O REGRESSO DA HIPÓTESE DE DEUS
Este é o título de um livro escrito por Stephen C. Meyer doutorado em filosofia da Ciência pela Universidade de Cambridge. Antes de assumir as funções de director do Centro de Ciência e Cultura do Discovery Institute em Seatle dedicou-se à geofísica e ao ensino universitário.
Durante a Idade Média na Europa uma grande parte das pessoas acreditava na existência de um Deus criador do Universo e da vida na Terra. Mas no período Iluminista a razão humana e a ciência afastavam a crença religiosa gerando um cepticismo em relação à existência de Deus. Ascensão do materialismo científico criou uma mundivisão baseada na ciência que colocava a matéria e a energia, e não Deus, como a realidade fundamental de onde decorre tudo o resto. Em 1854 Darwin escreve o livro “ A Origem das Espécies” e nele esclarece que os organismos vivos através da selecção natural sofrem variações aleatórias o que explica a adaptação dos mesmos ao ambiente sem ser necessário recorrer a um agente inteligente ou director.
Por volta de 2006 apareceu um grupo de cientistas e filósofos conhecidos por Novos Ateus que deu início à publicação de uma série de livros de grande sucesso comercial como a “ Desilusão de Deus “ de Richar Dawkins, que defendeu que a ciência minava a crença em Deus. A este cientista juntaram-se outros como Victor Stenger e Stephen Hawking. Mas o autor do livro, Stephen Meyer, diz-nos que há três descobertas científicas fundamentais que suportam a confiança teísta daquilo a que se chamaria « O Regresso da Hipótese de Deus » : ( 1) evidência da cosmologia que sugere que o Universo teve um começo; ( 2) evidência da física que mostra que, desde o início, o Universo foi « afinado » para permitir a possibilidade de vida; ( 3) a evidência da biologia que estabelece que, desde o início surgiram na nossa biosfera grandes quantidades de nova informação genética funcional para possibilitar novas formas de vida- o que implica a actividade de uma inteligência arquitecta. Ao estudo de cada evidência dedicou Stephen Meyer um capítulo, tendo depois inferido as seguintes hipóteses: 1- Hipótese de Deus e o princípio do Universo ; 2- Hipótese de Deus e o desígnio do Universo ; 3- Hipótese de Deus e o Desígnio da Vida.
1-Hipótese de Deus e o Princípio do Universo. Antes da descoberta do começo do Universo os materialistas sentiam-se confiantes e afirmavam que o Universo era eterno e necessariamente existente e que não precisava de explicação causal. Embora os teístas não possam dizer previamente que Deus terá criado definitivamente um Universo que exibisse evidência de um começo temporal, reconheceram que a evidência desse começo é mais provável sendo dado o teísmo do que sendo dado o naturalismo.
2-A Hipótese de Deus e o Desígnio do Universo. Nenhum ser inteligente surgido após o começo do Universo poderia ter estabelecido as condições iniciais do Universo de que dependia a sua evolução e existência posteriores . O tipo de inteligência necessária para explicar a afinação do Universo deve, de algum modo, preexistir ou existir independente do Universo material. Tanto o teísmo como o deísmo concebem Deus como uma existência independente do Universo material- quer num domínio eterno e e intemporal, quer no domínio do tempo independente do tempo do nosso Universo. Ambos podem explicar (1) a origem do Universo no tempo ( ou seja no começo ) e (2) a afinação do Universo desde o começo do tempo.
3-A Hipótese de Deus e o Desígnio da Vida O ADN de uma célula ou de um ser vivo tem uma complexidade semelhante ao software de um computador. Se o software de um computador tem na sua origem um programador também uma célula ou um ser vivo não nasce do nada mas de uma superinteligência que os teístas e deístas atribuem a Deus. E qual é a diferença entre o teísmo e o deísmo ? O deísmo nega qualquer actividade divina no mundo natural após o primeiro momento da criação. Contudo a maioria dos evolucionistas teístas pensa que Deus sustenta activamente o funcionamento ordenado da natureza- as leis da natureza- momento a momento.
Na parte final do livro Stephen C Meyer transcreve uma passagem do Livro Existencialismo e Humanismo de Sartre em que ele diz que um Universo sem um Deus pessoal transcendente- ou um ponto de referência infinito – deixava as pessoas num estado de angústia, abandono e desespero. Angústia, porque podem nunca vir a saber se escolheram valores certos, pois não há um critério pelo qual julgar as escolhas ; abandono porque estamos verdadeiramente sozinhos nas escolhas e nenhuma fonte externa ou deus transcendente pode conferir sentido duradouro à nossa existência; e desespero porque o mundo que nos rodeia pode não cooperar com as escolhas que fazemos. Afinal de contas, se Deus não existe , não há critério pelo qual julgar essas escolhas. Ora não só o teísmo resolve muitos problemas filosóficos, como também a evidência empírica do mundo material aponta fortemente para a realidade de uma grande mente por trás do Universo. O nosso Universo belo, expansivo e afinado e a complexidade delicada, integrada e informacional dos organismos vivos são testemunhas da realidade de uma inteligência transcendente- um Deus pessoal. Assim não precisamos de « inventar » Deus ou sequer aceitar a existência de um Deus, como mera necessidade filosófica. Ao invés, reflectir sobre essa evidência pode permitir descobrir- ou redescobrir- a realidade de Deus. E de facto, se esta descoberta é uma boa notícia- não estamos sós num vasto Universo impessoal e sem sentido- o produto da « indiferença cega e impiedosa». Pelo contrário, a evidência aponta para uma inteligência pessoal por trás do mundo físico que observamos.
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