Sábado, 25 de Novembro de 2023

O QUE VOS PEÇO EM NOME DE DEUS

 

Este é um livro escrito pelo Papa Francisco em que nos faz alguns pedidos tendo em conta o período de grande instabilidade que estamos a viver. O mundo está a mudar dadas as transformações provocadas pela tecnologia de vanguarda nas telecomunicações, modificando radicalmente muitos aspectos da vida quotidiana de milhões de pessoas. A inteligência artificial pode trazer benefícios positivos  na saúde e na ciência mas também pode colocar no desemprego muitos trabalhadores. Depois há ainda as transformações provocadas pelas  guerras e pelo aquecimento global que põe em risco a sobrevivência de milhares de espécies incluindo a humana. O Papa apela aos jovens para que intervenham numa política posta ao serviço do bem comum universal. O ideal é que nas medidas urgentes que é necessário tomar devemos ser nós os primeiros a dar o exemplo assumindo as mudanças que queremos ver.  E passo a citar os dez pedidos que o Papa Francisco faz em nome de Deus:

  • PEÇO EM NOME DE DEUS, QUE A CULTURA DOS ABUSOS SEJA EXTIRPADO DA IGREJA. Quando o abuso de menores é cometido por membros da Igreja, já não é apenas um crime atroz, torna-se também uma ferida infligida a Deus. Referi este crime como « homicídio psicológico » devido às consequências irreparáveis que pode ter para a vida mental. Destrói a infância numa época da vida em que deveria ser de brincadeira e aprendizagem, e causa danos físicos , psicológicos e espirituais. Por isso decidimos também que os casos de abuso não prescrevem ao fim de vinte anos. São tempos de justiça que devem adaptar-se às vítimas e não contrário.
  • PEÇO , EM NOME DE DEUS, QUE PROTEJAMOS A CASA COMUM. O nosso planeta está em perigo. Vivemos as últimas décadas sob um sistema voraz, que apenas empurrou para as margens da exclusão milhões de seres humanos, mas também sujeitou a nossa Casa Comum, a Mãe da Terra, a danos nunca dantes vistos. Um paradigma socioeconómico estruturado na base da voracidade e da ganância permitiu saquear também a Natureza para sustentar e promover o ritmo do consumo e do esbanjamento que o guia. Um excesso consumista desenfreado só para alguns, poucos, e  que apenas foi possível graças à exclusão e marginalização de muitos outros e à agressão do meio ambiente, que ameaça ser irreparável.
  • PEÇO, EM NOME DE DEUS, UMA COMUNICAÇÃO SOCIAL, QUE COMBATA AS FAKE NEWS E EVITE OS DISCURSOS DE ÓDIO. Todos somos chamados a promover uma cultura que combata as chamadas fake news, que evite o discurso do ódio e se desenvolva dentro de um quadro tecnológico atento à proteção dos mais indefesos. Na vida civil, na vida política, quando se quer fazer um golpe de Estado, os meios de comunicação social começam a falar mal das pessoas, dos dirigentes e, com a calúnia, com a difamação, assim os aviltam. Depois entra a justiça, condena-os e, no final, o golpe de Estado é realizado. É um sistema entre os mais indecorosos que existem.
  • PEÇO, EM NOME DE DEUS, UMA POLÍTICA QUE TRABALHE PARA O BEM Populistas tanto podem ser os dirigentes como os partidos, quando se transformam numa elite que vira as costas às pessoas que os ajudaram a ascender ao poder. Conhecemos casos de populismo do século XX que partiram da legitimidade das urnas para a sua deriva totalitária. Mesmo na Igreja não estamos isentos deste problema: até entre nós há grupos que buscam a divisão impondo as categorias de « direita e esquerda » ou « progressistas e conservadores ». O líder político deve colocar o bem comum acima dos seus interesses privados. Servir o povo e não servir-se do povo. Assim como na Igreja procuramos pastores « cheirando a ovelha » , que vivam no meio do seu rebanho, assim também a Política  está sedenta de servos que vivam no meio do povo.
  • PEÇO, EM NOME DE DEUS, QUE CESSAIS A LOUCURA DA GUERRA. A guerra é o sinal mias claro da desumanidade. Hoje enquanto peço em nome de Deus o fim da cruel loucura da guerra, também considero a sua  persistência entre nós como o verdadeiro fracasso da política. Possuir armas nucleares é imoral. A existência das armas nucleares e atómicas põe em risco a sobrevivência da vida humana na Terra.
  • PEÇO, EM NOME DE DEUS, QUE SEJAM ABERTAS AS PORTAS AOS MIGRANTES E REFUGIADOS. A  emigração hoje, que  afeta todos os continentes, já não está limitada a algumas áreas particulares, adquire a dimensão de uma dramática questão mundial. Homens , mulheres e crianças são forçados a abandonar as suas casas, na esperança de se salvarem a si próprios e de obterem  a paz e a segurança noutros locais. E o Papa convida-nos a fazer eco destes quatro verbos; acolher, proteger, promover e integrar
  • PEÇO, EM NOME DE DEUS, QUE A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES SEJA PROMOVIDA E ENCORAJADA NA SOCIEDADE. Mesmo no seio da Igreja, procuramos avançar com processos de uma participação feminina efetiva. O nosso mundo precisa de mais dirigentes do sexo feminino, dos seus dotes e intuições, da sua dedicação. Na Igreja, como em toda a sociedade, o papel da mulher é fundamental e indispensável. Também no Evangelho as vemos como a primeiras testemunhas da ressurreição. A sociedade de exclusão em que vivemos, marcada pela globalização da indiferença, multiplicou situações de maus-tratos às mulheres. As mulheres têm a mesma dignidade que os homens. Em cada um dos cinco continentes e em cada país.

