Sábado, 31 de Janeiro de 2009

DA REALIDADE À ESPECULAÇÃO

1-A crise económica é uma realidade em todo o mundo e parece que a situação tende a agravar-se. Os dados que lemos nos jornais e aquilo que vemos e ouvimos na televisão dão-nos um panorama muito negro e desolador: empresas que fecham, despedimentos em massa, falências e trabalhadores em situação precária. A OIT diz-nos que o número de desempregados pode aumentar para 210 milhões no final de 2009. Acrescenta ainda que a população de trabalhadores pobres vivendo com menos de 1 dólar por dia pode aumentar em 40 milhões e os que vivem com 2 dólares por dia  em mais de 100 milhões. Estes números são reveladores e não deixam margem para muito optimismo nos tempos mais próximos. Como foi possível chegar a esta situação quando há um ano atrás tudo parecia estar bem ?  Não é difícil perceber que por detrás da crise económica e na sua génese está uma crise financeira.  Os Bancos que eram instituições sólidas e de confiança passaram a envolver-se em operações de alto risco e a conceder crédito fácil com juros baixos. As famílias começaram a endividar-se além das suas possibilidades e não foram capazes de solver as dívidas contraídas. O crédito malparado levou muitos Bancos à falência. O mercado financeiro e de capitais deixou de funcionar. As famílias passaram a consumir menos, a procura diminuiu e a produção baixou. E assim começou o período de recessão que estamos a viver. Agora, o apelo que se faz  é para a poupança mas como os juros dos depósitos a prazo andam pelos 2% ( brutos ) não há grande estímulo para quem queira economizar. Por outro lado não havendo consumo também não há produção. Isto quer dizer que entrámos num círculo vicioso sem soluções a curto prazo. O Banco Central Europeu baixou as taxas de juro para reanimar a economia mas os Bancos como querem ganhar muito sobem as margens de lucro ( spreads) e o crédito torna-se difícil para as empresas em vias de recuperação ou para os investidores privados.  Mas não há mal que não tenha fim. A economia sempre foi cíclica e alternou períodos bons com períodos maus. Políticos, economistas, empresários e trabalhadores terão desde já que pensar e trabalhar soluções que permitam inverter a crise. Em Portugal, como aliás em quase todos os países, o desemprego tem vindo a aumentar e os números começam  a ser preocupantes.  Há que tomar medidas urgentes, competindo ao Governo accionar meios e dispositivos financeiros para que isso aconteça o mais rápido possível. Partindo do princípio que o nosso problema não é apenas conjuntural mas também estrutural, a situação não se afigura nada fácil. As nossas exportações sempre foram um ponto fraco e vulnerável da nossa economia. A criação de riqueza e a diminuição da dívida pública passa também por aqui. Temos condições para produzir produtos agrícolas de excelente qualidade. Ainda há dias ao entrar num supermercado fiquei espantado quando encontrei à venda alhos e feijão branco da Argentina, feijão catarino dos Estados Unidos e grão de bico do México. Tudo isto pode ser produzido em Portugal sem termos de recorrer à importação.  É claro que as grandes superfícies comerciais olham apenas ao lucro e os consumidores nem sempre preferem os produtos nacionais quando o podem fazer. Portugal pode ainda tirar partido do turismo pois tem praias de grande qualidade e regiões de grande beleza como o Douro. Como o futuro está nas energias renováveis há que tirar partido e investir neste sector não só para exportação como até para satisfazer a procura interna e diminuir o nosso deficit energético. O Governo terá também que fazer um esforço investindo em obras de pequena dimensão como hospitais, lares da 3ª idade, escolas e estradas de forma a criar postos de trabalho, ainda que temporários. Mas todo o esforço que vier a ser desenvolvido terá que ser um trabalho conjunto e não apenas Estado.

 

2-Um outro assunto que está na ordem do dia tem sido o caso Freeport. Jornais e revistas para venderem e cativarem leitores não olham a meios para atingirem os fins. As Televisões fazem o mesmo para conseguirem audiências. As notícias que por vezes nos chegam não passam de pura especulação. O processo Freeport suscita-me desde já três breves comentários:

1º-A justiça e os Tribunais em Portugal são muito lentos- o que não constitui novidade para ninguém - e só assim se justifica que este caso se arraste há quatro anos nos tribunais sem uma resolução.  Se não foram encontrados suspeitos então que se arquive o processo pondo termo a todo o tipo de especulações.

