1-Há dias, quando acabou o telejornal das 13 horas na RTP, mudei de canal e fui parar à TVI que estava a transmitir o programa “ Tardes da Júlia “. O tema em debate era, espero não cometer nenhuma imprecisão, “Deus e as penas do inferno “. Dado que este tema me interessava resolvi assistir. Como convidados estavam presentes um ateu militante e o padre Mário de Oliveira que se diz cristão e é muito conhecido por negar as aparições de Fátima. Depois de uma breve introdução foram passadas algumas entrevistas de rua e em que se pedia às pessoas para responder a duas perguntas: Será que Deus existe ? Acredita que o inferno existe ? À primeira pergunta e de uma maneira geral todos responderam afirmativamente. Quanto à segunda muitos disseram que não acreditavam. Introduzido o tema passou-se ao debate com os depoimentos dos convidados.
O ateu defendeu a sua tese - Deus não existe – e não disse nada de novo. Argumentou que a Ciência hoje explica tudo ou quase tudo e que Deus não é necessário para nada. O Deus da Bíblia é um deus controlador que tira aos homens toda a sua liberdade. Seria impensável viver pensando que estamos a ser vigiados e podemos ser castigados pelos
nossos excessos e vícios. O Padre Mário de Oliveira subscreveu todas estas teses e com tal ênfase que a entrevistadora, Júlia Pinheiro, lhe perguntou se ele também era ateu. Explicou depois de forma explícita que era cristão e acreditava fundamentalmente em Jesus Cristo mas não se revia em certos dogmas ou doutrinas da Igreja Católica. Pessoalmente entendo que há matérias a precisarem de um maior estudo , aprofundamento e actualização por parte da igreja católica. Hoje vou abordar apenas o dogma do pecado original e as penas do inferno.
2- Como já anteriormente disse num texto que escrevi o pecado original é uma criação do Santo Agostinho com base numa interpretação errada do Génesis. Para o exegeta Armindo Vaz, o homem evolui naturalmente até chegar à idade da razão que lhe permitiu distinguir o Bem do Mal. Assim todas as acções do primeiro casal têm em vista complementar a sua formação : comer da árvore do conhecimento ( aquisição do conhecimento ) ; cobrir a nudez ( aquisição da civilização ); sentença divina, decreto de morte e expulsão ( aquisição da condição de sofredor, mortal e trabalhador ). Não há pois violação de nenhuma norma ética nem sequer de pecado. O pecado teológico resulta da ruptura de um compromisso recíproco de amor gratuito entre Deus e o ser humano. Ora, o que há é uma proibição que de forma alguma aparece ligada a uma promessa salvífica que o casal tivesse desaprovado ou desperdiçado.
A narrativa do Génesis insere-se como diz o teólogo Armindo Vaz no mito das origens que “ pretende explicar a criação do Homem por Deus e a sua condição finita “ É natural que o narrador se tenha deixado influenciar por outros mitos mesopotâmicos como o de Guilgamesh. Neste mito o herói pensa ter apanhado a planta da vida –imortalidade e a serpente rouba-lha.
Ainda a propósito do pecado original e das crianças que morriam sem ser baptizadas, houve através dos tempos uma evolução significativa. Seguindo um texto do Padre Anselmo Borges ( 1 ) que passo a citar “ Santo Agostinho não hesitou em deixar cair no inferno as crianças que morriam sem baptismo, entrando assim no Ocidente uma concepção bárbara de Deus. E como poderia aceitar-se a condenação eterna de crianças inocentes, a não ser que recebessem o baptismo ? O limbo apareceu na Idade Média para atenuar esta crueldade. Assim, as crianças sem baptismo ficavam privadas da visão de Deus mas não eram condenadas ao inferno. Erguia-se, porém, legitima a pergunta: não se trataria de um castigo ? e como poderia Deus, infinitamente poderoso e bom, estar dependente de uma concha de água ?
