A encíclica Lumen Fidei ( A Luz da Fé )
1-A primeira carta encíclica do Papa Francisco tem por título “ Lumen Fidei ( A luz da Fé ). Segundo se lê na Introdução o esboço desta encíclica foi feito pelo Papa emérito Bento XVI que já anteriormente tinha escrito sobre a Caridade e a Esperança. Completou-se assim a tríade das virtudes teologais.
É bom e pertinente meditar sobre a Fé numa altura em que na Europa se estão a perder os melhores valores do cristianismo. Em Portugal as estatísticas dizem que são cada vez menos as pessoas e sobretudo os jovens que frequentam a Igreja. Vivemos num tempo de grande agitação em que se faz tudo a correr e não há tempo para reflectir. A sociedade é marcada por três elementos negativos : o materialismo ( não existe Deus ) , hedonismo ( o que conta é o prazer ) e o relativismo ( não há valores porque tudo é relativo ).
2-Na carta encíclica o tema é desenvolvido nas seguintes vertentes :
a-A Fé que encaminha
Abraão e Moisés não hesitaram em seguir o caminho proposto por Deus e partiram rumo ao desconhecido. Escutaram e aceitaram o chamamento de Deus e foram por isso recompensados.
b-A salvação pela Fé
A Fé é um dom gratuito de Deus e é por ela que o homem se salva. Aquele que procura justificar-se a si mesmo perante Deus pelas obras que pratica e não reconhece que a origem do bem está em Deus, fecha-se em si mesmo e a sua vida torna-se vã.
c-Fé e Verdade
Hoje há uma propensão para associar a verdade à tecnologia e à ciência sendo verdade apenas aquilo que se consegue “ construir e medir com a ciência” ; verdade é o “ que funciona e torna a vida mais cómoda e aprazível” . Mas a verdade não está só ,e apenas, no palpável ,no empírico mas também no invisível.
d-A Fé como escuta e visão
A Fé vem da escuta como diz São Paulo (Rm 10,17 ). Quando São Paulo perseguia os judeus ouviu a voz de Deus e converteu-se. Também quando Jesus ressuscitou, os discípulos viram-No e a fé deles fortaleceu-se. Maria Madalena anunciou Jesus aos discípulos dizendo : “ Vi o Senhor “ ( Jo 20,18 ). A fé é assim uma síntese entre o ouvir e o ver.
e-Fé e Razão
A Fé a Razão não são incompatíveis. A ciência e a razão por mais que se esforcem não conseguem decifrar o mistério insondável do infinito. É pela Fé que chegamos ao transcendente, à origem de tudo quanto existe.
“ A Fé desperta o sentido crítico, enquanto impede a pesquisa de se deter satisfeita, nas suas fórmulas e ajuda-a a compreender que a natureza sempre as ultrapassa. A Fé alarga o horizonte da razão. “
f-A Fé e a busca de Deus
A Fé é a luz que ilumina o caminho de todos os que procuram Deus. “ Quem se põe a caminho para praticar o bem já se aproxima de Deus, já está sustentado pela sua ajuda, porque é próprio da dinâmica da luz divina iluminar os nossos olhos, quando caminhamos para a plenitude do amor “ . Os que praticam o bem, apesar de não acreditarem em Deus estão também no bom caminho pois sem o saberem procuram agir como se Deus existisse.
g-A Fé e o bem comum
A Fé não ilumina apenas. A Igreja não está exclusivamente orientada para o além e para o eterno mas ajuda também a construir uma sociedade virada para um futuro de esperança.
h-A Fé a família
A família é também o meio propício ao crescimento da fé. O testemunho e o exemplo dos pais irá ter uma importância e uma influência enorme na educação dos filhos enraizando neles a fé que será mais sólida e menos vulnerável às mudanças e às dúvidas que o tempo irá inevitavelmente provocar.
i-A fé e o sofrimento
A fé dá o alento e a esperança a quem sofre. “ O cristão sabe que o sofrimento não pode ser eliminado, mas pode adquirir um sentido : pode tornar-se um acto de amor, entrega nas mãos de Deus que não nos abandona e, deste modo ser uma etapa de crescimento na fé e no amor “ E conclui dizendo : “ ao homem que sofre Deus não dá um raciocínio que explique tudo , mas oferece a sua resposta sob a forma de uma presença que o acompanha, de uma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz “
Jesus Cristo também sofreu na cruz mas ao ressuscitar abriu o caminho da esperança e deu sentido à nossa existência pois a vida não acaba, aqui, na Terra.
j-A Virgem Maria como símbolo e ícone da Fé
A encíclica termina com uma citação de São Lucas ( 1,45 ): “ Feliz de ti que acreditaste “. Esta foi a expressão com que Santa Isabel se dirigiu à Virgem Maria quando aceitou sem hesitar o convite do Anjo para ser Mãe de Jesus. A parte final é uma oração de invocação a Maria, Mãe da Igreja e mãe da nossa Fé.
Francisco José Santiago Martins
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