A Exclusividade dos médicos
1-Quando foi implementado o Serviço Nacional de Saúde havia poucos médicos e por isso a maioria deles passou a trabalhar na rede pública e privada. Durante muitos anos as vagas de acesso às faculdades de medicina não aumentaram e o número de médicos foi sempre insuficiente para cobrir as necessidades do país. Há muitas pessoas qua ainda não têm médico de família ou se vêem obrigadas a esperar muito tempo por uma consulta. O mesmo se passa com as intervenções cirúrgicas onde os atrasos são consideráveis.
2-No que diz respeito aos blocos operatórios a situação poderia melhorar de forma significativa se os médicos do serviço público passassem a trabalhar em exclusividade de funções. A título de exemplo vou citar uma situação que se passou comigo. Tendo consultado um médico otorrino fui informado que precisava de ser operado a uns pólipos no nariz. Alguns dias depois andava a passear na baixa de Coimbra e vi um cartaz de um médico especialista que trabalhava nos Hospitais da Universidade. Pensei , com os meus botões, ter encontrado a solução para ser operado num hospital público com menos despesa. Mas enganei-me. O médico que me atendeu disse-me que se me inscrevesse na lista do hospital iria esperar quase um ano pela operação. Se porventura optasse pela sua clínica ainda nessa semana seria operado. Não restam dúvidas que a produtividade dos médicos que trabalham nos serviços públicos do Estado seria outra se trabalhassem em regime de exclusividade. A promiscuidade entre o público e o privado só traz prejuízo para os doentes.
3-Se o ministro da saúde quiser enveredar pela via da exclusividade terá que naturalmente sondar os médicos e saber quais os que voluntariamente irão aderir a esta opção. Neste caso os médicos terão que ser bem remunerados premiando a qualidade e a quantidade do serviço prestado. Isto poderá ser um forte estímulo na escolha a fazer. Acresce ainda que alguns hospitais públicos estão mais bem apetrechados que os privados. Este é outro motivo para reflexão para quem tem de fazer escolhas.
Esta reforma é absolutamente necessária e de grande utilidade para o bom funcionamento do serviço público de saúde. Iria sem dúvida melhorar a qualidade e produtividade do serviço prestado. Veremos o que vai pesar mais: se o espírito corporativista da classe médica ou o interesse dos utentes e beneficiários do Serviço Nacional de Saúde.
Francisco Martins
1-Quando o Eng. Sócrates apresentou pela primeira vez ao país o projecto do TGV , o actual primeiro-ministro Passos Coelho e o PSD opuseram-se de imediato dizendo que o Portugal não tinha condições financeiras para dar execução a esta obra. Há bem pouco tempo apareceram títulos na imprensa dando a entender que o Governo tinha mudado de opinião. Mas as informações que foram veiculadas eram díspares e desconexas: “ o governo avança em 2014 com a linha do TGV entre Lisboa e Madrid ; Álvaro Santos Pereira diz que o TGV só vai fazer-se a partir de 2015; e finalmente o Secretário de Estado Sérgio Monteiro esclarece que a linha ferroviária é exclusivamente para mercadorias. “ . Tudo isto prova a desordem que vai no Governo onde cada um fala por si com desmentidos sucessivos.
2-O TGV é uma obra polémica e fracturante que não é aceite por todos os portugueses. Tem aspectos positivos e negativos. Sabemos que iria criar empregos a milhares de trabalhadores e dar vida a muitas indústrias relacionadas com os materiais a fornecer para a obra. Era sem dúvida um estímulo poderoso para a nossa economia que está em fase de recessão. Por outro lado a CE iria financiar 85% os custos de execução cabendo ao Estado português os 15% restantes. Há no entanto aspectos negativos a ter em conta. Um questão que desde logo se coloca é a de saber em quanto vão importar os custos de manutenção. Será que as receitas com a exploração da linha darão para cobrir as despesas ? E os 15% que o Estado português irá pagar não vão aumentar ainda mais a nossa dívida ?
3-Mas o que é mais curioso e interessante no meio de tudo isto é a reviravolta que Passos Coelho e o Governo deram a respeito do TGV. Antes o país não estava em condições de se aventurar numa obra de gigantescas proporções pois iria agravar a situação financeira do país. De um momento para o outro tudo mudou. Até parece que vivemos no melhor dos mundos e que o pior já passou.
Esta situação vem comprovar aquilo que já sabemos de há muito. A maioria dos políticos mentem descaradamente. Dizem uma coisa na oposição e fazem outra quando estão no Governo. São verdadeiros cataventos que mudam de opinião conforme as circunstâncias. É por estas e por outras que muitos cidadãos nas eleições não votam ou votam em branco. É preciso que os políticos sejam coerentes com o que afirmam e sinceros com o que dizem pois só assim se poderá credibilizar a democracia.
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