Estamos a poucos dias da eleição presidencial. Até ao momento o que se tem visto são ataques recíprocos de alguns candidatos que vão pesquisar o currículo e os antecedentes de cada um para explorar os factos mais desfavoráveis. São poucos os que apresentam um programa ideológico credível.
Quando assistimos a alguns debates na televisão ficamos com a impressão que estamos perante candidatos a primeiro-ministro. A verdade é que o Presidente da República não pode interferir na área governamental. A Constituição diz expressamente no artigo 123º que ao Chefe de Estado cabe representar a República Portuguesa e garantir a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas.
Se um governo tem maioria no Parlamento o Presidente da República tem um papel mais apagado e goste ou não goste tem de promulgar as leis da Assembleia da República e os decretos do governo. O caso muda de figura se o Governo é minoritário como acontece actualmente. Se lhe faltar a base de apoio cabe ao Presidente da República dialogar e arranjar consensos que permitam viabilizar o governo sem recorrer a novas eleições.
Há países como a Alemanha e a Itália em que o Presidente da República é eleito pelo Parlamento e não por sufrágio universal. Nestes países o Presidente da República tem apenas o poder de representar o Estado. Em Portugal vigora o regime semipresidencialista em que o Presidente da República tem poderes mais amplos e pode em certos casos dissolver a Assembleia da República e demitir o Governo ou ser árbitro ou mediador de consensos. Será que este regime compensa os gastos que se fazem com as eleições? Há muitos candidatos que concorrem às eleições apenas para ganhar popularidade e notoriedade. Prometem fazer coisas que não cabem nas atribuições do Presidente da República. Outros não têm preparação nem experiência política para desempenhar um cargo de tal responsabilidade. O que se vê muitas vezes na campanha de rua é puro folclore e demagogia para cativar votos.
1-Infelizmente o ano de 2015 não deixou boas recordações para muita gente. Houve acontecimentos que vão levar tempo a sarar e a esquecer: terramotos, tornados, inundações, imigrantes que fugiram precipitadamente à guerra,à fome e à miséria e também atentados terroristas. Houve milhares de pessoas que morreram vítimas destas tragédias.
2-Quase todos os anos se verificam , com certa regularidade, situações de catástrofe ou temporais que reduzem a escombros determinadas localidades. O clima está alterado e é fácil relacionar tudo isto com as agressões continuadas ao meio ambiente. A poluição aumenta assustadoramente e na China as pessoas são obrigadas a usar máscaras para se protegerem dos gases tóxicos. Os incêndios florestais e a produção de gases de estufa vêm pôr em causa os ecossistemas e a biodiversidade. Há espécies vegetais e animais que estão a desaparecer e que fazem falta ao equilíbrio ambiental. No cerne de tudo isto está a globalização das tecnologias, o liberalismo económico que visa apenas o lucro, a alta produção e que despreza e desvaloriza o desemprego, o consumismo desenfreado dos países ricos e a criação intensiva de gado que é em grande parte responsável pela poluição. A cultura do consumismo assenta no pressuposto que os bens da Terra são inesgotáveis, o que é falso. Se esta mentalidade se mantiver e os combustíveis fósseis não forem substituídos pelas energias renováveis caminhamos, inexoravelmente para a morte do planeta Terra. O Papa Francisco na carta encíclica “ Louvado Sejas “ diz o seguinte: “ O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres da Terra especialmente em África, onde o aumento das temperaturas juntamente com a seca tem efeitos desastrosos no rendimento das culturas. A isto acrescenta-se os danos causados pela exportação de resíduos sólidos e líquidos tóxicos para os países em vias de desenvolvimento e pela actividade poluente de empresas que fazem nos países menos desenvolvidos aquilo que não podem fazer nos países que lhes dão o capital “ ( pag 37 e 38 )
3-O outro problema candente da actualidade é o êxodo de imigrantes da Síria e de alguns países africanos que fogem à guerra e à fome. Muitos deles vêm a morrer ou continuam a morrer nas águas do Mediterrâneo. Os que sobrevivem e conseguem entrar na Europa nem sempre são bem acolhidos. Alguns países mais xenófobos erguem muros de arame farpado para não poderem passar. Acredito que nem todos têm condições para dar abrigo a muitos imigrantes. Em Portugal, por exemplo, há um elevado número de desempregados e as condições não são as mais favoráveis. De qualquer forma com boa- vontade e se alguns derem um pouco do que têm a situação pode resolver-se. Estou a lembrar-me da viúva do Evangelho que deitou na caixa das esmolas tudo quanto tinha e é elogiada por Jesus porque tinha dado mais que todos os outros que deram apenas o que lhes sobrava. É bom não esquecer que também temos portugueses que emigram para outras terras e naturalmente esperam ser bem recebidos.
4-Finalmente temos os atentados dos jiadistas fanáticos. Pensam que são iluminados e que só eles detêm toda a verdade e também o poder de matar em nome de Deus. Se Deus existe, como todos os crentes acreditam, ele tem de ser pai de todas as criaturas e não apenas de alguns privilegiados. E um pai, um verdadeiro pai, não manda matar um filho. Para os cristãos Deus é um pai de amor e misericórdia capaz de perdoar mesmo ao filho pródigo que o abandonou mas se mostrou arrependido. Os que fazem parte do Estado Islâmico vivem na utopia de dominarem o Mundo com a sua ideologia ,como se isso fosse possível. O que é certo é que a sua argumentação e verborreia consegue atrair gente jovem que vive na Europa e se deixa facilmente seduzir por aventuras suicidas. Estes jovens são na maior parte desempregados que não estão integrados nas sociedades onde vivem e se deixam envolver em actividades criminosas como forma de protesto pois pensam que se morrerem irão para o paraíso como heróis.
A verdade é que não é fácil combater o terrorismo. Os terroristas vivem camuflados e procuram não dar nas vistas. Só pela denúncia de suspeitos se poderá conseguir alguma coisa. Seria também preciso descobrir e bloquear ou desencorajar os países que fornecem armas e ajudam os terroristas. Os bombardeamentos não são o meio mais eficaz de combater os terroristas pois com eles morrem também muitos civis inocentes. Há um provérbio latino que diz o seguinte: “ Si vis pacem para bellum ( Se queres a paz prepara a guerra ). É verdade que todos os Estados têm de estar preparados para combater no caso de eclodir uma guerra. Esta deve ser no entanto o último recurso depois de esgotados todos os outros meios. Antes de mais terá de haver diálogo entre as partes envolvidas no conflito. Tratando-se de religiões é fundamental o diálogo inter-religioso pois sem este não haverá paz. A História diz-nos que todas as ideologias de cariz totalitário mais tarde ou mais cedo acabam por morrer. Por isso há que ter esperança em dias melhores.
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