Em 1984, o teólogo Joseph Ratzinguer afirmara que o limbo era uma hipótese teológica. Agora, o Papa Bento XVI aprovou um documento de 41 páginas, preparado pela Comissão Teológica Internacional que acaba com o limbo e abre as portas da salvação às crianças que morreram sem ser baptizadas “ ( fim de citação ) . Só é pena que outras matérias não tenham evoluído da mesma maneira.
3-O que é o inferno e as penas do inferno ? Sabemos que o inferno não faz parte do Credo Cristão embora haja referências a ele nas orações sobretudo quando se reza o terço :” livrai-nos senhor do fogo do inferno “ Sabemos também que o inferno servia para meter medo a muitas pessoas e para aterrorizar as crianças. Este foi o lado negativo da Religião. Em vez de ser esperança, alegria e conforto para os cristãos foi pelo contrário origem de pesadelos e de sofrimento. Penetrar nos mistérios insondáveis de Deus e no “ Mundo novo que há-de vir “ não está ao alcance da inteligência humana. Quando nos deparamos com tanta injustiça neste mundo acreditamos que Deus irá recompensar os bons e castigar os maus. De qualquer forma não podemos pensar num Deus castigador capaz de atormentar eternamente os pecadores. O que se irá passar é pura especulação que nos ultrapassa. Há no entanto figuras da Igreja como o Cardeal Carlos Martini cuja fé lhes diz “que no fim o amor de Deus é mais forte” . Temos de confiar e ter esperança em Deus que nunca nos abandona mesmo nas situações de fraqueza e de pecado. Só Deus nos dá força , paz e tranquilidade nos momentos mais difíceis da nossa vida. A este respeito, nada melhor do que citar Santo Agostinho quando no seu livro “Confissões “ tem este desabafo : “o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em ti, Senhor “
1-Durante dias, Cristiano Ronaldo foi notícia nos jornais e na televisão. A transferência milionária do Manchester para o Real Madrid escandalizou muita gente. A personalidade deste futebolista é rica em episódios que alimentam os tablóides de todo o mundo. Além de mulherengo gosta de viver luxuosamente e não se coíbe de esbanjar todo o dinheiro que for necessário para satisfazer os seus vícios. Esteve recentemente em Las Vegas e ocupou uma suite que custa por noite a módica quantia de 6000 euros. O hilariante e palavroso Alberto João Jardim diz que Ronaldo é o melhor jogador do mundo e como tal tem de ser pago por um valor superior. Acrescenta ainda, com grande descaramento que a Madeira é um povo superior e por isso não admira nada que aí abundem entes superiores. Até quer parecer que os do “ contenente “ são broncos e com um Q.I( quociente intelectual ) inferior aos Madeirenses. Só que o dr. Jardim esquece-se que andou 10 anos para tirar o curso de direito o que não abona nada em seu favor. Certamente que fez obra na Madeira mas à custa do Orçamento de Estado e de muito pedinchar no Continente. Valendo-se da insularidade conseguiu através de insultos e ameaças o dinheiro que precisava para vencer as eleições, ininterruptamente ,desde o 25 da Abril até hoje.
2-Voltando ao futebolista Ronaldo toda a gente pasma com os 94 milhões de euros que um clube deu pela sua transferência. Numa época de crise, uma proeza desta é uma verdadeira loucura. Com tantas pessoas a morrer à fome trata-se de um verdadeiro escárnio à pobreza. Segundo o Programa Mundial para a Alimentação (World Food Program ) da ONU há 300 milhões de crianças que passam fome no Mundo. O dinheiro despendido na transferência daria para fazer 520 milhões de refeições escolares ou alimentar 8,6 milhões de Etíopes. De quem é a culpa de todos estes exageros que se cometem com a contratação de jogadores ? Em primeiro lugar os principais responsáveis são os dirigentes desportivos que endividam os clubes para contratar jogadores. Se as receitas geradas pelo futebol não são suficientes para cobrir as despesas então não devia ser permitido o recurso ao empréstimo bancário. Para atingir esse objectivo teria que haver total transparência nas contas que anualmente são apresentadas aos sócios e ainda um controle rigoroso das mesmas de forma a evitar fraudes . Mas os adeptos dos clubes também sãos responsáveis. É bom ver os estádios repletos de público só que os bilhetes são por vezes vendidos a preços que não estão ao alcance de todos. Se muitos fizessem como eu e vissem os jogos pela televisão certamente que não havia jogadores e treinadores a ganhar ordenados que de forma alguma se justificam.
