Desmasculinizar a Igreja ?
Este é o título do livro em que o padre e teólogo Luca Castiglioni e as teólogas Lucia Vantini e Linda Pocher fazem uma análise crítica do « princípio mariano-petrino de Hans Urs Balthasar ( 1905-1988 ) onde há uma marginalização das mulheres.
Recordo-me quando era mais novo que as mulheres e os homens estavam separados na Igreja. Os homens ficavam à frente e as mulheres atrás. O Papa Francisco na Introdução ao livro diz que « é necessário que nos escutemos reciprocamente para «desmasculinizar a Igreja pois ela é a comunhão de homens e mulheres que partilham a mesma fé e a mesma dignidade batismal. Que não nos cansemos de caminhar juntos pois só quando caminhamos é que somos aquilo que devemos ser. »
De uma maneira geral diria que o princípio-mariano compara a Igreja à família e é aqui o lugar da mulher cuidando dos filhos e do governo da casa. O princípio-petrino diz-nos que a autoridade pertence ao homem pois foi a ele( São Pedro) que foram dadas as chaves da Igreja. Ao homem pertence o espaço da praça, a tarefa da justiça e da produção, a força da autonomia, a razão, a transcendência, a teologia. Para a teóloga Lucia Vantini o princípio de Balthasar é problemático não apenas porque interpreta o princípio petrino-masculino como exclusivamente ministerial-institucional. A isto se opõe São Paulo que na Epístola aos Gálatas( 3,28) nos diz que « não há judeus nem Gregos, não há servo nem homem livre, não há macho e fêmea, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus »
Para o padre e teólogo Luca Castiglioni são precisos outros princípios, outros padres para uma masculinidade evangélica. É necessário que os ministros ordenados estimulem e apoiem as dinâmicas virtuosas a que todos somos chamados. Durante milénios no Ocidente predominou um sistema «androcêntrico» , «patriarcal » e de masculinidade hegemónica. Hoje o sistema patriarcal já não subsiste ou não encontra legitimação institucional e cultural.
No fim do livro a teóloga Linda Pocher esclarece que no tempo de Jesus não havia apenas discípulos. E refere-se a Maria e outras discípulas mitagogas. Maria junta-se como discípula exemplar à companhia de suas irmãs , a Samaritana, Marta de Betânia, Maria de Betânia e Maria de Magdala. Não se trata de mulheres solteiras, mas mulheres adultas, livres de obrigações familiares: podiam ser viúvas com filhos adultos ou então mulheres casadas que já tinham criado- ou não tinham tido –filhos a quem os maridos permitiam que deixassem o lar ; ou ainda quem sabe, poderia tratar-se de casais cujos membros seguiam Jesus. Na comunidade dos ressuscitados com Cristo as mulheres são bem-aventuradas porque acreditaram, oferecendo assim o próprio corpo e o próprio coração a Deus para que Ele possa realizar grandes coisas nelas e através delas.
Para terminar diria em resumo que desmasculinizar a Igreja será acabar com certos estereótipos e preconceitos em relação às mulheres pois todos os batizados são filhos de Deus sem qualquer descriminação.
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