1-A agência de notificação Moody,s ao colocar Portugal na categoria de lixo, desencadeou um verdadeiro terramoto político. As críticas choveram de todo o lado e a indignação foi geral. Numa altura em que estão a ser implementadas rigorosas medidas de austeridade a classificação que nos foi atribuída parece , em princípio, descabida e desproporcionada. É um facto que estas agências trabalham ao gosto de quem lhes paga bem. Naturalmente que as pessoas que emprestam dinheiro querem ter o máximo lucro e daí que as agências baixem as cotações para que os juros subam. É tudo um negócio sujo em que os mais ricos exploram os países mais pobres. Depois as agências de rating também erram. Veja-se o que aconteceu nos EUA com a crise do imobiliário que depois contagiou muitos países entre os quais Portugal. As agências ou não viram , e por isso são incompetentes , ou se viram trabalham para os corruptos, devendo para tal ser penalizada e atiradas, elas próprias , para a categoria de lixo. 2-Apesar dos exageros não podemos subestimar totalmente a classificação da Moody,s a Portugal. A nossa dívida pública e os juros com ela relacionados estão a atingir proporções alarmantes . Com a economia estagnada ou em recessão é cada vez mais difícil solver os nossos compromissos. Estivemos durante muitos anos a gastar além das nossas possibilidades em betão armado, em obras sumptuárias e a conceder prémios e ordenados escandalosos a cargos directivos ou de chefia. As empresas públicas e municipais proliferaram como cogumelos e o Estado engordou sem limites ou restrições. A nossa dívida interna e externa foi crescendo e hoje só com medidas muito austeras e gravosas para a maioria dos portugueses se consegue pôr a casa em ordem. Mas o aumento dos impostos tem limites e os cortes nas despesas poderão não chegar se a economia não crescer. A melhor maneira de calarmos as agências de notificação internacionais será o trabalho que formos capazes de desenvolver nos próximos anos. E teremos de começar desde já pela redução do défice orçamental que parece incontrolável. As dotações orçamentais de cada ministério deviam ser rigorosamente cumpridas e responsabilizados todos os que ultrapassassem esses limites, salvo em circunstâncias excepcionais devidamente justificadas. Os orçamentos rectificativos começaram a ser quase todos os anos uma regra em vez de serem uma excepção. Se não houver uma execução orçamental rigorosa dificilmente sairemos do fosso em que nos encontramos. 3-De vez em quando fala-se de outros países europeus como a Itália e a Espanha que também estão com problemas de financiamento. Se a crise alastrar o contágio poderá pôr em perigo a sobrevivência da União Europeia. Não será nada fácil conseguir dinheiro para ajudar tantos países. Na última cimeira do Conselho Europeu foram já tomadas medidas positivas. O Fundo Europeu de Estabilização ( FEEF ) pode ser utilizado para comprar dívida no mercado secundário, para recapitalizar instituições financeiras e ainda para actuar preventivamente em países em dificuldade. Por outro lado os juros dos futuros empréstimos passaram de 5 % para 3,5 % e o prazo dos empréstimos foi alargado para 15 anos. Mesmo assim os juros ainda são elevados e se não houver uma reestruturação da dívida anterior, Portugal vai ter muita dificuldade em cumprir as seus compromissos sem ter de recorrer a novas ajudas. De qualquer forma para muitos países, e citando o Prof. Freitas do Amaral numa entrevista que deu ao Semanário Expresso , a situação só se resolverá com a criação de fundos comunitários ( eurobonds ) ou então com uma saída da zona euro que não seja muito penalizadora. As dúvidas sobre uma Europa coesa e solidária mantêm-se . Tudo vai depender da estratégia a seguir pelos países mais ricos como a Alemanha e a França. Se esses países olharem egoisticamente para os seus interesses económicos a União Europeia irá desfazer-se e voltar tudo ao que era antes. As futuras eleições na Alemanha e na França poderão ditar futuramente a política europeia. FRANCISCO JOSÉ SANTIAGO MARTINS
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