Sábado, 23 de Março de 2019

Os Grandes Mestres da Psicologia : Sigmund Freud

 

1-Freud nasceu em 1856 em Freiberg na Morávia, actual República Checa. Era filho primogénito  de pais judeus Tinha sete irmãos e o pai era comerciante de lã. Em 1859 a família mudou-se para Viena . Em 1873 entrou na faculdade de Medicina de Viena. Terminado o curso cedo verificou  que a sua vocação era a investigação científica. Em 1881 obtém o título de doutor. Depois de estagiar no Hospital  Geral de Viena obteve o cargo de médico e mestre conferencista. Em 1885 estudou em Paris com Jean Martin Charcot. Em 1930 recebeu o prémio Goethe pelo valor  conjunto dos seus trabalhos. Em 1938 quando o exército nacional- socialista hitleriano invadiu a  Áustria, Freud foi obrigado a fugir para Londres onde veio a falecer em 1939.

2- Dos trabalhos que publicou em vida  há a referir  os seguintes: Estudos sobre o histerismo; Interpretação dos Sonhos ; Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade ; O Futuro de Uma Ilusão e o Mal Estar na Civilização-

3- Como médico dedicou-se à psiquiatria e à psicanálise. Cedo abandonou   o estudo fisiológico do cérebro para se dedicar à análise da mente. Para ele tanto  a histeria como as neuroses são doenças do foro psicológico e nada tinham a ver com lesões orgânicas ou deficiências somáticas ou biofisiológicas. Par estudar essas doenças Freud utilizou  os seguintes métodos: hipnose, associação livre de ideias e de experiências do doente; interpretação dos sonhos e estudos da sexualidade.  Segundo a teoria psicanalista de Freud no homem existem duas forças antagónicas em conflito: a pulsão da libido que se rege pelo princípio do prazer e a e a pulsão de conservação do eu que se rege pelo princípio da realidade e que procura um equilíbrio entre as duas pulsões Tudo o que pode pôr em perigo a integridade e a segurança do Eu é objecto de recalcamento ou censura . No capítulo 7º  da Interpretação dos Sonhos Freud estabelece a 1ª tópica ( modelo ) da psique humana que é constituída pelo Consciente, Pré Consciente e Inconsciente. Para o Inconsciente vai parar tudo o que é reprimido, recalcado e as lembranças das situações de conflito; O consciente representa o  Eu autêntico que interage com o mundo e as pessoas que o rodeiam ; no pré-consciente estão todos os conteúdos capazes de se tornarem em representações conscientes ou de se afundarem no inconsciente ; à censura compete libertar esses conteúdos de acordo com a conveniência. Segundo Freud o inconsciente manifesta-se de três formas diferentes : a) erros triviais do quotidiano; b) relato de sonhos; c) sintomas de neuroses

a )Os lapsos de linguagem são frequentes no dia a dia. “Se uma pessoa em vez de dizer não tive intenção  de te magoar  diz tive intenção de te magoar “.  b) Os sonhos são quase sempre a manifestação de um desejo reprimido. Têm  uma natureza simbólica e para se obter o verdadeiro significado precisam de ser descodificados. ”Estou a beber água a grande golos, sabe-me tão deliciosamente como só o pode saber uma bebida fresca quando tenho a garganta seca; e então acordo a verificar que tenho um grande desejo de beber “ ; c) O outro método de explorar o inconsciente é através dos sintomas de pacientes neuróticos. As neuroses são a maior parte das vezes consequência do recalcamento de comportamentos sexuais anormais : desvios, inversões e perversões sexuais. As forças que restringem a direcção do instinto sexual são a vergonha, a repulsa a compaixão e as construções sociais da moral e da autoridade. Para Freud  a sexualidade infantil passa pelas seguintes fases: oral, anal e fálica.. É só na puberdade que a sexualidade do indivíduo se concentra permanentemente noutras pessoas. Muitos sintomas neuróticos são também resultado da repressão dos impulsos sexuais da infância. Os rapazes quando são pequenos têm atracção sexual pela mãe de quem vêm os afectos e encara o pai com uma certa hostilidade. Com o tempo vão gradualmente identificando-se com o pai. Era neste conflito de forte preferência pela mãe e de um ódio  inconsciente pelo pai que mais tarde Freud designou por Complexo de Édipo.

A partir de 1920 Freud criou uma 2ª tópica ( modelo ) na estrutura da psique A mente passa a ser constituída por três partes distintas : Ego. Id e Super Ego. O Ego ( Eu ) é regido pelo princípio da realidade e formou-se à medida que a criança vai interagindo com o mundo. O Eu luta constantemente para preservar a sua integridade. No ID ( Isso ) encontram-se duas pulsões em conflito: uma pulsão erótica ( impulso de vida ) e uma pulsão tânatos( impulso de morte ). A ânsia de autoconservação, o desejo amoroso e sobretudo o sexual e mesmo a  tendência de carácter  narcisista são manifestações de pulsão erótica. Pelo contrário as tendências agressivas e destrutivas, o sadismo e o masoquismo são  expressões da pulsão tânatos. O Super Ego funciona como Tribunal interior que observa e controla as decisões  e as acções do Eu. O Super Ego é o resultado da interligação muitas vezes traumática de exigências e proibições familiares, sociais e culturais. Freud tem da cultura um olhar pessimista. A vida em sociedade complica-nos a existência e obriga-nos a renunciar aos nossos desejos mais autênticos em prol da segurança. Quanto à Religião considera-a como um tipo de ilusão de carácter infantil que radicava num interesse e íntimo desejo de protecção. A Arte é para Freud uma forma de muitos sublimarem uma sexualidade que por motivos pessoais ou sociais não puderam expressar ou aceitar interiormente

4-Conclusão

As teorias de Freud foram muito contestadas no seu tempo por filósofos e cientistas. Para ele o homem era mais controlado pelos seus impulsos sexuais e pelo inconsciente do que pela razão. Chama-se a isto determinismo comportamental. Considerava também a sua teoria como científica pois  todos os actos humanos podiam ser explicados pelo prisma da sexualidade. Mas na Ciência não há verdades absolutas. Uma teoria científica tem de admitir sempre uma hipótese que a possa contestar. O Complexo de Édipo assenta também numa concepção errada da família. Mas o modelo familiar evoluiu. Os papeis do pai e da mãe transformaram-se com o tempo e podem ser desempenhados por qualquer dos cônjuges. Também a concepção que Freud tem de Deus é muito contestável. O crente acredita em Deus, não pela ilusão de um desejo de protecção, mas por uma experiência pessoal ou por uma questão racional de que nada existe por acaso.

publicado por pontodemira às 08:57
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