1-Estamos a aproximar-nos do dia de Natal. Esta é um época de grandes tradições familiares e cristãs. À mesa da consoada vão juntar-se os familiares mais próximos. Os que por razões de vária ordem não podem comparecer marcam presença em espírito. Mas a verdadeira tradição cristã do Natal está a perder-se. O símbolo que predomina, um pouco por todo o lado, é o Pai-Natal e não o presépio. O Natal transformou-se numa rotina consumista e de excessos alimentares. Poucos são os que vão à missa e para quem Jesus Cristo diz alguma coisa. E no entanto Jesus marcou a História e a cultura europeias.
2-Festejamos o Natal no dia 25 de Dezembro mas o facto é que não se sabe ao certo nem o ano nem a data exacta. O que a história nos diz é que Jesus nasceu no tempo do imperador romano Octávio Augusto e de Herodes rei dos judeus. Por paradoxal que pareça Cristo nasceu antes da era cristã ou seja entre ( 6 e 4 ). O erro deve-se ao monge Dionísio, o Pequeno , que no século VI fez o cálculo errado, situando o início da era cristã no ano de 754 depois da fundação de Roma e não no ano de 750, ano em que morreu Herodes, ou seja 4 anos mais tarde. A partir do imperador Constantino no século IV , o Natal passou a ser celebrado no dia 25 de Dezembro. A origem desta escolha está no facto de os pagãos celebrarem nesta data a festa do Rei Sol. Assim substituiu-se o culto de um deus pagão por Cristo que é Sol e Luz para toda a Humanidade.
3-Através das fontes que possuímos, particularmente pelos evangelhos de Mateus e de Lucas sabemos que Jesus nasceu em Belém e passou a sua infância na Galileia. Iniciou depois a sua vida pública percorrendo a região do Jordão, a Galileia, a Judeia, vindo a passar os últimos dias em Jerusalém onde foi crucificado. Na sua mensagem anuncia Deus, Pai e o seu Reino. E os sinais do Reino estão precisamente nos prodígios que realiza: expulsa os demónios, cura e faz milagres. Jesus estabeleceu amizade com pobres e pecadores. Perdoou a todos e e acolheu os pobres e marginalizados da sociedade. Pelas suas palavras muitos são os que os que se convertem e mudam de vida. Mas o fulcro e o centro da sua mensagem está na Lei do Amor e do perdão. O ódio e a vingança caem por terra e são substituídos pelo amor e pela bondade. Toda a parafernália de Leis que os judeus tinham resumem-se a uma só Lei : “ Ama a Deus com todas as tuas forças e ao próximo como a ti mesmo. “ Neste princípio se consubstancia toda a fé cristã. Jesus ao tronar-se homem veio aproximar Deus de nós. Deus fez-se Homem para nos salvar. Deste modo já não é aquele deus abstracto, longínquo e distante dos gregos e romanos a quem é preciso aplacar a ira com sacrifícios e oferendas. Jesus ao assumir a condição humana e ao ressuscitar abriu um caminho de esperança para todos os homens.
4-Seria bom que o Natal fosse também um tempo de reflexão e de partilha. Há muita gente que vive em condições miseráveis, em bairros de lata ou sem um abrigo onde se recolher. Outros passam fome e morrem de doenças. Ora, os bens e as riquezas do Planeta Terra, criados por Deus não são exclusivo de ninguém e deviam estar ao serviço de todos. Se os recursos existentes forem bem aproveitados e os géneros alimentares bem distribuídos evitar.se-iam situações de carência extrema.. Há países africanos onde as ajudas humanitárias não chegam porque não existem estradas nem infra-estruturas que permitam um rápido abastecimento. Em épocas de abundância estragam-se muitos produtos que não têm venda e que poderiam matar a fome a muita gente. Depois temos as multinacionais que para terem mais lucros deslocalizam as empresas lançando no desemprego milhares de trabalhadores.
Todos estes casos se poderiam resolver através da solidariedade internacional: das nações mais ricas mas também de todos e de cada um de nós. Jesus nos evangelhos louva os que são capazes de partilhar com os outros do que têm. Chega mesmo a elogiar uma pobre viúva que deitando na caixa das esmolas poucas moedas deu tudo quanto tinha. A partilha, da qual ninguém se devia excluir ,é um dos mais nobres gestos do ser humano. E será esta a via a seguir se quisermos edificar uma sociedade mais justa e fraterna.
