Nós Contra Eles( o fracasso do globalismo) é o título de um livro escrito por Ian Bremmmer, professor universitário e cronista da Time. O autor faz uma análise exaustiva das causas que levaram ao fracasso do Globalismo e prevê que no futuro, com as novas tecnologias nomeadamente a automação dos serviços, a situação se agrave ainda mais.
Para o fracasso do Globalismo concorreu não só a vaga de populismo nacionalista que varreu a Europa mas também a desigualdade na distribuição da riqueza e o fosso cada vez maior entre ricos e pobres. Tudo isto levou ao aparecimento de dois grupos: o do”Nós Contra Eles”
Os antiglobalistas de esquerda usam o termo Eles para se referirem à elite que governa as grandes empresas e aos banqueiros que permitem essas elites de explorarem o trabalhador e o investidor comum. Os antiglobalistas de direita usam o termo Eles para descreverem governos que defraudam os seus cidadãos ao tratarem de forma privilegiada minorias, imigrantes ou qualquer grupo que esteja explicitamente protegido por Lei.
As causas que levaram a esta situação são entre outras as seguintes: a crise financeira de 2008-2009;a crise de migrantes; ataques terroristas; deslocalização de empresas; a crise da dívida que criou o caos na Zona Euro e a estagnação económica. Daqui nasceu na Europa de Leste a raiva nacionalista particularmente nos países de Visegrado: Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia. Todos estes países se recusaram a aceitar as quotas da EU que implicavam a aceitação de refugiados vindos de fora da União. Ora a abertura e a tolerância à diversidade étnica racial e de género são ainda aceites na Europa Ocidental mas há cada vez mais gente a questioná-los, tanto na Europa como nos EUA. A viragem a favor do nacionalismo identitário na Europa de leste tornará difícil para a a Alemanha e para a França implementar as reformas da EU que podem tornar as instituições europeias mais fortes. Acresce a tudo isto que não se prevê um plano de paz abrangente em relação ao Médio Oriente nem um surto de prosperidade no Norte de África. O nacionalismo promete confrontar as forças que se acredita serem criadoras de desordem e que ameaçam a soberania pessoal e nacional. Daí a criação de muros fortes que os mantenham a “Eles” do lado de fora. Ian Bremmer remata dizendo que “ a batalha entre Nós e Eles continua a flagrar em todos os países onde o medo da mudança ganha contornos crescentes “
Para que uma sociedade se mantenha unida e coesa é necessário que haja um contrato social entre cidadãos e o Estado. O sonho chinês de Xi difere do sonho americano. O actor central do sonho chinês não é o indivíduo e a família mas sim um sólido e disciplinado partido governamental. Para os americanos o contrato social terá a ver com um Governo que respeite os direito inalienáveis dos cidadãos. Na Rússia as leis existem para proteger o Estado dos perigos causados por indivíduos que desafiem a sua autocracia e não o contrário.
Com a automatização de parte de trabalhos que se preveem no futuro é necessário reescrever os contratos sociais. Assim,é preciso empregar mais pessoas e pagar salários mais altos a professores, investir mais na educação, haver que cuidar de idosos funções para as quais os humanos ( e não aos robots) ainda serão necessários durante muito tempo.. Um bom Governo não será a única solução para resolver os problemas do desemprego gerado pela automatização. É necessário que instituições sem fim lucrativo criem oportunidades de aprendizagem para crianças do mundo em desenvolvimento. Para o canadiano Tarik uma das iniciativas seria criar tablets pré-carregadas de livros escolares, aulas interactivas para crianças de zonas com pouco ou nenhum acesso à educação formal incluindo os campos de refugiados.
No final do livro Ian Bremmer coloca os desafios relevantes que os EUA e a Europa terão de enfrentar quando confrontados com a automação e a inteligência artificial. Nos países ricos irá criar agitação no seio dos trabalhadores e será também um fenómeno perturbador nos países em desenvolvimento. Há que tomar decisões importantes. Quais ? Construir Muros ? Ou reformular o Contrato Social ? A construção de muros não mata a ideia de governação responsável. A reinvenção do contrato social será politicamente inexequível em muitos países e durante muito anos. Refazer a relação entre Governo e cidadãos é bem mais prometedor do que a construção de muros que garantem segurança e prosperidade duradouras no maior número de pessoas. A sobrevivência exige que se descubramos novas formas de vivermos juntos.
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