1-Leio sempre com muito interesse os textos que o Padre Anselmo Borges escreve ao sábado no Diário Notícias. O texto publicado no dia 20 do corrente mês tinha por título: “Provavelmente Deus não existe “. Um tema tão provocante despertou logo em mim a maior curiosidade. Afinal fiquei a saber que na Inglaterra se prepara uma campanha, já para Janeiro de 2009, que visa tão só ridicularizar os que acreditam em Deus. O slogan que segundo dizem vai ser afixado nas ruas e nos autocarros de Londres é o seguinte: “ Provavelmente Deus não existe.. Então deixe de se preocupar e desfrute a vida. ( There,s probably no God. Now stop Worring and enjoy your life ). O cérebro desta campanha promovida pela Associação Humanista Britânica é o conhecido biólogo e Professor da Universidade de Oxford, R.Dawkins chefe de fila do ateísmo contemporâneo. Logo à partida e como o Padre Anselmo Borges muito bem refere, o pequeno texto provocatório começa com uma dúvida: Provavelmente…. Os ateístas querem negar a existência de Deus mas não têm a certeza para o afirmar. Portanto a frase está viciada “ in limine “ com um advérbio de dúvida. Depois termina incitando as pessoas a desfrutar a vida. Não há aqui nada de mau se não vivermos egoisticamente para nós próprios. Tudo o que Deus fez e criou é para nós desfrutarmos nas devidas proporções. Porém,se a frase é um apelo fácil ao materialismo e ao hedonismo como filosofia de vida, então, aí, temos que condenar. Como a vida sem Deus não tem sentido é natural e mais lógico que os ateus apontem mais para esta última hipótese.
2-Já anteriormente me referi ao ateísmo embora de forma genérica e sucinta. O ateísmo é velho e vamos encontrá-lo nos sofistas da Grécia antiga. Atinge um ponto alto com o iluminismo que pretendeu substituir Deus pela Razão. Os enciclopedistas franceses com Voltaire à cabeça, são de uma maneira geral ateus. No século XIX temos o filósofo Nietzche que proclama a morte de Deus e cria o Super-Homem. Nega os valores morais e os do cristianismo e afirma: “ Permitido é tudo o que me agrada “. Para o existencialismo ateu o homem afirma-se na sua existência. Mas para que o homem exista é necessário que Deus morra.
No ateísmo contemporâneo encontra-se como figura de topo e como já atrás referi, R.Dawkins. De uma maneira simplista diria que os ateus se podem incluir em dois grupos: o primeiro será o dos que negam Deus mas que tomam uma atitude passiva e de indiferença em relação aos crentes ; o segundo seria constituído por todos os que perseguem ou fazem campanhas provocatórias a todos os que têm fé ou acreditam em Deus. É neste último grupo que situamos Dawkins. Não é fácil caracterizar em poucas palavras as teses deste cientista ateu.. Os seus principais trabalhos centram-se na teoria da evolução de Darwin e na selecção natural. O homem é o produto de uma longa evolução que explica tudo sem ser necessário recorrer a Deus. Essa evolução é fruto de mutações ao acaso que ocorrem durante um largo período de tempo. As mutações são registadas nos genes que têm o poder de se replicar e de transmitir essas informações. Dawkins propõe também, por analogia, uma evolução cultural. À semelhança do gene, existe aqui também um replicador cultural que se designa por “Meme “. Assim, as ideias e a crença em Deus são vistos como efeitos “ meméticos “. E chega ao ponto de considerar Deus como um vírus. Só que,enquanto os genes são uma realidade com estrutura química e física e podem ser observados no laboratório, o meme é uma criação abstracta de Dawkins. Por outro lado se Deus é um vírus das mente o mesmo tem de acontecer com com o ateísmo.
Mas será que a tese evolucionista de Darwin poderá conduzir Dawkins a concluir que Deus se torna desnecessário ? Esta conclusão não tem qualquer fundamento. A Igreja hoje não põe em causa a teoria evolucionista. O Homem é o produto de uma longa evolução que ainda não acabou. Só que essa evolução tem na sua origem Deus. A teoria darwinista se não conduz a Deus também não leva ao ateismo. Há ateus e crentes que defendem igualmente o evolucionismo. Em última análise,e como diz o filósofo Karl Popper, não há teorias científicas definitivas e acabadas. As conclusões científicas de forma alguma são consideradas dogmas. O que hoje é tido com certo pode vir a ser desmentido amanhã. E para concluir remeto para o teólogo e cientista Alister Mc Grath que no livro “ O Deus de Dawkins “ ( 1) diz o seguinte: “ Apesar das previsões excessivamente confiantes dos darwinistas, a questão acerca da existência de Deus – e sobre como será Deus se existir - mantêm ainda toda a sua importância intelectual….Os cientistas e os teólogos têm muito a aprender com os outros. Ao ouvirem-se mutuamente, talvez possam ouvir cantar as galáxias. Ou mesmo os céus, declarando a glória do Senhor ( Salmos 19,1 )"
3-Do ateísmo de Dawkins destaco dois pontos: a fé e a praxis. As verdades e as evidências reveladas no método das ciências naturais não conduzem a Deus nem ao ateísmo. O ateísmo é como o cristianismo uma Fé. O cristão, porém, face às descobertas da Ciência e ao assombro perante as maravilhas da Natureza é levado a acreditar que Deus existe. Não é uma Fé cega como Dawkins pretende mas devidamente apoiada na Razão. O ateísmo deste cientista tem ainda uma componente activa, pois procura através de programas minar a Fé dos crentes. Que bom seria se Dawkins se deixasse de retóricas e orientasse as suas energias para as grandes causas da Humanidade: defesa dos direitos humanos e do meio ambiente , combate à fome e à exclusão social, promoção da Paz e da Justiça, etc.. Aqui , se os ateus dessem as mãos a todos os Homens de boa vontade poderiam realmente fazer obra útil e meritória.