FRANCISCO MARTINS
1-Vi na televisão uma reportagem sobre o Padre Rui, pároco de Carvalhos, Celorico de Basto, que se apaixonou por uma rapariga de 18 anos e por isso foi obrigado a abandonar a paróquia. Algumas pessoas disseram que foi um homem corajoso pois comunicou oportunamente ao bispo e aos familiares a sua decisão. Eu não vou tão longe e diria que cumpriu simplesmente o seu dever . Qualquer pessoa honesta e de boa- fé faria o mesmo.
Na reportagem, o Padre Rui confessou que se sentiu ameaçado através de cartas anónimas. Mas não se percebe bem o que esteve na origem dessas ameaças. Será que alguém reparou que os dois estavam apaixonado e quis desta forma que as coisas se decidissem mais rapidamente ,evitando amores clandestinos. ? Afinal o que levou o Padre Rui a renunciar ao sacerdócio ? Foram as ameaças, o desejo de contrair matrimónio ou os dois motivos simultaneamente ?
Quando um sacerdote ao fim de um ano de ministério quebra o juramento de castidade algo parece estar errado. Uma vocação sólida não se afunda em tão pouco tempo. De qualquer maneira temos que considerar que a carne é fraca e nem sempre somos capazes de honrar os nossos compromissos. Por isso a Igreja católica terá que ponderar, num futuro próximo, a possibilidade de os sacerdotes optarem livremente ou pelo celibato ou pelo casamento. Todos sabemos que os primeiros apóstolos eram casados e só no Concílio de Elvira no século IV a Igreja tornou o celibato obrigatório.
Da leitura dos quatro Evangelhos verificamos que apenas em São Mateus há uma referência ao tema casamento e celibato. Jesus depois de condenar o divórcio e de dignificar o matrimónio diz aos seus discípulos que há homens “ que se fizeram eunucos a si mesmos, por amor do Reino dos Céus “ ( Mat 19,12 ). Sem pôr em causa o valor do casamento, Jesus admite que há casos especiais de pessoas que perante o chamamento de Deus são capazes de prescindir do matrimónio e pôr as suas vidas ao serviço do Reino. Temos assim a vocação como um dom de Deus.
Também São Paulo na sua carta aos Coríntios se refere ao assunto de forma directa e assertiva : “ Desejava que todos os homens fossem como eu, mas cada um recebe de Deus o seu próprio carisma, um de uma maneira , outro de outra. Aos solteiros e às viúvas digo que é bom para eles ficarem como eu. Mas, se não puderem guardar continência, casem-se ; pois é melhor casarem do que ficarem abrasados “ ( 1 Cor 7,7 ). Das palavras de São Paulo podemos concluir que tanto o matrimónio como a virgindade devem entender-se como um carisma, ou graça especial de Deus..
Também o sacerdócio tem que ser considerado como uma vocação ou chamamento de Deus. Pessoalmente não creio que o ministério sacerdotal seja incompatível com o casamento. É certo e inegável que o celibato dá ao sacerdote mais tempo disponível e uma maior entrega ao serviço dos seus paroquianos. Não sou dos que pensam que a falta de vocações se devem ao facto de os padres não se poderem casar. De qualquer forma parece-me que nos tempos que correm todos são bem-vindos e necessários na divulgação do Reino de Deus : casados, solteiros, homens e mulheres.
2-Homem de coragem é também Alberto João Jardim. Mas o nome mais apropriado para ele seria o de chantagista bem sucedido. Ameaçou que os deputados do PSD Madeira não aprovariam o orçamento de Estado para 2010 se o governo não permitisse o aumento da capacidade de endividamento da Madeira. E conseguiu o que queria pois foi acordado que podia contrair uma dívida até 79 milhões de euros.
O Dr.Jardim esqueceu-se porém que os deputados da Madeira na Assembleia da República não foram eleitos para defender exclusivamente os interesses insulares mas sim os de Portugal no seu todo. No Continente existem também regiões interiores como Trás-os-Montes e as Beiras, que se encontram bastante atrasadas em relação ao litoral e necessitam de grandes investimentos para se desenvolverem. Tem de haver sempre uma justa e equitativa redistribuição dos dinheiros públicos para não se cair em discriminações inaceitáveis. O endividamento do Estado implica cortes nas despesas orçamentais que se aplicam não só às autarquias mas também aos governos regionais , sem privilegiar ninguém.
