Este é o título de um livro escrito por Roger Scruton que foi um dos mais importantes filósofos do século XX e início do século XXI. Exerceu a sua actividade como professor no BirbecK College em Londres, no Boston University, no American Enterprise Institute e na University of St. Andrews.
Deus é imanente e transcendente. É imanente pois está presente em todo o lado. É transcendente porque não se chega à imagem real de Deus empiricamente ou através da Ciência.. Para Roger Scruton a visão de Deus não está em nenhum lado( nenhures ). A sua natureza e ser colocam-no fora do mundo das particularidades empíricas. Como diz São Tomás de Aquino é o Deus « absconditus », o Deus oculto. E aqui ocorre perguntar : « Como podemos participar da visão a partir de nenhures, que é Deus ? » . De certo Deus tem de estar presente no mundo se devemos ter fé Nele pois a fé é uma relação de confiança, que exige o tipo de mutualidades que um ser livre pode oferecer a outro, no mundo do espaço e do tempo. A ligação entre a crença em Deus e a comunidade dos crentes é reconhecida no conceito cristão de comunhão. É pela comunhão que nos encontramos face a face com Deus.
Mas existe também a vista de algures que é o mundo em que vivemos e que é constituído por seres irracionais mas também por pessoas que têm um eu e uma personalidade própria. Há duas coisas que sei sobre mim como sujeito e sobre as quais não posso estar errado. A primeira é que sou um centro unificado de consciência. Continua a ser verdade que existe em cada um de nós uma esfera de autoconhecimento que é privilegiada. Sem essa esfera privilegiada não haveria «eu ». A segunda coisa que sei com certeza é que posso dar e receber razões para a acção, juízo e crença. A pergunta: Porquê ? Faz sentido para mim. Estamos num mundo onde há sujeitos e objectos. As pessoas não são apenas sujeitos: são objectos num mundo que compartilham. São seres vivos que respiram, agem, têm corpo e ocupam espaço físico. Estamos num mundo em que justo e injusto, virtuoso e vicioso, belo e feio, certo e errado são todos discerníveis. Entre os mais interessantes dos conceitos que imbuem e dão estrutura ao mundo humano está o rosto. É através da compreensão do rosto que começamos a ver como é que os sujeitos se dão a conhecer no mundo dos objectos.
O rosto torna-se o alvo e a expressão das nossas atitudes interpessoais e os olhares, relances e sorrisos tornam-se a moeda dos nossos afectos. Sorrir é uma maneira de estar presente no rosto; outra maneira é beijar. Para os gregos existiam 2 tipos de amor: o amor romântico ( eros ) e o amor caridade ( ágape ) .Nenhuma sociedade poderia assentar exclusivamente no amor erótico ou no amor caridade. Uma sociedade baseada apenas no ágape está muito bem mas não se reproduziria nem produzirá a relação fulcral ente pais e filhos. O rosto do mundo e da Terra vai sendo desfigurado pelo hábito de consumir. O problema ambiental surge porque tratámos a terra como um objecto e instrumento, um pouco como temos tratado o ser humano ou seja como objecto e instrumento. As praças e ruas estão a deixar de ser lugares onde caminhamos e conversamos; em vez disso são lugares pelos quais nos apressamos a caminho de um lar que talvez nunca encontremos. A degradação ambiental ocorre exactamente da mesma maneira que ocorre a degradação moral através do desfiguramento das coisas.
O último capítulo trata exclusivamente do rosto de Deus e do que devemos fazer para o conhecer. Toda a beleza da Terra e do Universo são obra , graça e dádiva de Deus. Mas não é pelas leis quânticas da física que chegamos a Deus. Deus também é amor (ágape ) e é por este meio que Ele desce até nós. Por isso também nós devemos ser doadores desinteressados sem esperar recompensas. Mesmo num mundo materialista e profano há pessoas que poem de lado o seu interesse pessoal e agem por causa dos outros. E aqui ocorre perguntar: Onde está o rosto para aquele que acredita na sua presença real entre nós ? O autor do livro responde dizendo que encontramos essa presença em toda a parte, em tudo o que sofre e renuncia por causa do outro. Eu diria que temos que ser como o bom samaritano que socorreu a vítima caída na estrada e necessita de ajuda.
E o autor do livro termina dizendo : Não nos devemos surpreender se Deus é tão raramente encontrado agora. A cultura do consumidor não contempla sacrifícios; o entretenimento fácil distrai-nos da nossa solidão metafísica. A reorganização do mundo como objecto de apetites obscurece o seu sentido como dádiva. É inevitável, portanto, que momentos de reverência sagrada sejam raros entre nós. O nosso mundo continha muitas oportunidades para o transcendental mas elas foram bloqueadas por lixo.
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