É um clássico da literatura universal escrito por L. Tolstoi. Tudo se passa no início do século XIX quando a Rússia é devastada pelo exército de Napoleão. Enquanto a nobreza vivia no luxo, no fausto e nos bailes mundanos os servos e soldados encontravam-se mergulhados na miséria. Quanto às desigualdades sociais Tolstoi é a favor de uma sociedade mais justa e fraterna.
Mas não é sobre este livro que irei falar. O título Guerra e Paz tem a ver com os períodos em que países, estados e nações viveram em paz ou em guerra. E aqui irei fazer, baseando-me no livro « Breve História da Democracia» de John Kean, um pequeno resumo da democracia ao longo dos séculos. Para o autor do livro que é professor da Universidade de Sydney, a democracia passou por três fases: Democracia de Assembleia, Democracia Representativa e Democracia Monotorizada.
1-Democracia de Asssembleia. Ao contrário do que se pensa este tipo de democracia nasceu na Síria-Mesopotâmia no século 2500 a.C e só em 507 aC é iniciada em Atenas. Nas assembleias públicas reuniam-se os cidadãos e debatiam livremente, concordando ou discordando e decidindo entre si enquanto iguais, sem interferências de chefes de tribo, monarcas ou tiranos. Em Atenas no ano de 507 aC a Assembleia reunia num anfiteatro em forma de taça, ao ar livre , numa colina sobre a cidade. Os cidadãos de Atenas dispunham ainda de outro espaço público: a ágora localizada na encosta noroeste da Acrópole. A política era detida colectivamente: não apenas por homens de famílias importantes ou abastadas mas também por carpinteiros,, agricultores, construtores navais, marinheiros, sapateiros, vendedores de especiarias e ferreiros. Atenas era uma democracia sem partidos. Os cidadãos desfrutavam de uma isonomia ( igualdade perante a lei ) no direito de falar e da liberdade de « governar» e de ser governado em alternância. Existia um órgão o Conselho dos Quinhentos cuja função era propor e conduzir legislação para a Assembleia. O Conselho também elegia 50 senadores para supervisionar a administração quotidiana do Governo e resolver disputas entre cidadãos. Havia também o ostracismo ou seja uma estratégia para bloquear a ascensão de demagogos, conspiradores e tiranos ou expulsá-los da cidade caso um número mínimo de votantes fosse favorável. Mais tarde começaram a surgir em Atenas os inimigos da democracia. Os principais opositores eram os aristocratas que tinham aversão pela democracia: Platão era antidemocrata pois entendia a democracia como uma forma desordenada e perigosa de governo pelos ignorantes. Com a Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta que durou 30 anos começa a queda da democracia. Os líderes militares como Péricles obtiveram o direito de exercer funções durante mandatos sucessivos. Em 359 aC Atenas foi obrigada a submeter-se ao reino da Macedónia.
2-Democracia Representativa. No século XII d.C começou uma nova fase de democracia. Com o aumento dos territórios tornou-se inviável o governo de assembleia. Surgiram então autogovernos populares baseados na eleição de representantes que ocupam cargos e governam em nome da população durante um determinado período de tempo. Aparecem novas instituições, parlamentos, constituições escritas, partidos políticos, mesas de voto, editores independentes e imprensa diária. O surgimento de assembleias populares começou no norte do actual território de Espanha com Afonso IX que reuniu as primeiras cortes na cidade de Leão. Nas cortes reuniram-se nobres, bispos e cidadãos abastados. O rei prometeu consultar e aceitar os conselhos dos bispos, nobres e homens bons nas cidades, nas questões de guerra e de paz, dos pactos e dos tratados.. Em 1215 foi assinada a Magna Carta. Em 1776 da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América nasce uma República de autogoverno. Em 1890 foi concedido o direito de voto às mulheres na Nova Zelândia. No período de 1920- !939 com o início da 2ª Guerra Mundial vem a destruição da democracia representativa originando « tiranias púrpuras», ditaduras militares e totalitarismo
3-Democracia Monotorizada Com o fim da 2ª Guerra Mundial e a partir de 1945 deu-se a evolução para uma democracia monotorizada. Para isso contribuiu o advento dos primeiros meios de transmissão massiva: rádio,, cinema ,televisão. Tudo isto está associado às sociedades saturadas pelos meios multimédia. A partir daqui vão criar-se práticas para a monotorização de eleições, cogestão de locais de trabalho. Criaram-se também mecanismos reguladores e de responsabilização pública. Dentro e fora dos Estados há organismos fiscalizadores rigorosos e independentes. Tudo isto irá manter em permanente alerta as empresas, os governos, os partidos e os políticos eleitos. As instituições que poem em causa o poder e as que se destinam à sua regulação estão por todo o lado. A democracia monotorizada ocorre onde quer que existam abusos de poder.
Hoje a democracia está em crise em quase todos os Continentes. O direito de escolha em eleições livres e justas, a liberdade de imprensa e de expressão estão a ser postas em causa em muitos países do mundo. Temos regimes despóticos na Rússia, na Turquia, no Irão e na China. O populismo está a encaminhar algumas democracias para regimes autocráticos e o poder a cair nas mãos de plutocratas ou de ditadores militares. Os governos populistas eleitos na Índia, na Hungria e no México podem fazer surgir o despotismo.
Na parte final do livro o político John Keane diz-nos que a democracia monotorizada é claramente a melhor arma criada até agora para quebrar os monopólios de poder irresponsável onde e quando funcionarem. A democracia questiona os arrogantes e assume o lado dos menos poderosos contra aqueles que abusam do poder. E a pergunta que me ocorre fazer para terminar é a seguinte:
Será que alguma vez vai haver paz em todos os países do planeta Terra? Penso que não. Aparecem sempre políticos de ambições imperialistas como Putin ou de tendência xenófoba ou racista que detestam e odeiam imigrantes ou grupos étnicos. Depois Se não forem corrigidas as desigualdades sociais irá continuar a agitação e a instabilidade
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