Este é o título de um livro escrito por Josep Maria Esquirol, professor da Universidade de Barcelona
O homem é diferente de todos os outros animais pois tem uma alma, ou para os que não são crentes, tem uma consciência ou espírito reflexivo. E é esta alma que deve ser iniciada e formada na Escola, com bons Mestres, e atingir a maturidade na experiência da vida.
Ao longo do livro o filósofo diz-nos que há situações que podem tornar as pessoas felizes. E passo a citar nove. Assim, são felizes:
1-Os que vão à Escola. A Escola é também um lugar, aquele onde se cultiva a alma mediante atenção às coisas do mundo. Skolé ( em grego ) significa ócio, tempo liberto das exigências do trabalho e da produção. Ócium em grego significa descanso e tempo livre e afasta-se do negotium , isto é do emprego e do trabalho.
2-Os que encontram bons Mestres Não há escola sem Mestres, sem bons mestres. O encontro com o mestre acontece na Escola. O mestre leva consigo um propósito: acompanhar o aluno na descoberta do mundo. Se tiver um bom mestre vai recordá-lo e lembrar-se dele com frequência.
3- Os que vão contra o destino. Estes são os que derrotaram o destino porque para eles não existe destino. Não somos escravos de um poder metafísico supremo, nem de um poder imanente ( matéria, natureza, sociedade). Cada um de nós é um início. Não foi o resultado de determinada circunstância, mas do confronto com determinada circunstância.
4-Os que prestam atenção e treinam o seu espírito para receber. A atenção é a disposição que permite que algo de bom chegue até nós. Prestar atenção conduz-nos á interrogação e ao diálogo. Quem treina a atenção torna-se uma pessoa atenta, que respeita as coisas do mundo, os outros e a si mesmo.
5-Os que fazem amigos de traços, números, palavras ou gestos. São fortes. Sem uma forma de ser, nada seria. Ora o ser humano é uma forma de ser capaz de adquirir ainda mais forma e capaz de gerar ainda mais formas. A formação é o processo que leva à aquisição de uma determinada forma. A maturidade humana é uma vida reflexiva que gera. As boas formas do mundo geram reflexividade ( alimenta a alma ) que por sua vez é fonte de boas formas.
6-Os que não fazem mal aos outros : fazem já muito bem Toda a Terra devia ser uma Terra de paz. Mas não é assim e provavelmente nunca o foi. A Escola deve educar respeitando três regimes éticos e morais : o de não fazer mal, o da igualdade e o da generosidade. E o autor cita Santo Agostinho quando diz “ Ama e faz o que quiseres »
7-Os que seguem atentos ao mundo verão o caminho A maturidade, a vida espiritual é o horizonte da educação. A maturidade expressa-se na maneira de viver. Existem dias sombrios, e abissais no mundo. A vida está ameaçada pela morte. O sentido pelo sem sentido.. A bondade pela maldade .A paz pela guerra. A saúde pela doença. A alegria pela desolação. A maturidade e a vida espiritual expressam-se em três reiterações: a contemplativa juntamente com a beleza e a profundidade do mundo; a médica diante da doença e da profundidade do mundo ; a cosmopoética no envio do mundo , tornando o mundo mais mundo.
8-Os que permanecem atentos à vida verão a maneira de viver a forma de vida A melhor transformação é muitas vezes a transformação da vida quotidiana numa vida quotidiana melhor. Há tempo para agir, e tempo para repousar e é como se o repouso da alma se realizasse em sintonia com o repouso do mundo. Na vida reflexiva e madura não nos limitamos a viver, mas testemunhamos a vida.
9-Os que regressam à Escola da Alma tomarão nota num caderno .Todas as Escolas da Alma, aquelas que realmente o são, entenderam que a alma devia ser cultivada, porque pode perder-se. Tanto o mundo como a alma pedem amor. Sem amor tudo se retrai. Todos somos educadores, porque nos orientamos uns aos outros. A viver aprendemos uns com os outros. Mas morremos e não teremos ainda aprendido o suficiente a viver. A esperança não anula o desespero, mas não deixa que ele tome conta de tudo e mantem uma brecha aberta. Cada vida humana traz consigo o impulso da criação e o desejo da salvação. O mestre ensina-nos a ser criadores do mundo e irmãos de tudo, de forma vinculada. As pessoas têm necessidade de poesia e de mística para não enlouquecerem. Para os nihilistas não há nada que realmente valha a pena. O auge da geração- da criação- é a generosidade- O mundo não se explica a si mesmo. O homem transcende os factos e é metafísico e religioso. As pessoas com bom senso, são pessoas místicas porque sabem que vivem no mistério da vida e do mundo
No final do livro o autor termina dizendo o seguinte sobre o último dia de aulas: À maneira reflexiva e madura de viver opõe-se o fechamento. E é nesta situação que aparecem o fundamentalismo religioso, o totalitarismo político. O fundamentalismo transforma-se em dogmatismo, imposição e até de violência O totalitarismo leva a movimentos de extrema-direita e não está ao serviço da justiça ou da democracia. O caminho da vida é o caminho da busca do sentido da vida. Quem realmente pensa deseja que o sem-sentido, o absurdo, a injustiça e a escuridão não tenha a última palavra. A paixão do principiante deve fazer frente e resistir ao diletantismo académico, à cultura nihilista de baixo tom , à sonolência consumista, ao cientifismo convertido em ideologia e sobretudo a todas as formas de fundamentalismo e de totalitarismo.
E para finalizar J.M. Esquirol diz-nos que no último dia de aulas reza-se a última oração filosófica pela paz e dedica-se um tempito à meditação sobre a vida. A oração é um pedido e também uma intenção de acção. E a meditação serve para que o pensamento nunca deixe de ser um pensamento vivo.
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