Este é o título de um livro escrito por Timothy Snyder, Historiador e Professor na Universidade de Yale e membro do Instituto de Ciências Humanas em Viena. O autor faz uma análise histórica da evolução da política na Rússia desde o começo do século XX até aos nossos dias e da influência negativa que Putin tem exercido nos Estados Unidos de Trump e nos partidos nacional- populistas da Europa.
Para Timothy Snyder há duas teorias que estão na origem da evolução política do Ocidente ( EUA e Europa). Uma é a teoria da inevitabilidade que nos diz que tudo caminha inevitavelmente para um dado fim e por isso não há alternativa nem nada que possa ser feito. Para o capitalismo americano a natureza criou o mercado, este criou a democracia e esta a felicidade. Na versão europeia a história criou a nação que aprendeu com a guerra que a paz era boa e por isso escolheu a integração e a prosperidade. Durante o período que funcionou a União Soviética o comunismo tinha a sua própria política da inevitabilidade: a natureza criou a tecnologia; a tenologia a mudança social; a mudança social provoca a revolução e a revolução permite a utopia. Quando a União Soviética colapsou em 1991 os Europeus ocuparam-se com a criação da União Europeia e os americanos pensaram que o fracasso do comunismo confirmava o triunfo do capitalismo. Mas em 2008 a crise económica tudo mudou e com o desmoronamento da política da inevitabilidade aparece na Rússia a teoria da eternidade que nos diz que ninguém é responsável pois o inimigo virá independentemente do que fizermos. Os políticos promovem a crença de que o governo não pode ajudar a sociedade como um todo limitando-se a protegê-la das ameaças. Por outro lado desvaloriza e destrói as obras de países que podem servir de modelos para os seus próprios cidadãos. A Rússia foi o primeiro país a recorrer à política da eternidade. Segundo esta teoria os governantes não se devem preocupar com as desigualdades sociais mas apenas com os inimigos externos e internos. Se o povo está a sofrer é necessário que compreendam que há outras pessoas que estão a sofrer ainda mais. Putin escolheu o filósofo fascista Ilyn como seu guia. E foi esta ideologia fascista que deu força à oligarquia na Rússia e ajudou os líderes a mudarem da inevitabilidade para a eternidade. É esta política da eternidade que faz com que os líderes se agarrem ao poder quebrando as regras inerentes às eleições democráticas. A Rússia de Putin está cheia de oligarcas e cleptocratas que se apoderaram de uma grande parte da riqueza nacional. Para Putin o que interessa mais é dividir para reinar. Sabe-se que interferiu nas últimas eleições presidenciais norte-americanas procurando favorecer Trump e atacando através do pirateamento de emails a candidata Hilary Clinton dizendo que sofria de uma doença incapacitante. A internet americana tornou-se também uma superfície de ataque para os serviços secretos russos que puderam fazer o que queriam na psicoesfera americana durante 18 meses. Um outro objectivo de Putin é desagregar a União Europeia. Quando soube que a Ucrânia queria aderir à União Europeia não tardou a invadir a Crimeia para se poder apoderar de todo o território. Só que a população da Ucrânia reagiu e conseguiu travar a agressão russa. É claro que a Rússia não vai ficar por aqui. Na cabeça de Putin continua a ideia da Eurásia ou seja o prolongamento do continente asiático até às fronteiras da Europa acabando por englobá-la. Na opinião de Teresa de Sousa que escreve todos os domingos no Jornal Público isto implicaria e passo a citar: “em termos geopolíticos separar a Europa da sua dimensão atlântica quebrando a unidade do mundo ocidental “
No último capítulo do livro “ Igualdade e Totalidade “, Timothy Snyder revela alguns factos curiosos que talvez muitos desconhecem. Trump era um empresário falido do imobiliário que foi salvo pelos capitalistas russos. A conhecida frase “ América Primeiro “ que Trump utilizou nas eleições foi buscá-la a um movimento que em 1930 se opunha ao Estado Social proposto por Franklin D. Roosevelt e também à entrada dos EUA na 2ª Guerra Mundial. No “ América Primeiro” de Trump não estão incluídos todos os americanos pois ele é racista e odeia os afroamericanos. Também já mostrou vontade de sair da Nato e o seu interesse , tal como o dos russos, é contribuir para o desmembramento da Europa. O sistema democrático americano está a decair e a caminhar para uma oligarquia. Empresas reais e de fachada, entidades civis podem influenciar as campanhas e de tentar comprar as eleições. Também o Supremo Tribunal permitiu alterações nas leis eleitorais dando a possibilidade de os Estados Americanos suprimirem o voto dos afro-americanos e de outros eleitores inconvenientes.