8-PEÇO, EM NOME DE DEUS; QUE SEJA FACILITADO E DEFENDIDO O CRESCIMENTO DOS PAÍSES POBRES.  No decurso da pandemia as dez pessoas mais ricas do mundo duplicaram as suas fortunas. As estatísticas dos dois últimos anos também mostram o fracasso das teorias da « recaída favorável », segundo as quais a maioria deveria contribuir para o enchimento dos copos daqueles que possuem mais, esperando que algumas gotas transbordem e caiam sobre a massa dos mais desfavorecidos. Mas o que se verifica é que os pobres são cada vez mais e estão a ficar cada vez mais pobres. A Terra, a Casa e o Trabalho deve estar ao alcance de todos.

9-PEÇO, EM NOME DE DEUS, QUE SEJA GARANTIDO A TODOS O DIREITO À SÚDE

O acesso à saúde deve ser universal e  manter os laços de fraternidade e solidariedade com o próximo. É necessário dar acesso imediato, universal e homogéneo aos medicamentos, para que não seja a lógica do mercado e dos interesses particulares a orientara distribuição dos fármacos que salvam vidas entre os habitantes do planeta.

10-PEÇO EM NOME DE DEUS, QUE O SEU NOME NÃO SEJA UTILIZADO PARA FOMENTAR AS GUERRAS. A fraternidade é o veículo do nosso futuro, se quisermos ter um futuro.  É importante que todos nos unamos na condenação unânime de qualquer tentativa de usar o nome do Todo- Poderoso para justificar qualquer tipo de violência e agressão. Queremos ser artífices da paz, revolucionários da ternura, portadores de amor e misericórdia. O inimigo da fraternidade é o individualismo, que se traduz no desejo de alguém se pôr a si mesmo e ao seu grupo acima dos outros.. Gosto de lembrar que nenhuma religião é terrorista. Não há um terrorismo cristão, não há um terrorismo judaico e não há um terrorismo islâmico. Em todas as religiões, assim, como em todos os países, há pessoas fundamentalistas e violentas que  « se reforçam com generalizações intolerantes, se alimentam de ódio e de xenofobia. A violência em nome de Deus é uma traição à religião.

Os pedidos  do Papa Francisco  dão para pensar e refletir. Com a boa vontade de todos, cidadãos, políticos, economistas, Estados e da Igreja, podiam ser levados à prática e deste modo teríamos  um mundo melhor e mais pacífico.

 

 

 

 

publicado por pontodemira às 19:56
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Sábado, 4 de Novembro de 2023

A ECONOMIA PODE SALVAR O MUNDO- Ideias Simples para resolver Grandes Problemas

 

Este é um livro escrito por Erik Angner qu é professor de Filosofia  na Universidade de Estocolmo, onde dirige o programa de Filosofia, Política e Economia. Tem doutoramento em Economia e em História e Filosofia da Ciência.

