O Papa Bento XVI escolheu este ano para o Dia Mundial da Paz ( 1 de Janeiro ) as questões relacionadas com o meio ambiente. A sua mensagem para o Ano Novo tem como tema : “ Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação. “
Quem é crente reconhece que a Terra foi criada por Deus para que todos os homens e todos os povos possam fruir os seus bens e apreciar as suas belezas. Mas tal só é possível se for respeitada a Natureza , garantindo o equilíbrio ecológico e a biodiversidade. O Universo que tantas vezes nos deslumbra e nos causa espanta e admiração, obedece a leis que é preciso respeitar. Tudo o que seja um desvio às regras do equilíbrio e do bom senso pode trazer danos irreparáveis para a Humanidade.
O Papa na sua mensagem alerta para os perigos que ameaçam a Paz e que são devidos por um lado à “ desumanidade do homem para com o seu semelhante – guerras, conflitos internacionais e regionais, actos terroristas e violações dos direitos humanos- e por outro ao “ desleixo, se não mesmo ao abuso em relação à terra e aos bens naturais que Deus nos concedeu .”
Embora as guerras e conflitos sejam factores que perturbam a paz, num futuro próximo, e se nada for feito, a produção descontrolada de CO2 irá tornar impossível a vida no nosso planeta. A subida de 3º c da temperatura do globo irá trazer alterações climatéricas com reflexos a vários níveis : inundações, em vários países e em zonas costeiras devido ao descongelamento dos gelos polares ; secas prolongadas em várias regiões que irão desertificar ; desaparecimento de certas espécies animais que não vão conseguir adaptar-se à novas alterações ambientais.
Mas as agressões ao meio ambiente não ficam por aqui. A criação intensiva de animais para consumo vai também aumentar os níveis de CO2 . Por incrível que pareça a criação de gado em todo o mundo produz 18 % dos gases poluentes enquanto os transportes atingem um valor mais baixo, ou seja, 14% . O uso e abuso de pesticidas e herbicidas vai também poluir os lençóis de água tornando-a imprópria para consumo.
Há aqui , portanto, matéria para muita reflexão. O crescimento económico tem de ter limites, pois se não afrouxar as reservas naturais irão esgotar-se. É um facto que os combustíveis fósseis não vão durar sempre. Também ninguém contesta que todos os povos têm direito a um nível de vida aceitável. O que não pode haver é consumos exagerados e desperdícios pois os recursos do planeta não são infinitos.
Em certas regiões de África onde não chove há muito tempo as populações deslocam~se para as cidades e até mesmo para a Europa à procura de condições que lhes permitam sobreviver. Enquanto isso a China e os Estados Unidos que são os países mais poluentes não encontram forma de chegar a um acordo que fixe metas e taxas a atingir. A cimeira de Copenhaga foi um autêntico fracasso e os discursos não passaram de um rosário de boas intenções sem que deles surgisse qualquer decisão de carácter vinculativo.
Será que no futuro irá haver entendimento para resolver os problemas ecológicos ? O Papa Bento XVI diz na sua mensagem que “ A comunidade internacional tem o imperioso dever de encontrar as vias institucionais para regular a exploração dos recursos não renováveis, com a participação também dos países pobres, de modo a planificar o futuro. A crise ecológica manifesta a urgência de uma solidariedade que se projecta no espaço e no tempo. “ Podemos concluir das palavras do Papa que embora sejam os países industrializados os mais responsáveis pela poluição, os países emergentes não podem ficar de fora,pois as medidas de protecção do ambiente cabem a todos sem excepção.
Se é fácil fazer diagnósticos sobre a crise ecológica o mais difícil é tomar as medidas adequadas para inverter a situação. Todos concordam que a economia não pode crescer descontroladamente e que o desenvolvimento tem que ser sustentável. Não faz sentido desflorestar grandes áreas, como está a acontecer na Amazónia , para aproveitamento agrícola ou pecuário ou até mesmo para vender madeiras preciosas. Trata-se de um verdadeiro crime de consequências irreparáveis que qualquer governo tem o dever de combater.
É necessário que também que se evite o consumismo exagerado que muitas vezes potencia formas intensivas de exploração agrícola, pecuária e até piscatória. No mar há certas espécies, como o bacalhau, que correm o risco de desaparecer se o consumo actual se mantiver.
Na sua mensagem de Ano Novo o Papa aconselha ainda as pessoas a adoptarem novos estilos de vida que determinam as opções de consumo, de poupança e do investimento.
Melhorar as condições de vida do planeta através da sensibilização é uma tarefa que diz respeito não só às organizações governamentais e não-governamentais mas segundo o princípio da subsidariedade a todos e a cada um em particular. Para que haja paz é fundamental que as questões ambientais não sejam adiadas “ ad aeternum “ e que haja um empenhamento e uma preocupação de todos em manter o equilíbrio ecológico
FRANCISCO MARTINS
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