A vida é feita de momentos bons e de outros maus, de alegrias e de tristezas. Há também momentos em que somos felizes e outros em que somos abatidos pelo sofrimento. Actualmente estamos a viver momentos dramáticos com a pandemia covid19 que está a matar todos os dias milhares de pessoas em todo o mundo
E foi precisamente agora que foi aprovada na Assembleia da República uma Lei que permite a eutanásia. Trata-se de uma lei fracturante que divide a sociedade em dois grupos divergentes. Há os que defendem a eutanásia e os que são contra. O segundo grupo, dos que estão contra, é constituído na sua grande maioria por cristãos ( católicos, protestantes, evangélicos, etc). Para os crentes a vida tem sentido. Sabem que Deus criou o mundo e o homem e que Deus nunca os abandona nem nos momentos mais difíceis ou de sofrimento. A vida é um dom gratuito de Deus e há que respeitá-la. No primeiro grupo estão os cépticos para quem a vida não tem qualquer sentido e o remédio neste caso é pôr fim ao sofrimento pelo suicídio ou através da morte assistida. Este é o desespero de quem acredita que não há vida para além desta e que tudo acaba quando morrermos. Ao absurdo da vida só resta o absurdo do suicídio. E aqui vou citar o pensamento do Padre e Professor de Filosofia Anselmo Borges que na crónica que escreveu no dia 31-01-2021 no Diário de Notícias, com o título , O sentido da vida e o sofrimento, diz o seguinte : « Há um pensamento radical que põe o pensamento em sobressalto. Cada um de nós sabe que não esteve sempre no mundo, isto é, que nem sempre existiu e que não existirá sempre. Houve um tempo em que ainda não existíamos, ainda não vivíamos e haverá um tempo em que já não existiremos, já não viveremos cá, deixaremos de viver neste mundo . Nesta constatação experienciamos que somos de nós, somos donos de nós- essa é a experiência da liberdade – mas não nos pertencemos totalmente, não somos a nossa origem nem temos poder pleno sobre o nosso fim. Viemos ao mundo sem nós -ninguém nos perguntou se queríamos vir- e um dia a morte chega e leva-nos pura e simplesmente. Não nos colocámos a nós próprios na existência nem dispomos totalmente do nosso futuro, não somos o nosso fundamento. Aqui, perante a certeza de que nem sempre estive cá e de que não estarei cá sempre, pois morrerei, ergue-se, enorme, irrecusável, a pergunta: donde vim ,? Para onde vou ? qual o sentido da minha existência ? que valor tem a minha vida ? Esta pergunta formula-se em relação a todos os seres humanos, à vida em geral, a toda a realidade: porque há algo e não nada. E continua… De facto o ser humano não pode viver sem sentido. Aliás a existência humana está baseada na convicção do sentido. Há um pré-saber do sentido, de tal modo qua sua própria negação ainda o afirma. No limite, não é possível o “ suicídio lógico “, pois quem pegasse numa arma para suicidar-se, porque tudo é absurdo, estava a negar o absurdo e afirmar o sentido… »
Mas a Lei da Eutanásia pode esbarrar ainda com o artigo 24º da Constituição que nos diz que a vida é um direito inviolável. É óbvio e não temos dúvidas que se pretende condenar a pena de morte e que ninguém pode tirar a vida a outra pessoa. O que está em causa também é se a nossa liberdade nos permite que deleguemos noutra a capacidade de nos matar. Para os médicos existe o dever deontológico de preservar a vida e não de eliminá-la. Se a Lei chegar ao Tribunal Constitucional iremos ver se vai ser ou não considerada inconstitucional.
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