1-O Deus de Dawkins-Alister Mc Grath -Aletheia,editores
Francisco Martins
1-A crise financeira internacional começou nos Estados Unidos e propagou-se como um incêndio a quase toda a Europa. Portugal também não ficou imune. A princípio falou-se dos depósitos bancários e das garantias dadas pela banca e pelo Estado. A garantia para cada depósito começou pelos 25 000 € e foi passando gradualmente para os 50 000 € e depois para os 100 000€ e neste momento não sei se as importâncias estão seguras na sua totalidade. Os banqueiros portugueses foram rápidos a tranquilizar as pessoas dizendo que os bancos estão bem e de boa saúde mas passado algum tempo todos, sem excepção, aceitaram os milhões de euros que o Estado generosamente lhes concedeu. Se os bancos estavam assim tão bem não sei por que motivo aceitaram o dinheiro do Estado? A explicação não tardou. Embora não houvesse ruptura financeira, quase nenhum tinha liquidez suficiente para conceder empréstimos aos empresários e cidadãos que deles necessitassem. E não havendo dinheiro para investir, a economia não arrancaria do estado de estagnação em que se encontra.
2-Chegados aqui, uma questão que se coloca é a de saber se o dinheiro dos contribuintes, que o Estado injectou na Banca, foi ponderado caso a caso e se houve o mesmo critério para todos, independentemente de uma boa ou má gestão. Salta à vista, que há três casos distintos a considerar que deveriam ter tratamento diferenciado. O primeiro será o dos bancos que foram cumpridores e apenas têm falta de liquidez. Aqui justifica-se a intervenção do Estado afim de se garantirem os empréstimos a todos os cidadãos que deles precisem. A segunda situação seria a do BPN em que foram detectadas ilegalidades, erros grosseiros de gestão, fraudes e fugas ao fisco. Neste caso, o Estado deveria penalizar o banco, assegurando apenas os depósitos dos clientes na sua totalidade. Penso que a nacionalização também não se justificavas pois dela não resulta provavelmente qualquer benefício para o Estado. Finalmente surge o caso BPP, que como é do conhecimento geral, gere as grandes fortunas. Entre os clientes deste banco contam-se Francisco Pinto Balsemão, João Rendeiro e José Miguel Júdice. Seria um verdadeiro escândalo que também aqui, os contribuintes pagassem a crise. Se o BPP assumia a totalidade dos lucros quando investia na Bolsa por que razão sobrariam para o Estado apenas os prejuízos. Ora, os investimentos de risco são da inteira responsabilidade de quem os faz e a regra é a mesma para todos os bancos, incluindo o BPN. Se assim não fosse, todos os investidores da Bolsa com prejuízos teriam igual direito a pedir ajuda ao Estado.
3-Segundo dados revelados pelos órgãos de comunicação social no ano de 2007 foram pagos cerca de 8,2 milhões de euros, em ordenados fixos e variáveis, a administradores executivos da Banca. Afinal, o sector bancário não está assim tão mal. Mas se os lucros são tão grandes que justificam chorudos ordenados então não faz sentido a ajuda por parte do Estado. Estas situações são revoltantes e têm de ser corrigidas o mais rápido possível se quisermos construir uma sociedade mais justa e igualitária. Por alguma razão estamos na cauda da Europa no que toca ao fosso existente entre os mais ricos e os mais pobres.
4-Há quem diga que a auto-estima dos portugueses anda muito em baixo. Gostamos de dizer mal de tudo quanto é nosso e apreciamos e louvamos tudo o que se faz lá fora. Mas não há regra sem excepção. Numa entrevista que deu, António Lobo Antunes, considera-se o melhor escritor, quando escreve. Aqui temos um caso em que o ego está uns furos acima do que é normal.
Temos também os que são pessimistas e afinam pela regra geral. Para Filomena Mónica só existem 3 pessoas cultas em Portugal. Ela, provavelmente , encontra-se nesse número restrito. Já reparei que muita gente que se formou no estrangeiro, particularmente em Inglaterra, assume ares de superioridade e olha com desdém e arrogância os colegas de cá. Eles é que são os bons e por isso toca a dizer mal de tudo e de todos. Mas como diz o povo: “ presunção e água benta cada um toma a que quer “
Francisco Martins
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