Este é o título de um livro escrito por Thomas Merton o mais influente autor católico americano do século XX. Depois de uma adolescência e juventude exuberantes, formou-se em Inglês na Universidade de Columbia, antes de ingressar na Abadia de Gethsemani na Ordem dos Trapistas.
Como introdução diria, pessoalmente, que o homem é um ser social e por isso não deve nem pode viver isolado mas em comunidade. Todos os que trabalham são importantes e precisam uns dos outros. Não há ninguém perfeito porque só Deus é perfeito. Aqueles que têm grande capacidade intelectual ou os que são por natureza dinâmicos, atingem lugares importantes na sociedade. É claro que também há os preguiçosos, os que não trabalham e vivem da ajuda dos outros e do Estado. Numa sociedade funcional todos devem trabalhar e colaborar para o bem comum. Os cristãos vão ainda mais longe. Todos são filhos de Deus e portanto devem tratar-se como irmãos independentemente da raça, etnia ou religião
Para o autor do livro e para que a vida tenha um sentido é necessário pôr em prática certas verdades que expõe ao longo de 16 capítulos. Irei fazer um breve resumo pondo em destaca os objectivos mais importantes:
- Só é possível ter amor dando amor. Uma felicidade que procuramos sozinhos nunca pode ser encontrada. A verdadeira felicidade encontra-se no amor altruísta.Para amar os outros com perfeita caridade, tenho de ser verdadeiro para com eles, para comigo mesmo e para com Deus.
- Frases sobre a esperança. Aquele que tem esperança em Deus confia em Deus. Pela fé conhecemos Deus sem O vermos. Pela esperança possuímos Deus sem sentir a Sua esperança. Ora uma esperança naquilo que se vê não é esperança ( Spes quae videtur non est spes ).
- Consciência, liberdade e Oração. Há algo na própria natureza da minha liberdade que me leva a amar, a fazer o bem, a dedicar-me aos outros. Tenho um instinto que me diz que sou menos livre quando vivo sozinho. Onde não há fé em Deus, não pode haver ordem real; porque onde não há fé, a obediência não tem qualquer sentido. Se Deus não existe, nenhum governo é lógico, excepto a tirania. E na verdade, os estados que rejeitam a existência de Deus têm tendência para a tirania ou para a desordem absoluta.A consciência é a alma da liberdade, os seus olhos, a sua energia a sua vida. Sem consciência, a liberdade nunca sabe o que fazer consigo mesma. Uma das funções mais importantes da vida de oração é aprofundar, fortalecer e desenvolver a nossa consciência moral.
- Intenção Pura .As nossas intenções são puras quando identificamos a nossa vantagem com a glória de Deus e vemos que a nossa felicidade consiste em fazer a Sua vontade porque a Sua vontade é certa e boa. Uma intenção impura duvida que Deus quer o melhor para mim ao querer o que é melhor para todos.
- A Palavra Da Cruz. A palavra da cruz é a loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos “ é a força de Deus “ ( 1ª Coríntios 1,18). Para sofrermos sem ficar agarrados à nossa aflição, devemos pensar numa aflição maior e voltar-nos para Cristo na cruz.
- Asceticismo e Sacrifício. Só existe um asceticismo verdadeiro : aquele que é guiado não pelo nosso próprio espírito mas pelo espírito de Deus. Quando Cristo disse que “ a carne não serve para nada “ estava a falar de carne sem espírito, carne que vive para os seus próprios fins não apenas nas coisas sensuais, mas também nas espirituais. Viver segundo a carne é fazer da carne um fim em si mesma.
- Ser e Fazer. Não preciso de me ver, só preciso de ser eu mesmo. Devo pensar e agir como um ser vivo, mas não devo mergulhar todo o meu ser naquilo que penso e faço. A felicidade consiste em descobrir precisamente o que pode ser “ a única coisa necessária “ nas nossas vidas e em renunciar alegremente a tudo o resto.
- Vocação Todos temos algum tipo de vocação. Todos somos chamados por Deus para participar da Sua vida e do Seu Reino. O que está aqui em causa não é apenas a vocação sacerdotal. O homem casado e a mãe de uma família cristã, se forem fieis às suas obrigações, cumprirão uma missão tão grande quanto consoladora: a de trazer ao mundo e formar almas jovens capazes de felicidade e do amor, algumas capazes de santificação e transformação em Cristo
- A Medida Da Caridade. Na economia da divina caridade, só temos aquilo que damos. Mas somos chamados a dar tudo o que temos, e mais - aquilo que somos. Aquele que tenta conservar aquilo que é e aquilo que tem, e conservá-lo para si oculta o seu talento. Quando chega o julgamento do Senhor, verifica-se que esse servo não tem mais do que tinha no princípio. Só o amor pode verdadeiramente conhecer Deus tal como Ele é, pois Deus é amor
- Sinceridade. Tornamo-nos reais dizendo a verdade. A sinceridade é fidelidade à verdade. É uma simplicidade de espírito que é preservada pela vontade de ser verdadeiro. Implica a obrigação de manifestar a verdade e defendê-la.
- Misericórdia Podemos ter a misericórdia de Deus sempre que quisermos sendo misericordiosos com os outros ; pois é a misericórdia de Deus que actua neles, através de nós, quando Ele nos leva a tratá-los como Ele nos trata.
- Recolhimento. É uma mudança do foco espiritual e um sintonia de toda a alma com o que está além e acima de nós. O verdadeiro recolhimento é conhecido pelos seus efeitos: paz, silêncio interior e tranquilidade do coração.
- A minha Alma Lembrou-se de Deus. A lembrança de Deus que cantamos nos salmos, é simplesmente a redescoberta, na profunda compunção do coração, de que se lembra de nós. Em certo sentido, Deus não pode ser lembrado. Só pode ser descoberto O deus dos filósofos vive na mente que o conhece, recebe vida pelo facto de ser conhecido, vive enquanto é conhecido e morre quando é negado. Mas o verdadeiro Deus dá vida à mente que é conhecida por Ele
- O Vento Sopra Para Onde Quer. Deus está em todo o lado, nunca nos abandona. Porém às vezes parece estar presente, e outras vezes ausente. Quem quer agarrá-Lo e prendê-Lo, perde-O. Ele é como o vento que sopra onde quer. Quem O ama deve amá-lo como alguém que chega não se sabe de onde e parte não se sabe para onde.
- A Solidão Interior. O segredo e a solidão são valores que pertencem à própria essência da personalidade. Se amar uma pessoa, irei amar o que mais faz dela uma pessoa: o secretismo, a dissimulação, a solidão do seu próprio ser individual, que só Deus pode penetrar e compreender. A verdadeira solidão é altruísta: logo rica em silêncio, caridade e paz. A falsa solidão é egocêntrica.
- Silêncio. Não são raras as vezes em que o nosso silêncio e as nossas orações fazem mais para levar as pessoas ao conhecimento de Deus de que todas as palavras que proferimos sobre Ele. O silêncio de todos os desejos desmesurados dissolve a barreira entre nós e Deus. Aí, passamos a viver somente n´Ele. A vida não deve ser vista como um fluxo ininterrupto de palavras que é por fim silenciado pela morte.
Para terminar diria que neste belo texto do teólogo Thomas Merton podemos encontrar muitas sugestões que a serem cumpridas nos levariam ao verdadeiro caminho para Deus e a uma sociedade mais justa e pacífica.