2º-O segredo de justiça continua a ser uma pura mistificação pois não há nada que não se saiba cá fora. Como é que tudo vai cair nas mãos dos jornalistas é um mistério que ninguém consegue desvendar. Penso que os processos- crime e de uma maneira especial os que envolvem nomes de figuras públicas, deviam estar nas mãos de poucas pessoas. Sendo assim não seria difícil descobrir os culpados. Mas o que verificamos é que assistimos a uma violação constante do segredo de justiça, desacreditando ainda mais o trabalho dos Tribunais e dos Magistrados.

3º-Os jornalistas deviam analisar com mais cuidado as informações que lhes chegam de forma a apurar se há fundamentos sérios para acusar alguém ou se os dados que possuem não passam de puras hipóteses, sem possibilidade de prova. Uma notícia falsa pode destruir uma pessoa provocando danos irreparáveis que nenhuma indemnização será capaz de ressarcir. Toda a informação deveria pois ser submetida a um filtro rigoroso de maneira a não oferecer dúvida sobre a sua veracidade. A ética terá que ser um valor e um ponto de honra a respeitar pelos jornalistas sobretudo para quem queira ser um profissional honesto. É claro que a corrupção e o crime devem ser denunciados tendo a comunicação social  um papel importante a desempenhar levando a julgamento actos criminosos que de outra maneira ficariam impunes.

 

Como estamos em ano de eleição, o que se pede à Justiça é que ela seja rápida a decidir para não prejudicar irremediavelmente pessoas inocentes e  punir  culpados ou corruptos se os houver.

 

Francisco Martins  

 

publicado por pontodemira às 22:00
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Sábado, 24 de Janeiro de 2009

FANTASIA E REALIDADE

 

1-Segundo dados recolhidos da revista “ Visão “ o panorama sócio-económico  nos EUA não é como muita gente pensa. Uma grande parte das pessoas imagina que na América, sendo como é o país mais rico do mundo, tudo corre às mil maravilhas e todos vivem bem e sem problemas. A situação há oito anos atrás quando tomou posse J.W.Bush era bem diferente da que se verifica hoje. Os dados são os que passo a citar:

O superavit de 236 mil milhões de dólares deixado por Bill Clinton converteu-se num buraco orçamental de 455 mil milhões de dólares com a dívida pública a triplicar;  na guerra do Iraque e do Afeganistão morreram 4 mil soldados americanos e surgiram 200 mil casos de stresse pós-traumático;  o número de pobres  passou dos 31 para os 37,3 milhões e os que não têm nenhum tipo de assistência médica e seguro de saúde aumentou dos 39,8 milhões para os 45,7 milhões ; em contrapartida, os bilionários cresceram de 298 para 454 e os rendimentos anuais dos 20 directores-gerais ( CEO ) mais bem pagos continua a rondar os 100 milhões de dólares

Estes números são reveladores e mostram que num país capitalista e rico como os EUA também existe pobreza e exclusão social.  No seu acto de posse o presidente Obama fez um discurso realista e manifestou o maior empenhamento no combate à crise. Fala ente outras coisas da Paz, da Justiça social, do sistema de saúde que considera muito oneroso e dos direitos individuais que é preciso respeitar. Diz ainda que o estado da economia pede uma acção corajosa e rápida de forma a criar novos empregos e relançar o crescimento económico. Considera ainda que tem de haver um olhar vigilante sobre o mercado para que este não fique fora do controlo e que uma nação não pode prosperar quando só favorece os prósperos. No que toca às relações com o mundo muçulmano  elas terão que assentar sempre no interesse e no respeito mútuo.  Prometeu ainda cooperar com as nações mais pobres pois não se pode ficar indiferente ao sofrimento fora das fronteiras

Temos assim um presidente imbuído das melhores intenções. Sabemos que é um homem lutador e o facto de ter subido ao mais alto posto do Estado revela muita coragem, força e determinação. Sabemos também que se opôs à guerra no Iraque que contribuiu de forma significativa para o descalabro financeiro dos EUA. As expectativas em torno de BaracK Obama são elevadas. Veremos nos próximos meses como vai lidar com a crise económica e como vão ser as relações com os países que naturalmente não gostam dos Estados Unidos. Sobre este último aspecto BaracK Obama lança um aviso aos líderes que por todo o mundo procuram semear o conflito ou culpar o Ocidente pelos males da sua sociedade : saibam que o vosso vosso povo vos julgará pelo que construírem e não pelo que destruírem “ .