Uma outra medida que se impunha era reduzir o número de estrangeiros nos clubes de futebol ou, à semelhança do que se faz na selecção nacional, impedir a inscrição de estrangeiros. O futebol seria assim mais genuíno e evitar-se-iam certas loucuras que só servem para encher os bolsos de alguns privilegiados. É inegável que Ronaldo é um bom jogador, mas será que vale o dinheiro que deram pela sua transferência ? Quando joga na selecção é um jogador apagado que quase nunca rende o que está à altura das suas capacidades. Será que o entusiasmo é outro sempre que participa no clube que lhe paga bem ?
Muitos dizem que o futebol é um negócio e num mercado global dá mais quem tem mais dinheiro. Mas mal vai a sociedade que esquece o valor ético da solidariedade e troca a ajuda aos necessitados e famintos pelo fascínio do futebol. Mal andam os dirigentes desportivos que trocam a glória e o efémero do presente pela estabilidade e o desenvolvimento do futuro.
FRANCISCO MARTINS
1-Afinal todas as sondagens que davam a vitória ao Partido Socialista nas Eleições europeias, embora por pouca margem, não se confirmaram nas urnas. Foi um dos piores resultados ,de sempre, o que não augura nada de bom nas próximas legislativas. O eleitorado quis assim mostrar de forma inequívoca que não estava contente com a política do Governo. Foi como se tratasse de umas legislativas antecipadas. Aliás, na campanha pouco ou nada se falou do Parlamento Europeu e do que os deputados eleitos poderiam fazer para ajudar a debelar a crise económica, que não é só nossa mas que a nós nos afecta de maneira mais tangível. Os deputados pouco ou nada disseram sobre as propostas a apresentar no Parlamento Europeu e de que forma poderiam contribuir para tornar a Europa mais solidária. O que se viu foram ataques da oposição em relação à política do Governo e vice-versa. Vital Moreira falou da roubalheira do BPN e o Bloco de Esquerda do assalto aos bolsos dos contribuintes para tapar os buracos deixados pela má gestão do banco. Todos estes temas nada tinham a ver com as eleições para o Parlamento Europeu mas apenas uma forma de baralhar os eleitores e de conseguir votos.
2-Como explicar este descalabro do Partido Socialista ? As causas que lhe estão subjacentes são de vária ordem : a avaliação rejeitada pela maioria dos professores, os objectivos impostos de forma cega ao funcionalismo público, o desemprego, o caso BPN, etc. etc. A avaliação dos professores é absolutamente necessária para que não se cometa a injustiça de classificar a todos da mesma maneira, embora tenha de haver um consenso alargado Os objectivos têm em vista uma melhor produtividade dos serviços públicos mas não se pode cometer o erro de transformar os funcionários em máquinas de trabalho sem tempo para dedicar à família. O desemprego é sobretudo um problema conjuntural e as responsabilidades do Governo são mínimas. Acredito que os desempregados se sintam desiludidos, mas esta é uma situação que tem a ver com o mercado global e que vai levar muito tempo para ser resolvida. No que respeita ao BPN o Governo deveria apenas ter coberto os depósitos e não todas as actividades bancárias sobretudo as de alto risco. Quem joga na bolsa sabe que pode ganhar muito dinheiro mas que também pode perder tudo. São investimentos que de forma alguma deveriam ter a cobertura do Estado. A posição tomada pelo Governo em relação a estas matérias teve um peso enorme na decisão de muitos eleitores. Na noite das eleições o dr. Paulo Rangel disse que o Governo não podia desculpar-se com a crise económica pois uma grande parte dos governos de direita da Europa como a Alemanha, a França e a Itália tinham ganho as eleições. Embora a crise económica não seja um facto despiciendo a verdade é que a conjugação das várias causas atrás citadas influenciou decisivamente os eleitores. Uns, desiludidos e como forma de protesto resolveram não votar ,outros votaram nos partidos mais à esquerda do P.S. Nunca os partidos da esquerda radical obtiveram uma soma percentual tão elevada como agora.
