Como é do conhecimento geral o Papa Francisco convocou um Sínodo que vai começar, segundo o que está previsto, em Outubro de 2023 e terá a sua conclusão em Outubro de 2024. A Igreja católica está a sofrer uma enorme crise que tem muito a ver com a secularização da sociedade e com a vida materialista e agitada que uma grande parte da população leva sem ter tempo para pensar, meditar ou reflectir. A felicidade para muita gente está em gozar a vida e olhar de lado para os esquecidos da sociedade: pobres, imigrantes, doentes e vítimas da guerra. Para muitos a vida não tem qualquer sentido e acaba com a morte.
O Concílio Vaticano II convocado pelo Papa Francisco em 1961 teve uma inovação importante. A eucaristia e os actos litúrgicos que eram celebrados em latim passaram a ser feitos na língua originária de cada país. O celebrante que presidia aos actos litúrgicos fazia-o de costas viradas para a assistência. Lembro-me também que que na Igreja havia uma separação de homens e mulheres. Os homens ficavam nos bancos da frente e as mulheres atrás. Todas estas regras e praxes tinham a sua origem na religião judaica onde ainda prevalece a separação e a discriminação entre homens e mulheres. Quando se fez esta reforma houve muitos padres que se revoltaram e não aderiram a estas regras. Isto também poderá acontecer com algumas reformas que irão ser implementadas com este Sínodo. Não sou teólogo nem queria imiscuir-me nestes assuntos. Creio no entanto que todos os baptizados são cristãos e como tal parte integrante da Igreja. Seria muito importante que todos os interessados dessem a sua opinião sobre as principais reformas a fazer na Igreja. Bastaria que a cada um fosse fornecido um questionário sobre os temas mais importantes a tratar no Sínodo. Resta-nos a esperança que as mulheres que vão tomar parte no Sínodo e com direito a voto tenham um papel importante na reforma que é preciso fazer.
Pessoalmente entendo que deve haver uma reforma dos textos litúrgicos sobretudo os do Antigo Testamento que foram escritos num determinado contexto e se encontram desadaptados para a época que estamos a viver. Não faz sentido por exemplo falar num Deus cruel e vingativo e ao qual se pede para mandar matar pessoas. Também não faz sentido que o sacerdote tenha de assumir o celibato. O celibato devia ser facultativo e não obrigatório. Muitos apóstolos e discípulos de Jesus eram casados. Também a confissão auricular devia ser facultativa pois a obrigatoriedade inibe muitos cristãos de comungarem. É claro e evidente que quem tenha problemas deverá abordar um sacerdote. Jesus não instituiu o sacerdócio mas incumbiu os discípulos e apóstolos de divulgarem o Evangelho. O clericalismo só surgiu mais tarde na Igreja. Mas só quando o cristianismo se tornou a Religião oficial do Império Romano é que tudo se vai alterar. A Igreja começa a imiscuir-se na política e os políticos a imiscuírem-se na Igreja.
A parte mais polémica das reformas a fazer seria a atribuição às mulheres do poder de celebrar a eucaristia. Há uma disposição petrina que inibe a mulher desse ministério e que se trata de um dogma intransponível.
Acabei de ler recentemente um livro que tem como Título “ Um Cristianismo Sinodal Em Construção “ da autoria de Mário de França Miranda que é doutorado em teologia e Professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Na parte final do livro ou seja no Epílogo o autor diz-nos quais os traços marcantes de um cristianismo Sinodal futuro. E passo a transcrever o seguinte:
1-O Cristianismo futuro deverá ser apresentado a partir da pessoa de Jesus Cristo, das suas palavras e das suas acções
2-O Cristianismo futuro deverá fomentar a vivência real da fé que impregne toda a vida do cristão, não se limitando apenas a confissões de fé e a recepção de sacramentos.
3-O Cristianismo futuro deverá ser um Cristianismo missionário. Ser cristão significa estar comprometido com a missão de proclamar e realizar o Reino de Deus.
4-O Cristianismo futuro irá recuperar a diversidade de carismas no interior da comunidade cristã. Deverá oferecer formação e espaço de acção para o laicado, seja no interior da comunidade , seja na relação com a sociedade.
5-O Cristianismo futuro deverá expressar-se numa linguagem acessível. Deverá rever os textos doutrinais e litúrgicos para libertá-los seja de expressões arcaicas seja de concepções teológicas subjacentes, recusadas pela consciência eclesial moderna.
6-O Cristianismo futuro deverá fomentar mais a experiência religiosa. É a experiência pessoal de Deus em acção na pessoa que fundamenta a sua fé.
7-O Cristianismo futuro deverá consistir em comunidades menores, nas quais as pessoas se conheçam, possam partilhar as suas experiências e aprender umas com as outras.
8-O Cristianismo futuro deverá estar presente e colaborar em todos os sectores da sociedade, para levar por diante o projecto de humanização, intrínseco à noção de Reino de Deus. Não haverá mais acções profanas na vida do cristão; são todas sagradas desde que realizadas por amor e solidariedade, estimuladas pelo Espírito Santo.
9- O Cristianismo do futuro passará por mudanças nas expressões da mensagem e na própria instituição eclesial numa sociedade transformada pela cultura virtual
10-O Cristianismo futuro dependerá também da nossa colaboração neste momento histórico Afinal, todo o cristão , como tal, está activamente comprometido com o projecto de Deus para o mundo, no seguimento de Jesus Cristo.
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