1-Vi na televisão uma reportagem sobre o Padre Rui, pároco de Carvalhos, Celorico de Basto, que se apaixonou por uma rapariga de 18 anos e por isso foi obrigado a abandonar a paróquia. Algumas pessoas disseram que foi um homem corajoso pois comunicou oportunamente ao bispo e aos familiares a sua decisão. Eu não vou tão longe e diria que cumpriu simplesmente o seu dever . Qualquer pessoa honesta e de boa- fé faria o mesmo.
Na reportagem, o Padre Rui confessou que se sentiu ameaçado através de cartas anónimas. Mas não se percebe bem o que esteve na origem dessas ameaças. Será que alguém reparou que os dois estavam apaixonado e quis desta forma que as coisas se decidissem mais rapidamente ,evitando amores clandestinos. ? Afinal o que levou o Padre Rui a renunciar ao sacerdócio ? Foram as ameaças, o desejo de contrair matrimónio ou os dois motivos simultaneamente ?
Quando um sacerdote ao fim de um ano de ministério quebra o juramento de castidade algo parece estar errado. Uma vocação sólida não se afunda em tão pouco tempo. De qualquer maneira temos que considerar que a carne é fraca e nem sempre somos capazes de honrar os nossos compromissos. Por isso a Igreja católica terá que ponderar, num futuro próximo, a possibilidade de os sacerdotes optarem livremente ou pelo celibato ou pelo casamento. Todos sabemos que os primeiros apóstolos eram casados e só no Concílio de Elvira no século IV a Igreja tornou o celibato obrigatório.
Da leitura dos quatro Evangelhos verificamos que apenas em São Mateus há uma referência ao tema casamento e celibato. Jesus depois de condenar o divórcio e de dignificar o matrimónio diz aos seus discípulos que há homens “ que se fizeram eunucos a si mesmos, por amor do Reino dos Céus “ ( Mat 19,12 ). Sem pôr em causa o valor do casamento, Jesus admite que há casos especiais de pessoas que perante o chamamento de Deus são capazes de prescindir do matrimónio e pôr as suas vidas ao serviço do Reino. Temos assim a vocação como um dom de Deus.
Também São Paulo na sua carta aos Coríntios se refere ao assunto de forma directa e assertiva : “ Desejava que todos os homens fossem como eu, mas cada um recebe de Deus o seu próprio carisma, um de uma maneira , outro de outra. Aos solteiros e às viúvas digo que é bom para eles ficarem como eu. Mas, se não puderem guardar continência, casem-se ; pois é melhor casarem do que ficarem abrasados “ ( 1 Cor 7,7 ). Das palavras de São Paulo podemos concluir que tanto o matrimónio como a virgindade devem entender-se como um carisma, ou graça especial de Deus..
Também o sacerdócio tem que ser considerado como uma vocação ou chamamento de Deus. Pessoalmente não creio que o ministério sacerdotal seja incompatível com o casamento. É certo e inegável que o celibato dá ao sacerdote mais tempo disponível e uma maior entrega ao serviço dos seus paroquianos. Não sou dos que pensam que a falta de vocações se devem ao facto de os padres não se poderem casar. De qualquer forma parece-me que nos tempos que correm todos são bem-vindos e necessários na divulgação do Reino de Deus : casados, solteiros, homens e mulheres.
2-Homem de coragem é também Alberto João Jardim. Mas o nome mais apropriado para ele seria o de chantagista bem sucedido. Ameaçou que os deputados do PSD Madeira não aprovariam o orçamento de Estado para 2010 se o governo não permitisse o aumento da capacidade de endividamento da Madeira. E conseguiu o que queria pois foi acordado que podia contrair uma dívida até 79 milhões de euros.
O Dr.Jardim esqueceu-se porém que os deputados da Madeira na Assembleia da República não foram eleitos para defender exclusivamente os interesses insulares mas sim os de Portugal no seu todo. No Continente existem também regiões interiores como Trás-os-Montes e as Beiras, que se encontram bastante atrasadas em relação ao litoral e necessitam de grandes investimentos para se desenvolverem. Tem de haver sempre uma justa e equitativa redistribuição dos dinheiros públicos para não se cair em discriminações inaceitáveis. O endividamento do Estado implica cortes nas despesas orçamentais que se aplicam não só às autarquias mas também aos governos regionais , sem privilegiar ninguém.
FRANCISCO MARTINS
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