 

2-Ao ler um jornal diário deparei com um texto escrito por Manuel Serrão, intitulado : A vontade de casar é pouco homossexual  Habitualmente não leio os artigos deste comentarista. Fiquei com a ideia que se trata de um “  bon vivant “ ou de um pândego e que daquela cabeça só poderiam sair banalidades ou ideias ocas. Como concordo com o título e com a ideia por ele veiculada de que para situações diferentes não deveria haver tratamentos iguais,  resolvi ler a argumentação apresentada. Verifiquei depois que ao referir-se à Igreja católica se envolve em considerações que no fundo se poderiam classificar de autênticas “ asneiras “ ou disparates. Passarei a transcrever algumas afirmações contidas no referido texto e o comentário que se me ofereceu fazer para cada uma delas. Diz Manuel Serrão, que passo a citar:

1-Apesar da falta  de vocações sacerdotais continuar a aumentar mesmo em plena crise de emprego ;

Comentário: O sacerdócio não é ou não pode ser considerado uma profissão. Quem escolhe o sacerdócio fá-lo por vocação e não para ganhar dinheiro. Um dos votos que o sacerdote tem de fazer é o de pobreza.

2-Apesar de tudo isto e muito mais.. é incrível como é que a Igreja Católica em Portugal continua a ser vista e ouvida como um autêntico Estado dentro de outro Estado ( 2 )

Comentário: Se a Igreja é vista como um Estado dentro de outro Estado porque razão o Governo não segue as orientações da Igreja que condenou por exemplo a Lei do divórcio?

3-O  Cardeal-Patriarca de Lisboa, representante do Papa em Portugal, nomeado por um colégio eleitoral restrito, fala para o seu povo, que são católicos, sobretudo os militantes.

Comentário: O representante da Igreja em Portugal são todos os bispos e não apenas o Cardeal-Patriarca.Os cardeais são escolhidos pelo Papa e não nomeados em colégio eleitoral. Depois ao falar em militantes está a confundir a Igreja com um partido político. Na Igreja não existem nem nunca existiram militantes. Pode é haver católicos que se denominem de praticantes ou não pratricantes

4- Concordando eu também com as opiniões de D. Policarpo( discordância em relação ao casamento entre Homossexuais ),independentemente dos disparates que o Vaticano tem patrocinado… não sou capaz de concordar com o PS nem estar de acordo com a orientação do Vaticano. Porque o PS não vê a diferença óbvia e o Vaticano exagera a diferença.;

Comentário-Não sei a que disparates do Vatcano se refere o Manuel Serrão. Disparatadas são as afirmações que faz sem qualquer fundamentação. Também não sei quais são os exageros do Vaticano. Perante o casamento de homossexuais só pode haver duas atitudes: aprovação ou rejeição. Não penso que possa haver meio-termo. Quem defende um ponto de vista deve fazê-lo argumentando da melhor maneira possível.

5- É evidente que cabe à Igreja defender o casamento como um instituto desenhado para os heterossexuais, mas toda a gente está à espera que seja um dia capaz de inventar e propor um instituto diferente, que possa responder cabalmente aos diferentes anseios dos homossexuais. Até porque nem D.Policarpo está livre de ter homossexuais católicos com vontade de legalizarem a sua união de facto com um companheiro.

Comentário: Como há pessoas que se dizem católicos não praticantes também existem hoje homossexuais que, provavelmente, se consideram católicos. Por outro lado a Bíblia e a tradição cristã sempre condenaram homossexualidade. São Paulo (Rom 1,26-27) condena homens e mulheres que trocaram as suas relações naturais por outras contra a natureza.O mesmo São Paulo em ( 1C 6,9-10) condena os efeminados e pedófilos entre outros. Assim, os comportamentos desviantes, ou seja tudo o que é “contra natura “ ou foge à normalidade penso que nunca será sancionado ou acolhido pela Igreja. Isto é uma das muitas fantasias de Manuel Serrão. A Igreja não vai atrás dos modernismos como ele imagina erradamente.

 

Para concluir diria que se Manuel Serrão  dedicasse os seus dotes de colunista a fazer apreciações e comentários a restaurantes e a passagem de modelos teria certamente grande aceitação. Aí, sim, talvez seja um expert na matéria. Mas para comentar assuntos religiosos terá que ler e estudar um pouco mais.