3-Chegados aqui, põe-se a questão de saber como vão ser as próximas eleições legislativas. Será que o eleitorado quis só dar um sinal de aviso ao P.S. ,ou vai no futuro continuar a votar da mesma maneira. Se o governo não enveredar por atitudes demagógicas para agradar ao eleitorado e se mantiver a mesma linha política sem grandes alterações então vai ser muito difícil ganhar as legislativas. A verdade é que a líder do PSD não tem grande carisma nem entusiasma ninguém. Tudo vai depender dos programas que os partidos apresentarem ao eleitorado e da forma convincente como os souberem transmitir. Que se desenganem, no entanto, aqueles que pensam que o PSD vai fazer milagres. Poderá aperfeiçoar ou pôr de lado alguns aspectos mais controversos deixados pelo PS ( avaliação dos professores, TGV ).. Mas no que toca às políticas sociais, nomeadamente à Segurança Social e à Saúde, a situação irá mesmo agravar-se . É possível até que o Serviço Nacional de Saúde deixe de ser tendencialmente gratuito. E não me admiro nada se os hospitais públicos forem privatizados, tal como, se não estou em erro, Luís Filipe Menezes defendia quando foi líder do PSD. Se nas próximas eleições não houver uma maioria absoluta vai ser um desastre, pois o país ficará ingovernável. Isso era o pior que nos poderia acontecer. Os eleitores terão que reflectir e votar massivamente no partido que melhor poderá defender o interesse do país. A experiência diz-nos que, sem uma maioria absoluta, as reformas de que Portugal precisa jamais serão feitas. É certo que uma maioria absoluta tem também os seus pontos negativos pois pode levar à quebra do diálogo e a atitudes ditatoriais. Mas se os políticos procurarem sempre agradar a gregos e a troianos não vão chegar a lado nenhum. Sem firmeza e determinação não há reformas possíveis.
FRANCISCO MARTINS
1-A Igreja festejou recentemente o Pentecostes. Esta era uma festa que inicialmente os judeus dedicavam às colheitas ( cereais, trigo e centeio ). Depois, passou a significar a Aliança de Deus com o seu Povo e a entrega da Lei a Moisés no Sinai. No Novo Testamento simboliza a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. Mais importante do que a Lei é agora o Espírito que faz mover os Apóstolos e os leva à formação de novas comunidades cristãs. Enquanto para Lucas Jesus aparece 50 dias depois da Páscoa para João isso acontece logo a seguir à Ressurreição ou seja ao anoitecer do primeiro dia da semana ( domingo ). As duas leituras não podem ser vistas como relato jornalístico de um acontecimento. Lucas e João pretendem mostrar, através de imagens, metáforas e sinais ( teofanias ) que foi o Espírito Santo que fez perder o medo aos Apóstolos e lhes deu força para proclamar o Evangelho aos gentios. Daí em diante começa uma nova etapa com a formação de novas comunidades cristãs.
2-Hoje em dia, é notório, estamos a viver uma crise de vocações. A vida materialista, consumista e trepidante do dia a dia não deixa as pessoas pensar ou reflectir. Os valores, a ética deixaram de ter significado para muitas pessoas , caindo-se por vezes num relativismo moral. As famílias pouco tempo têm para se dedicarem aos filhos e os valores cristãos vão-se perdendo. A Igreja tem também um trabalho importante a fazer com uma abertura maior à sociedade. Como cristão e sem querer pisar o risco ou imiscuir-me em assuntos que não são da minha competência, entendo que é preciso renovar a Igreja para a adaptar aos tempos que correm. Assim sugeria para reflexão três temas: a confissão auricular, o celibato dos sacerdotes e o magistério da mulher na Igreja.