A palavra Economia vem do grego e significa administração da casa conforme a sua raiz etimológica  oikos (casa) + nomia ( administrar) . A Economia hoje é uma ciência complexa que exige análise, investigação e cálculos matemáticos para se tirarem conclusões e tirarem conclusões  e traçarem caminhos que ajudam a tornar o mundo melhor. O autor defende a ideia de que a Economia enquanto ciência pode ser aplicada  para o bem da humanidade e do planeta. Há inúmeros problemas no mundo de hoje em relação aos quais a Economia pode dar uma ajuda. Ao longo do livro EriK aborda nove casos em que ela pode ser útil e que passo a enumerar: Como acabar com a pobreza; Como criar crianças felizes e manter a sanidade; Como resolver as alterações climáticas; Como alterar os maus comportamentos ; Como dar às pessoas aquilo que elas precisam ; Como ser feliz ; Como ser humilde ; Como enriquecer; Como construir uma comunidade.

1-Como acabar com a pobreza. A Economia é e sempre foi uma ciência profundamente moral. Na melhor das hipóteses, pode inspirar compaixão pelos pobres desapossados, um desejo de fazer algo em relação à sua situação e estratégias reais e exequíveis para a resolver

2-Como criar crianças felizes e manter a sanidade. Há apenas alguns anos, a economia da parentalidade não era assunto. Agora é. No entanto , ter e educar filhos está claramente dentro do alcance da disciplina. O tópico é abordado usando todas as ferramentas, incluindo econometria e teoria da escolha racional.

3-Como resolver as alterações climáticas. A racionalidade permanece central para a economia moderna e inclui soluções exequíveis para as alterações climáticas, soluções que podem ser apoiadas por evidências. Pode ajudar-nos a perceber de onde vêm as externalidades- porque há tanta poluição, por exemplo. Pode ajudar-nos a resolver alguns dos maiores desafios que a humanidade enfrenta, incluindo as alterações climáticas. A Economia pode traçar caminho para um mundo melhor.

4-Como alterar os maus comportamentos. A Economia das normas sociais reconhece que os seres humanos, por vezes, fazem coisas muito más e por períodos muito longos- mas também são capazes de mudar, ocasionalmente, de forma dramática e rápida. A teoria diz-nos como podemos realizar mudanças sociais e, assim promover os direitos humanos e a propriedade do ser humano. Oferece também conselhos práticos sobre a melhor forma de incentivar as pessoas, grupos e sociedades a melhorar.

5-Como dar às pessoas aquilo que elas precisam A concepção do mercado fornece novas pistas sobre o papel dos valores na economia . Os designers do mercado têm de responder aos valores da comunidade em que funcionam. A concepção do mercado visa explicitamente tornar o mundo um lugar melhor  e construir um ambiente no qual as pessoas possam atingir os seus objectivos com segurança e simplicidade.

6-Como Ser feliz  A  economia não lhe diz categoricamente para tentar ganhar mais dinheiro, embora ter dinheiro possa ajudar. Mantenha as suas experiências e aspirações sob controlo. Evite comparar-se com os outros, a menos que seja necessário. Em primeiro lugar, a sua felicidade é até certo ponto, limitada por factores externos sobre os quais não pode fazer nada enquanto indivíduo.

7-Como ser humilde . A humildade epistémica é uma virtude intelectual. Baseia-se na percepção de que o nosso conhecimento é sempre provisório e incompleto. A confiança excessiva leva à imprudência, ao fracasso, à tristeza e à desilusão. Como Moore apontou o excesso de confiança tem sido implicado em crises financeiras, falências, disputas legais, partidarismo político e até guerra.

8-Como enriquecer Há quatro conselhos a seguir: (1) economize quanto puder.(2) Invista em fundos indexados, não em activos individuais.(3) Peça crédito de forma criteriosa. E finalmente (4) melhore as suas competências. A literacia financeira é também importante para processar informações económicas e fazer escolhas financeiras sábias.

9-Como construir uma comunidade. Um recurso de bem comum concentrado numa pequena localização geográfica e com um pequeno número de utilizadores potenciais é mais bem gerido por uma pequena instituição. As regras de gestão devem ser adaptadas às condições locais e as pessoas afectadas pelas regras devem ter permissão para participar para participar na sua criação e modificação.

Para concluir e na minha opinião pessoal diria que para a Economia salvar o mundo seria necessário corrigir as desigualdades sociais. Como diz o papa Francisco Esta Economia mata pois tem em vista o capital e os lucros financeiros. Há que respeitar os direitos do homem a uma existência digna onde não falte uma casa para habitar e um emprego que lhe garanta os meios de subsistência.

Hoje em dia temos de dizer não a uma economia de exclusão e da desigualdade. A autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira estão na origem da desigualdade social. Seria também necessário proceder a uma justa redistribuição da riqueza nacional tributando com impostos mais altos as grandes fortunas para poder beneficiar as classes de baixos rendimentos.

 

publicado por pontodemira às 21:07
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