 

Francisco Martins

 

publicado por pontodemira às 18:56
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Domingo, 18 de Janeiro de 2009

A GUERRA NA FAIXA DE GAZA

 

1-Todos os órgãos de comunicação social têm dado grande cobertura à guerra na faixa de Gaza. Os conflitos entre povos têm sempre um começo e aqui parece que quem deu início às hostilidades foram os palestinos de Gaza ao enviarem rockets para Israel. Os judeus invocando o seu direito à defesa reagiram e a guerra instalou-se e não se sabe por quanto tempo se irá prolongar. A televisão mostra-nos imagens de crianças e mulheres que estão a ser massacradas e a ser  vítimas inocentes de um conflito que certamente não desejavam. Os israelitas que estão melhor equipados usam meios desproporcionados e atacam indiscriminadamente escolas, hospitais e casas de habitação. Esta atitude vai acirrar ainda mais ódios antigos e provocar a vingança dos países árabes. A paz constrói-se pelo diálogo e não seguindo  a velha conduta do “ olho por olho e dente por dente “.

Sendo judeus e árabes povos semitas, ou seja, com as mesmas raízes culturais é difícil compreender as razões desta rivalidade ancestral. Os árabes- palestinianos lutam por um objectivo que se me afigura impossível- a posse exclusiva de toda a Palestina e a expulsão para bem longe dos judeus. Mas afinal o que foi e o que é hoje a Palestina ? Para responder a esta questão teremos de passar uma vista rápida pela História.

 

2-A palavra Palestina deriva do grego Philistia designação dada à faixa de terra entre a actual cidade de Tel Aviv e Gaza e cujo nome se deve ao facto de nela se terem fixado, no século XXII antes de Cristo, os Filisteus. Rebuscando a História verificamos que Abraão saindo de Ur na Mesopotânia chegou a Canaã  ( século XVIII a.c. ) na actual Palestina e aí se fixou.

Devido a uma seca prolongada algumas tribos lideradas por Jacob  são obrigadas a migrar para o Egipto. A partir do momento em que os hebreus começaram a ser escravizados pelos egípcios resolvem regressar à “ Terra Prometida “ conduzidos por Moisés. Esta longa caminhada ( Êxodo ) foi concluída por Josué que, ao chegar à Palestina, teve de lutar com Cananeus e Filisteus que aí se tinham fixado ( século XIII a.c. ). Instituída a monarquia o Rei David fixa a capital do reino em Jerusalém. Com a morte do Rei Salomão os hebreus dividem-se em 2 reinos: Israel ao Norte com a capital em Samaria e o reino de Judá ao Sul com a capital em Jerusalém. O reino de Israel é conquistado pelos Assírios em 722 a.c e o de Judá duzentos anos depois pelos Babilónios, tendo começado aqui o período conhecido como Cativeiro da Babilónia. Em 539 a.c. Ciro conquistou a Babilónia e libertou os judeus que assim retornaram à Palestina e reconstruíram o templo de Jerusalém  que tinha sido destruído por Nabucodonosor.  Em 332 a.c  com Alexandre , o Grande , macedónios e gregos passam a ocupar a Palestina. Segue-se depois o domínio romano que acaba com a destruição de Jerusalém em 70 d.c. Os judeus são obrigados a dispersar-se pelo mundo e começa aqui a Diáspora Judaica. No ano de 638  a Palestina cai sob o domínio árabe muçulmano. Em 1099 os Cruzados chegam a conquistar Jerusalém mas em 1187 foi reconquistada por Saladino. A partir de 1516 toda a Palestina passa a ser controlada pelo Império Turco-Otomano. No fim da 1ª guerra mundial e pelo Tratado de Versalhes a Palestina é dividida entre a França que ocupa o Líbano e a Síria  e a Inglaterra. No final do século XIX, os judeus começam a migrar para a região e a comprar terras. Com a 2ª guerra mundial surge o Nazismo e as perseguições aos judeus contribuem para o regresso em massa  à Palestina. Em  1947 a Assembleia Geral da ONU deliberou a partilha da Palestina em dois Estados: um  Judeu e outro  Árabe. Os árabes nunca acataram esta resolução, recusaram a partilha e não reconhecem Israel como Estado independente.

Actualmente a Palestina encontra-se dividida em três partes: O Estado de Israel, a faixa de Gaza controlada pelo Hamas e a Cisjordânia da responsabilidade da Fatah.

 

3-Chegados aqui é fácil perceber que este conflito que opõe judeus a árabes-palestinianos não é de fácil resolução. Tem de haver respeito mútuo de ambas parte pois sem isso não é possível o diálogo e sem ele a Paz é um objectivo utópico e irrealista. O facto de a Hamas e a Fatah não se entenderem agrava ainda mais a situação e dificulta a tarefa dos mediadores que irão tentar chegar a um acordo.     Nem os árabes nem os judeus  se poderão considerar donos exclusivos da totalidade do território da Palestina . Os árabes da Palestina têm todo o direito de criar um Estado autónomo e independente de Israel. Para conseguirem esse objectivo terão de superar as divergências que actualmente separam os dois movimentos de libertação. Mas se persistirem em não reconhecer o Estado de Israel o” status quo “ existente vai manter-se por muito mais tempo com prejuízo para população civil árabe que será sempre a principal vítima desta teimosia. Vamos ver se o Presidente Barack Obama, a Comunidade Europeia e todos os países com peso político como a Rússia e a China conseguirão levar as partes em litígio à mesa da negociação de forma a acabar de vez com uma guerra estúpida e desumana que está a levar o caos e a morte à faixa de Gaza.