3- É sabido que muita gente se inibe de participar na Eucaristia porque não gosta de confessar os seus pecados a um sacerdote. Outros, porventura, até avançam para a comunhão sem se confessarem. Segundo os elementos que recolhi foi o IV Concílio de Latrão ( 1215 ) que tornou a confissão anual obrigatória. Daqui se conclui que, durante séculos, não existiu na Igreja a obrigatoriedade da confissão. Frei Bento Domingues num artigo intitulado “ O embaraço da Confissão “ diz o seguinte : “ O Concílio de Trento ( 1545-1563 ) procurou fazer do Sacramento da penitência o sustentáculo de toda a vida cristã. Se isto teve um grande êxito em muitos casos, acabou por minimizar a importância da Eucaristia. “ E mais à frente acrescenta que é preciso respeitar a hierarquia dos sacramentos. Assim “ se a porta é o Baptismo, o mais importante dos sacramentos é a Eucaristia, que é também o grande sacramento da confissão dos pecados, da misericórdia e do amor de Deus”.
À confissão tem sido associada ao longo dos séculos uma enorme carga negativa: desde as torturas da Inquisição durante a Idade Média até à ameaça, nos dias de hoje, com as penas do inferno a quem não confessar os pecados. Diz ainda Frei bento Domingues, citando D.António Ferreira Gomes, nas cartas ao Papa, que” a alergia de grandes e pequenos à confissão, pode levar muitos que aceitam Cristo e o Evangelho, a tornarem-se descrentes”.
Pessoalmente e para rematar, entendo que a confissão individual deveria ser facultativa e apenas para quem sinta necessidade de aconselhamento de um sacerdote.
4-Nos primeiros séculos do cristianismo não havia o celibato obrigatório para quem exercia funções ministeriais. Foi o Concílio de Elvira no século IV que prescreveu o celibato. Mais tarde o segundo Concílio de Latrão em 1139, declarou inválido o casamento de Padres. É um facto ,que quem não tem família ( mulher e filhos ) pode dedicar-se em exclusividade às funções ministeriais. Terá certamente mais tempo e disponibilidade para os paroquianos e para a proclamação do Evangelho.. Mas de forma alguma o celibato é um dogma ou um facto irreversível. Os primeiros cristãos tinham de percorrer grandes distâncias, caminhos difíceis e perigosos e isso era incompatível com a vida de casados. S. Paulo na 1ª Carta aos Coríntios ( 1Cor 7 ) diz: “ Desejaria que todos os homens fossem como eu, mas cada um recebe de Deus o seu próprio carisma, um de uma maneira, outro de outra. Aos solteiros e às viúvas digo que é bom para eles ficarem como eu. Mas, se não podem guardar continência, casem-se; pois é melhor casar-se, do que ficar abrasado.” Embora a castidade e o celibato sejam para São Paulo o modelo mais perfeito, o matrimónio tem de igual modo a sua dignidade e o seu carisma.
Também aqui, penso que o celibato sacerdotal devia ser posto em termos opcionais. Os que não tivessem força para cumprir o voto de castidade poderiam sempre optar pelo casamento. Nos tempos que correm os padres casados poderiam ser uma ajuda preciosa nas paróquias com falta de sacerdotes.
5-Para o fim fica o tema mais polémico. Será que a mulher poderá vir a exercer funções sacerdotais ? Sendo um leigo na matéria terei de me socorrer de quem é mais entendido do que eu. Para Frei bento Domingues no Novo Testamento nunca é utilizada a linguagem do sacerdócio. E passo a citar: “ Os ministros das comunidades são designados como presbíteros ( anciãos ), bispos (vigilantes ) ,pastores, presidentes, chefes , dirigentes, guias etc… A linguagem sacerdotal é aplicada só a Cristo, único mediador ( Carta aos Hebreus ) e de forma colectiva, ao Povo Cristão, não por oferecer a Deus sacrifícios materiais, mas a própria vida”. ( Rom 12 ) ,( fim de citação).
