Na Revista Bíblica Julho-Agosto 2023 uma irmã religiosa pergunta qual a diferença entre o templo do Antigo Testamento e os nossos templos.
É óbvio que há 2000 anos o templo era bem diferente de hoje. Havia sacrifícios de animais e até vendilhões que Jesus Cristo expulsou por estarem a profanar um lugar sagrado.
O teólogo frei Herculano Alves explicou de forma cabal e convincente as dúvidas e interrogações desta religiosa.
Gostei muito do que li e vou fazer uma síntese citando e transcrevendo o que considerei mais relevante.
CONCLUSÃO: De facto Cristo, verdadeiro Templo, está de tal modo presente na comunidade que a torna templo santo da humanidade em que está inserida ; mas é Cristo-Templo que constrói e constitui a Igreja- Templo de Deus no mundo.
Como este ano se comemora o IV Centenário de Blaise Pascal decidi escrever um texto sobre este cientista e filósofo que foi também um cristão convicto.
1-Blaise Pascal nasceu em Auvergne em 1623 e faleceu em Paris em 19-8-1662. A mãe morreu muito cedo e o pai deu-lhe apoio pedagógico e teve influência na sua orientação científica. Aos 16 anos redigiu um Essai pour les Coniques em que manifesta já a maneira figurativa e sintética de encarar a realidade. Em 1642 e 1643 devido ao conhecimento que tem da geometria, da física e da mecânica constrói uma máquina aritmética para efectuar adições e subtrações. Em 1646 desperta para a vida espiritual e converte-se. Nesse mesmo ano repete as experiências de Torricelli sobre o vácuo. A partida da irmã Jacqueline para Port-Royal afecta-o profundamente e entrega-se por algum tempo às distrações da vida mundana. Mais tarde apodera-se dele um desprezo pelo mundo e inicia a sua vida espiritual. Decide renunciar ao mundo e a tudo o que não seja Deus. Tudo isto é contado num pergaminho designado Memorial. Em 1656 inicia a publicação de uma série de cartas ( Provinciais ) onde se coloca do lado dos Jansenistas de Port-Royal contra os Jesuítas. Os Jansenistas desvalorizavam os poderes da natureza humana e estavam constantemente em guerra com os Jesuítas por causa do valor que estes atribuíam ao livre-arbítrio. Após a morte da irmã abandonou todas as disputas que podiam separá-lo da Igreja e do seu chefe o Papa e passou a viver na pobreza e na caridade.
2-
Aqui entra em funcionamento o espírito de finesse. O homem é presa fácil do mundo que o rodeia. É dominado por paixões que perturbam os sentidos, por impressões falsas e pelo amor próprio que nos leva a odiar a verdade. Mas o homem também é grande pelo pensamento que o eleva acima da natureza. Os dogmas do cristianismo são obscuros e inquietantes para a razão mas a sua negação é fonte da maior obscuridade. Para os que não acreditam em Deus Pascal sugere o cálculo das probabilidades Há duas hipóteses possíveis: ou Deus existe ou Deus não existe. Se acreditares em Deus e Ele existir ganharás a felicidade eterna. Se não acreditares em Deus e Ele não existir não ganhas nem perdes nada
A realidade apresenta três ordens ou domínios heterogéneos: 1-A ordem do sensível ( dos corpos ) ; 2-a ordem do intelegível ( dos espíritos ); 3-a ordem do sobrenatural ( da graça )
Na ordem do sensível as diferenças saltam aos olhos: força, riqueza, poder financeiro, etc.. Na ordem do espírito é com olhos da alma e através da inteligência que podemos ver as diferenças . Na ordem do sobrenatural ou do coração podemos registar o amor ao próximo, a compaixão e a caridade.. Para Pascal a mais importante é a ordem do coração pois esta leva a melhor sobre tudo o resto
Conclusão:
Pascal não nos deixou na Filosofia uma obra estruturada mas uma miríade de pensamentos variados. Para ele a Revelação e a Fé cristã estavam acima da Filosofia.
Ao contrário de Descartes que considerava a razão como uma luz inata e imutável utilizada na prática para fazer deduções sucessivas e chegar ao saber definitivo e absoluto ( Cogito ergo sum-Penso logo existo ), Pascal concebe a razão humana como qualquer coisa de finita e aberta que se vai adaptando e alargando à realidade.