E para terminar vou transcrever o comentário que Timothy Snyder fez na parte final do livro: “ Fazer da política americana uma eternidade de conflito social é permitir o agravamento da desigualdade económica. A América ou terá as duas formas de igualdade( racial e económica) ou não terá nenhuma. Se não tiver nenhuma, a política da eternidade prevalecerá e a democracia americana morrerá. “
A época em que a Troika impôs a Portugal um rigoroso programa de austeridade já vai longe. As medidas que foram tomadas resultaram e o défice nas contas públicas tem vindo a diminuir prevendo-se que brevemente haja superavit. Há no entanto a ter em conta que a dívida pública ainda é elevada e não podemos dar passos em falso para não sermos obrigados a voltar para trás. O ano de 2020 não vai ser fácil para o Governo pois está em cima da mesa uma mão cheia de reivindicações, de vários sectores da Administração Pública, que podem causar instabilidade social. Dos pedidos que foram feitos passo a destacar os seguintes:
Enfermeiros-criação da carreira de especialidade e um vencimento adequado a estas funções. Uma nova tabela salarial para toda a classe e a generalização do horário de 35 horas semanais.
Médicos-pagamento integral do trabalho extraordinário. Negociação de uma grelha salarial que respeite a diferenciação técnica e profissional dos trabalhadores médicos. Remunerar o trabalho prestado ao sábado e além da urgência de um modo específico. O trabalho ao sábado das 8 h às 13 h ainda é equiparado a dias da semana. Parece que também são precisos mais médicos para algumas especialidades e para o SNS.
Polícias-melhoria de salários e melhores condições de trabalho-
GNR-reivindicam direitos salariais e sociais: actualização da tabela remuneratória e de pagamento de retroactivos.
Professores-contagem do tempo e descongelamento de carrieiras.
Assistentes Operacionais das Escolas- fim da precariedade e aumento dos salários. Corrigir as insuficiências de pessoal.
Registos e Notariado- pedem o fim das assimetrias salariais e melhores condições do sistema remuneratório.
A acrescentar a estas reivindicações há também os investimentos que têm de ser feitos em infraestruturas nomeadamente na Saúde, Educação e Transportes.
Saúde- obras em hospitais e Centros de Saúde.
Educação- obras em edifícios escolares
Transportes- modernização de caminhos de ferro e electrificação de troços : renovação da linha entre Covilhã e Guarda; electrificação do troço Viana do Castelo- Vigo. Modernização da linha do Oeste entre Mira- Meleças e Caldas da Rainha ; electrificação entre Lagos e Tunes e entre Faro e Vila Real de Santo António
Esta é a realidade que não pode ser posta de lado. Mas em conexão com esta realidade encontra-se também uma utopia. Alguns partidos como o BE vão mais longe e pedem também uma baixa nos impostos e outros como o PSD um desagravamento da carga fiscal. Assim o aumento nas despesas devia ser acompanhado de uma diminuição das receitas baixando os impostos. Deste modo ,onde se vai buscar o dinheiro para fazer face ao aumento das despesas? Se isto for possível teríamos a cereja no topo do bolo.
Esperamos que tudo seja resolvido, gradualmente e a seu tempo, sem pressas nem precipitações. Para que tudo corra bem é necessário apoio às pequenas e médias empresas e que o crescimento económico nos ajude.
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