 

Francisco Martins

 

 

 

publicado por pontodemira às 21:20
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Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2009

O BALANÇO DO ANO 2008

 

O ano de 2008 foi pródigo em acontecimentos. Ficou bem vivo na memória o terramoto na China que matou milhares de pessoas e a invasão da Geórgia pela Rússia e do Tibete pela China. Mas de tudo o que de mais importante se passou queria destacar em especial a crise financeira internacional, a subida do preço dos combustíveis , a greve dos professores e o aumento do desemprego.

 

A crise financeira teve o seu epicentro nos Estados Unidos e propagou-se como um tsunami a quase todos os países do Mundo. O neoliberalismo e tudo o que a ele anda associado- economia de mercado e globalização- mostraram realmente os seus efeitos perversos. As comissões reguladoras que tinham por missão fiscalizar os bancos falharam e puseram em jogo a segurança dos depositantes. A ganância e os lucros desmedidos dos banqueiros que não olham a meios para atingir os fins ia levando tudo a perder se não fosse a intervenção oportuna do Estado que evitou a falência de muitos bancos. A teoria de que o mercado se auto-regula não resultou, como os factos demonstram à saciedade. O Estado terá sempre um papel fiscalizador e tributário da sociedade civil assegurando aos cidadãos os bens e serviços que esta não for capaz de satisfazer.

 

A subida dos combustíveis veio provocar uma aumento generalizado dos preços dos serviços e dos bens de primeira necessidade. Trouxe também ao de cima a dependência muito estreita dos países produtores de petróleo. Como há cada vez mais carros a circular e a procura de combustível é muita, as empresas petrolíferas valem-se disso e sobem os preços. Por outro lado as distribuidoras actuam quase sempre em cartel neutralizando a concorrência que devia ser a regra numa economia de mercado. Tudo isto aponta para o investimento em massa nas energias alternativas como a melhor solução para o problema: baixava o consumo dos combustíveis cujas reservas não são eternas e diminuía também as descargas de CO2 na atmosfera que estão a causar danos irreparáveis no meio ambiente.

 

A greve relacionada com a avaliação dos professores foi um assunto polémico em 2008 e continua a sê-lo pois não há perspectiva de qualquer entendimento com o sindicato. É natural que haja intransigência de parte a parte. A FENPROF não admite dialogar se a avaliação não for suspensa. A ministra já procedeu a alterações e está receptiva a mais emendas desde que  o modelo avaliativo não vá para o caixote do lixo. Postas as coisas nestes termos parece óbvio que o sindicato e alguns professores não querem na realidade a avaliação.  Neste caso seria um erro crasso e uma verdadeira injustiça para os professores que trabalham. Nivelar bons e maus sem olhar a diferenças não será sem dúvida o melhor caminho. É bom distinguir os que se esforçam e preparam cuidadosamente as  aulas dos rotineiros e absentistas. Se estivesse no lugar da ministra pediria aos professores e sindicatos para apresentarem um novo modelo alternativo, que seria ratificado caso fossem respeitadas duas condições : existência de quotas e classificações diferenciadas dentro da mesma escola.

 

O desemprego tem vindo a aumentar de mês para mês e as previsões quanto ao futuro são as mais pessimistas. O que vemos todos os dias na televisão são fábricas a fechar e empresas a despedir pessoal. Numa economia em recessão as encomendas diminuem, a produção baixa e os trabalhadores começam a ser excedentários e  na maioria dos casos são despedidos sem qualquer alternativa. Esta situação transforma-se num drama para muitas famílias que se vêm privadas do dinheiro necessário para fazer face às despesas correntes do dia. Competirá ao Estado ajudar o melhor que puder as empresas viáveis e fazer os investimentos públicos que foram necessários ao desenvolvimento e ao crescimento económico do país. Seriam no entanto de evitar a as obras megalómanas que agravem o endividamento externo do nosso país e ponham em causa o nosso futuro.

 

 

Francisco Martins

 

publicado por pontodemira às 20:08
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