As comunidades cristãs primitivas reuniam-se em casas particulares para celebrar a Eucaristia e tudo se passava de forma muito simples mas com grande fé. Através da leitura dos Actos dos Apóstolos e das Cartas de São Paulo, verificamos que os Apóstolos tiveram como colaboradores muitas mulheres. Das mais conhecidas podemos destacar as seguintes: Priscila, Maria, Trifena e Trifosa, Júnia, Lídia, Evódia e Síntique. Uma delas Febe até foi diaconisa na Igreja de Cêncreas. ( porto a
A partir do século IV com a liberdade religiosa do Imperador Constantino, a Igreja começa a descaracterizar-se, a hierarquizar-se, com interferências recíprocas dos dois gládios ( espiritual e temporal ) . O que era simples passou a complicar-se. Ora, se somos cristãos, formamos um só corpo com Cristo e nenhum membro é mais importante que o outro. Se a mulher é cristã devia em princípio estar em igualdade com o homem na Igreja, mesmo no desempenho de ministérios. Por que razão isso não aconteceu ? A explicação não é fácil mas pode ser fundamentada com base em certos pressupostos. Em primeiro lugar os Apóstolos escolhidos por Cristo eram todos homens. Ao longo dos séculos a Igreja foi ainda influenciada por tradições que penalizavam a mulher: a filosofia grega, a teoria do pecado original e a cultura judaica. Para os gregos a mulher era um ser inferior ao homem. No livro “ Política “, Aristóteles afirma o seguinte: “ A relação entre homem e mulher é de permanente desigualdade. O homem livre manda no escravo, da mesma forma que o marido manda na mulher e o adulto na criança “ Ora, todos sabemos a influência que Platão e Aristóteles exerceram em Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, teólogos que ainda hoje são uma referência para a Igreja.. A teoria do pecado original e a co-responsabilização de Eva no pecado de Adão é outro factor importante a considerar. Por último, o facto de a cultura judaica considerar a mulher impura durante o período menstrual é provável que tenha exercido alguma influência nas mentalidades dos pensadores dos primeiros séculos do cristianismo.
Como é que a Igreja encara hoje a questão de a mulher vir a exercer funções ministeriais. Talvez não seja um problema insolúvel e irreversível, mas será sempre um assunto delicado e controverso para decidir em último recurso. Nos “ Diálogos entre Eduardo Prado Coelho (já falecido ) e D.José Policarpo , o senhor cardeal patriarca a dada altura diz o seguinte . “ O ministério sacerdotal é um dom que ninguém deve reivindicar. A hipótese de a Igreja vir a chamar mulheres para este ministério teria de brotar de uma maturação da Igreja toda, conduzida pelo Espírito. Nenhum de nós pode decidir isso sozinho; não creio mesmo que nenhum Papa o faça sem auscultar o sentido da Igreja toda, através dos mecanismos da colegialidade e da comunhão . Uma decisão precipitada nesse campo traria á Igreja, como um todo, tensões tais que seriam causa de divisão. Só o Espírito de Deus sabe conduzir a Igreja para esse momento “
Pelas palavras do senhor cardeal patriarca se conclui que, sendo o ministério das mulheres, uma questão em aberto, não deverá nos tempos mais próximos ter qualquer desenvolvimento.
Na renovação da Igreja poderiam incluir-se ainda outros temas como : melhor escolha dos textos litúrgicos dando preferência aos mais belos e significativos ; homilias curtas mas bem trabalhadas e incisivas que ajudem na compreensão das leituras ; animação da missa com cânticos tornando-a mais viva e alegre.
FRANCISCO MARTINS
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