FRANCISCO MARTINS
A economia do país está doente e os dados estatísticos que nos chegam todos os dias comprovam-no. São poucas as empresas que se mantêm de pé. O desemprego já vai nos 10,2 % e tende a aumentar. As exportações são insignificantes para reequilibrar a balança de pagamentos. Em muitas regiões pratica-se uma agricultura de subsistência. Face à concorrência estrangeira muitos produtos agrícolas não são rentáveis. Portugal produz vinho e azeite de boa qualidade mas que não têm saída nem escoamento. Resta-nos o turismo se o soubermos explorar.
Dado que a economia estagnou e não dá sinais significativos de crescimento o governo terá que investir em obras públicas, em energias renováveis, no apoio às pequenas e médias empresas, na formação de jovens e de mão de obra qualificada. Atendendo ao endividamento do país terão de se pôr de lado as obras não prioritárias como o TGV e a terceira ponte sobre Lisboa e dar seguimento às que mais servem os interesses das populações : escolas, hospitais, creches e estradas. Nunca como hoje foram tão actuais as teorias de Keynesianas que , “ grosso modo “ se poderão resumir do seguinte modo: as baixas taxas de juros vão estimular o consumo e o investimento. Estes trazem como consequência um aumento da procura que por sua vez provoca uma maior oferta levando os produtores a aumentar as mercadorias produzidas e a lançar maior quantidade no mercado. Deste modo tanto o consumo como o investimento vão estimular a criação de emprego. O Estado terá que ser o primeiro a dar o exemplo investindo , criando emprego e estimulando a economia
Em estreita ligação com a economia estão as finanças do país. O deficit orçamental já vai nos 8% e também tem tendência para aumentar. Para o reduzir só há duas vias : ou aumentar as receitas ou diminuir as despesas.. Aumentar os impostos às classes médias e baixas seria um desastre e os partidos da oposição também não o permitiriam. Resta o combate à fraude fiscal e o agravamento dos impostos aos que têm altos rendimentos -gestores públicos e privados, banqueiros e detentores de grandes fortunas. A redução das despesas só poderá aplicar-se aos gastos supérfluos e pela diminuição de regalias e privilégios aos altos dignitários do Estado. O despedimento de pessoal administrativo na função pública não é solução que se coloca pois iria agravar ainda mais o desemprego.
Além do deficit orçamental há ainda a dívida pública que se cifra em 80% do PIB. Esta é outra preocupação que põe em risco o nosso futuro. Se nos continuarmos a endividar a este ritmo caminharemos a passos rápidos para a falência. Será que esta situação nos poderá afastar da zona do Euro ? Será que entraremos em bancarrota à semelhança do que aconteceu há anos na Argentina ? Serão hipóteses que não podemos descartar se os políticos não encontrarem a terapêutica adequada. Penso que muitos dos nossos bancos devem estar numa situação difícil embora não digam nada para evitar o pânico. Os depósitos a prazo não rendem nada e é natural que os aforradores gastem o dinheiro em bens de consumo. Se os depósitos começam a faltar os Bancos têm de recorrer ao empréstimo interbancário que certamente vai praticar taxas de juros mais elevadas. E é no diferencial entre as operações activas e as passivas que os Bancos tiram os seus lucros. Quanto mais apertado for esse diferencial menor são os ganhos. A acumulação de créditos malparados e as aplicações de depósitos em investimentos de alto risco são meio caminho andado para a falência dos Bancos.
Perante a situação preocupante que o país atravessa os partidos políticos na Assembleia da República gastam o tempo em ataques pessoais ao primeiro-ministro e em assuntos que só aos tribunais dizem respeito. Seria bem melhor que se encontrassem e apresentassem soluções para reduzir o deficit e o desemprego e para estimular a economia. É pena que não haja acordo no essencial e se perca tempo em questões secundárias. O pior que nos poderia acontecer era os partidos provocarem a queda do Governo e lançarem o país num ciclo de instabilidade do qual dificilmente conseguiremos sair. O que os portugueses esperam é que a classe política assuma as suas responsabilidades colocando os interesses do país acima das guerras partidárias.
FRANCISCO MARTINS
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