Pascal foi também um mestre do aforismo e muitos dos seus adágios tornaram-se citações conhecidas. Vou dar alguns exemplos:
O coração te razões que a razão desconhece
Nada mais cobarde do que armar em fanfarrão ;
O nariz de Cleópatra : Se tivesse sido mais curto toda a face da Terra teria mudado;
Por que será que um coxo não se irrita e um espírito coxo nos irrita ? Porque um coxo reconhece que andas direito, enquanto um espírito coxo diz que somos nós que coxeamos e assim não fosse teríamos pena e não raiva
Dou como certo que se todos os homens soubessem o que dizemos uns aos outros, não haveria quatro amigos no mundo ;
Que é o homem na natureza ? Um nada em vista do infinito, um todo em vista do nada e um meio entre nada e tudo
O Deus dos cristãos é um Deus de amor e de consolação ; é um Deu
Este é o título de um livro escrito por Raul Manarte que exerce Psicologia há duas décadas no SNS e em clínica privada. O título deste livro deixou-me perplexo pois para mim o Altruísmo existe, existiu e continuará a existir. Fui ao dicionário e verifiquei que altruísmo significa amor ao próximo, filantropia, caridade, amor à humanidade sem distinção de raça ou de nacionalidade. A tudo isto acrescento que altruísta é aquele que pratica o bem sem esperar recompensa. O Altruísmo existiu e temos o caso do conhecido Aristides de Sousa Mendes que foi cônsul de Portugal em Bordéus na França e salvou milhares de judeus do holocausto pondo em risco a sua carreira diplomática tal como veio a acontecer. Hoje centenas ou milhares de pessoas vão prestar ajuda a quem precisa de apoio em situações de catástrofe ou de guerra pondo em risco a própria vida. No futuro haverá sempre pessoas ou políticos que instigam à violência ao ódio e à guerra e ao caos como está a acontecer na Ucrânia com a ambição imperialista de Putin que pouco se importa com o sofrimento que está a infligir ao povo Ucraniano. Por outro lado também não irão faltar no futuro altruístas para restabelecer a paz e a ordem e contribuir com donativos e ajuda humanitária às vitimas da guerra e de catástrofes. Voltando atrás o autor esclarece na capa do livro que «isto de ter comportamento altruísta nada tem a ver com ser anjinho, com autossacrifício ou mesmo com deixar de ser egoísta». Aqui concordo plenamente com o autor do livro. O altruísmo pode ser definido de uma forma positiva ou negativa. No primeiro caso é altruísta quem apoia e ajuda o próximo sem esperar recompensa. No segundo caso não é altruísta quem é racista , xenófobo ou se deixa dominar pelo ódio. É claro que nem todos podem ser altruístas. Há limitações como a idade e a incapacidade física. Mas mesmo nestas condições é sempre possível recorrer a donativos quem tiver condições para o fazer e que são sempre úteis e necessários em determinados casos.
Na 2ªparte do livro Raul Manarte faz a distinção entre empatia emocional e empatia cognitiva.. A empatia emocional é sentir algo semelhante ao que os outros estão a sentir. É ver alguém triste e ficarmos também um pouco tristes, é ver alguém entusiasmado ou nervoso e sentir algo parecido. A empatia cognitiva ( ou compaixão ) é perceber o outro, percebê-lo como se fôssemos ele próprio ( ou na medida do possível ). E por fim temos o altruísmo ou comportamento pró-social, ou seja, o acto, a acção de ajudar alguém.
O altruísmo pode ser levado a cabo através de voluntarismo, do trabalho humanitário e do activismo. O voluntarismo consiste em prestar assistência prática em determinadas comunidades e através do ensino ; o trabalho humanitário tem a ver com a ajuda em situações de guerra ou em países menos desenvolvidos. Existem mesmo organizações internacionais como a FAO, Unicef, e ACNUR ; o activismo consiste em ajudar a mudar o que está mal. Teve um papel importante para pôr fim à escravatura, ao fim do apartheid e na luta pelos direitos individuais como o voto das mulheres.
Na 3ª parte do livro Raul Manarte fala de dois grupos que dividem a sociedade e que por vezes dificultam a tomada de decisões importantes. Esses grupos são NÓS e ELES. Os emigrantes são vistos para alguns com uma ameaça pois vão roubar trabalho aos que estão cá.
Um acto de altruísmo, um acto de ajuda ocorre não só a nível interpessoal ( A pessoa A ajuda a pessoa B), mas também a nível intergrupal ( Um de Nós ajuda um Deles ). Se estás a tentar pôr alguém para um dos nossos ( portugueses a ajudar portugueses, ,enfermeiros a ajudar enfermeiros, mulheres a ajudar mulheres ) a tarefa é mais fácil. Mas se estás a tentar mobilizar os Nossos para ajudar os Deles o desafio será diferente. Quanto aos emigrantes é preciso ver que uma grande maioria começa a trabalhar e por isso não só deixa de precisar de ajuda como vai contribuir para melhorar a economia do país. Para o autor também se pode pode motivar as pessoas a ser altruístas por motivos egoístas ( Ajuda ! Vai fazer-te bem ! )
E para terminar direi em resumo que se trata de um livro com conselhos práticos para motivar o altruísmo. O empenhamento de alguém pode entusiasmar ouros grupos e assim contribuir para uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais humana.
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