1-Jean paul Sartre nasceu em Paris em 21 de Junho de 1905. Era filho de Jean Baptiste Sartre e de Anne Marie Sartre. Jean Paul Sartre ficou órfão de pai quando tinha apenas 15 meses e então mudou-se com a mãe para casa dos avós maternos. Até aos 10 anos foi educado em casa pelo avô e por alguns preceptores contratados. Desde muito cedo começou a ter acesso a obras literárias pertencentes ao seu avô. Ganhou também interesse pelo cinema que frequentava com a sua mãe. Em 1917 a mãe casou novamente com Joseph Mancy que passou a ser cotutor de Sartre e vão viver para La Rochelle. Em 1933 candidatou-se a uma bolsa de estudo e foi viver para Berlim tendo estudado obras de Husserl e a filosofia de Heidegger.Em 1939 serviu como meteorologista na 2ª Guerra Mundial. Foi aprisionado pelos alemães e permaneceu na prisão até 1941. De volta a Paris aliou-se à Resistência Francesa. A partir de 1950 tornou-se activista político e defendeu a libertação da Argélia. Foi também defensor das ideias marxistas. Em 1964 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura que ele recusou. Morreu em 15 de Abril de 1980 em Paris.
2-Sartre foi escritor e filósofo. No livro “ As Palavras “ que é uma autobiografia, Sartre dá a conhecer a sua paixão pelos livros e o seu interesse precoce pela leitura e pela escrita. Mostra ainda o seu ateísmo quando diz “ o ateísmo é uma empresa de longo fôlego e creio tê-la levado ao fim”. Faz ainda revelações surpreendentes como : “ Quanto mais absurda é a vida, menos suportável é a morte.” E acrescenta ainda “ As ervas daninhas também crescem; é a prova de que se pode chegar a grande sem deixar de ser mau “.
No livro a “ Náusea “ dá-nos também indicações do seu existencialismo latente . É um romance em forma de diálogo em que Sartre incarna a personagem principal denominada Roquentin. É notório o seu pessimismo quando diz “ Não tinha o direito de existir. Tinha aparecido por acaso, existia por acaso, existia como uma pedra, uma planta, um micróbio. A minha vida crescia à sorte e em todos os sentidos. Não posso pensar que vou pensar. Existo porque penso. Agora sei : existo, o mundo existe. E é tudo. Mas é-me indiferente. O essencial é o contingente não é a necessidade.” E mais adiante, a farpa é dirigida a Deus : “ Nenhum ser necessário pode explicar a existência; a contingência não é nenhuma ilusão óptica, uma aparência que se possa dissipar ; é o absoluto e por conseguinte a gratuitidade perfeita “ E conclui dizendo : “ O mundo está presente em toda a parte, à frente, atrás. Não houve nada antes dele, não. Não houve mundo em que ele tivesse podido não existir “ Mas é no livro O Ser e o Nada” que Sartre desenvolve mais aprofundadamente o seu sistema filosófico e reflecte sobre o conceito ontológico da existência.
3- Edmund Husserl e Martin Heidegger tiveram uma importância relevante no desenvolvimento do pensamento filosófico de Sartre. Ao primeiro foi Sartre buscar a metodologia fenomenológica. Deste modo o real está naquilo que vemos ou experimentamos. Ficam de lado as ideias transcendentes à margem da experiência existencial. Tal como Heidegger também para Sartre a existência é uma característica fundamental do homem. Existir é estar no mundo e não existe nenhum ente superior a não ser o homem
As traves mestras do pensamento filosófico Sartriano são: a Existência, o Existencialismo e a Liberdade.
Existência Para Sartre viemos ao mundo sem saber quando, como, nem porquê. A existência é uma contingência, uma finitude. A contingência e a morte levam-nos ao absurdo da vida. Resta ao homem resistir e viver na compreensão desse absurdo. Roquentin uma personagem do livro a Náusea diz com angústia e desespero “ estamos aqui tantas pessoas a comer e a beber para conservar a nossa existência e não há nada, nenhuma razão para existir.” Para Sartre a existência precede- é anterior- à essência. O homem elabora ideias, essências , teorias no decorrer da sua existência.
Existencialismo. Da análise ontológica, ou real, das coisas do mundo Sartre chega a três conceitos fundamentais: o em si, o para si, e o para o outro.
O em si é o mundo de todas as coisas que existem. O ser é, o ser é o que é, o ser em si não tem consciência de si e do mundo
O ser para si é a consciência ou encontro da consciência com o puro em si. É a consciência humana mas não tem consciência definida.
O para o outro. Sartre não defende o solipsismo. Só através da relação com as outras pessoas o homem se consegue ver como parte do mundo. O ser para si só é para si através do Outro
Liberdade- Para Sartre o homem deve ter uma liberdade total sem atender a normas morais. Afirma também que somos responsáveis pelo passado, pelo presente e pelo futuro e que o homem está condenado a ser livre. Não nega o determinismo a que estamos sujeitos mas entende porém que somos o que queremos ser e o que escolhemos ser. Embora a liberdade do homem não esteja limitada por normas morais a verdade é que a sua liberdade não é absoluta. O homem não só é responsável pela sua estrita individualidade mas também por todos os homens. Deste modo na sua acção o homem deve ter um projecto, um compromisso solidário ( engagement) com outros homens. Esta forma de pensar só aconteceu mais tarde com a sua evolução política.
4- CONCLUSÃO
O existencialismo ateu de Sartre nega os princípios morais e os dogmas da Igreja. Numa conferência que deu intitulada “ O existencialismo é um humanismo “ refere que o existencialismo não pode ser refúgio para o ódio, a violência e o escândalo. Pode haver uma moral laica em que os valores existam sem necessidade da existência de Deus” . De qualquer forma Sartre é um filósofo excessivamente individualista e tem na sua base uma concepção hedonista da vida que se pode resumir na frase ( profiter de la vie ) , aproveitar-se da vida, gozar o mundo que se pode, numa vida sem sentido.
. A TARDE DO CRISTIANISMO- ...
. LIBERALISMO E SEUS DESCON...
. UMA TEORIA DA DEMOCRACIA ...
. O REGRESSO DA HIPÓTESE DE...
. ATÉ QUANDO IRÁ DURAR A GU...
. UMA BREVE HISTÓRIA DA IGU...
. A SABEDORIA EM TEMPO DE C...