo princípios cívicos e éticos. É necessário que aprendam a respeitar e ajudar os mais idosos ou os que por doença ou acidente tenham deficiências físicas ou psíquicas. Tudo isto é fundamental se quisermos preparar os alunos para a vida e construir uma sociedade mais sã.
FRANCISCO MARTINS
. O TEMPO VOA ( Tempus fugi...
. UCRÂNIA EM GUERRA E EUROP...
. DEUS , A CIÊNCIA, AS PROV...
. A ESCOLA DA ALMA- Da form...
. LIBERDADE E IGUALDADE- O ...
. DESMASCULINIZAR A IGREJA ...