A economia do país está doente e os dados estatísticos que nos chegam todos os dias comprovam-no. São poucas as empresas que se mantêm de pé. O desemprego já vai nos 10,2 % e tende a aumentar. As exportações são insignificantes para reequilibrar a balança de pagamentos. Em muitas regiões pratica-se uma agricultura de subsistência. Face à concorrência estrangeira muitos produtos agrícolas não são rentáveis. Portugal produz vinho e azeite de boa qualidade mas que não têm saída nem escoamento. Resta-nos o turismo se o soubermos explorar.
Dado que a economia estagnou e não dá sinais significativos de crescimento o governo terá que investir em obras públicas, em energias renováveis, no apoio às pequenas e médias empresas, na formação de jovens e de mão de obra qualificada. Atendendo ao endividamento do país terão de se pôr de lado as obras não prioritárias como o TGV e a terceira ponte sobre Lisboa e dar seguimento às que mais servem os interesses das populações : escolas, hospitais, creches e estradas. Nunca como hoje foram tão actuais as teorias de Keynesianas que , “ grosso modo “ se poderão resumir do seguinte modo: as baixas taxas de juros vão estimular o consumo e o investimento. Estes trazem como consequência um aumento da procura que por sua vez provoca uma maior oferta levando os produtores a aumentar as mercadorias produzidas e a lançar maior quantidade no mercado. Deste modo tanto o consumo como o investimento vão estimular a criação de emprego. O Estado terá que ser o primeiro a dar o exemplo investindo , criando emprego e estimulando a economia
Em estreita ligação com a economia estão as finanças do país. O deficit orçamental já vai nos 8% e também tem tendência para aumentar. Para o reduzir só há duas vias : ou aumentar as receitas ou diminuir as despesas.. Aumentar os impostos às classes médias e baixas seria um desastre e os partidos da oposição também não o permitiriam. Resta o combate à fraude fiscal e o agravamento dos impostos aos que têm altos rendimentos -gestores públicos e privados, banqueiros e detentores de grandes fortunas. A redução das despesas só poderá aplicar-se aos gastos supérfluos e pela diminuição de regalias e privilégios aos altos dignitários do Estado. O despedimento de pessoal administrativo na função pública não é solução que se coloca pois iria agravar ainda mais o desemprego.
Além do deficit orçamental há ainda a dívida pública que se cifra em 80% do PIB. Esta é outra preocupação que põe em risco o nosso futuro. Se nos continuarmos a endividar a este ritmo caminharemos a passos rápidos para a falência. Será que esta situação nos poderá afastar da zona do Euro ? Será que entraremos em bancarrota à semelhança do que aconteceu há anos na Argentina ? Serão hipóteses que não podemos descartar se os políticos não encontrarem a terapêutica adequada. Penso que muitos dos nossos bancos devem estar numa situação difícil embora não digam nada para evitar o pânico. Os depósitos a prazo não rendem nada e é natural que os aforradores gastem o dinheiro em bens de consumo. Se os depósitos começam a faltar os Bancos têm de recorrer ao empréstimo interbancário que certamente vai praticar taxas de juros mais elevadas. E é no diferencial entre as operações activas e as passivas que os Bancos tiram os seus lucros. Quanto mais apertado for esse diferencial menor são os ganhos. A acumulação de créditos malparados e as aplicações de depósitos em investimentos de alto risco são meio caminho andado para a falência dos Bancos.
Perante a situação preocupante que o país atravessa os partidos políticos na Assembleia da República gastam o tempo em ataques pessoais ao primeiro-ministro e em assuntos que só aos tribunais dizem respeito. Seria bem melhor que se encontrassem e apresentassem soluções para reduzir o deficit e o desemprego e para estimular a economia. É pena que não haja acordo no essencial e se perca tempo em questões secundárias. O pior que nos poderia acontecer era os partidos provocarem a queda do Governo e lançarem o país num ciclo de instabilidade do qual dificilmente conseguiremos sair. O que os portugueses esperam é que a classe política assuma as suas responsabilidades colocando os interesses do país acima das guerras partidárias.
FRANCISCO MARTINS
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