1-Segundo informações divulgadas pelo Semanário Expresso a banca portuguesa está doente. Os três maiores bancos nacionais BCP,BES e BPI só valem metade do que valiam
Mas as causas que conduziram a esta situação são também endógenas. A Banca através da publicidade estimula as pessoas a consumir e a recorrer ao crédito. Através do empréstimo bancário compra-se casa, carro , electrodomésticos e até viagens para passar férias no estrangeiro. Se a vida por qualquer razão corre mal começam a surgir as primeiras dificuldades. Não havendo dinheiro para pagar, negoceia-se com outro banco a importância necessária para solver a dívida. A bola de neve vai aumentando e a situação torna-se incontrolável. Surgem as penhoras sobre os ordenados e os leilões de casas para pagar dívidas incobráveis. Perdem os bancos e os credores ficam em situação desesperada.
2-O presidente do BPI disse numa entrevista à televisão que devia ser aumentada a taxa do IRS para os que têm lucros e vencimentos acima da média. Teve a coragem de o sugerir sendo ele uma das pessoas a ser atingida com essa proposta. É de louvar esta atitude e vem de encontro àquilo que parece óbvio - quem ganha mais deve pagar mais. Só através de uma justa redistribuição da riqueza se poderá estreitar o fosso entre os que ganham chorudos vencimentos e os que vivem com ordenados de miséria.. O governo devia por sua própria iniciativa tomar as medidas mais adequadas às finanças do país sem estar à espera da opinião individual ou colectiva dos cidadãos.
3-Chegou ao fim o caso Maddie. Apesar dos meios modernos e sofisticados utilizados na investigação não foi possível apurar a verdade. A polícia judiciária que partiu inicialmente da tese de rapto terminou admitindo a hipótese de morte. Um jornalista do Semanário Expresso considerou este caso como uma derrota para a PJ dado que a sua competência técnica foi posta
4-Já lá vai o tempo em que as brigadas da GNR iam para a estrada para prevenir os acidentes e tinham uma missão essencialmente dissuasora. Hoje têm apenas como objectivo a autuação. Para tal e para serem mais eficazes escondem-se como os ladrões para apanhar as vítimas. Se um condutor se aproxima de um sinal stop e fica quase no limite da imobilização, de pouco lhes interessa saber que no momento não havia veículos a passar. Há uma transgressão e portanto a Lei é para se aplicar.. Como os agentes da GNR quase nunca ficam no local a fiscalizar, perseguem o condutor como se fosse um criminoso e mandam-no parar mais à frente ( por vezes 500 metros ou mais..) para o informar que transgrediu e lhe aplicarem a respectiva coima. Se o condutor afirma que parou os agentes dizem que não. E a opinião deles é que vale a menos que se vá dirimir o caso
Francisco Martins
1-O jornalista António Pina gosta muito de meter a sua argolada em assuntos religiosos. Ele sabe e discute tudo com uma argumentação imbatível. No Jornal de Notícias ,onde tem a sua coluna crítica na última página, atacou a Drª Manuela Ferreira Leite por esta condenar os casamentos entre homossexuais e por dizer que o matrimónio tem por fim a procriação. Ora, aqui está um tema sobre o qual me apetece também dar a minha opinião. Pessoalmente não vejo com bons olhos os homossexuais embora os respeite. O que é natural e normal é as pessoas de sexo diferente casarem para constituírem família e terem filhos. Pode também acontecer que duas pessoas se juntem apenas para matar a solidão e não queiram nem pensem ter filhos. Este último caso será a excepção e não a regra. Não vejo por isso motivo para tanta indignação. O casamento entre homossexuais é uma situação” anti-natura “ que devemos apenas respeitar. Não me parece que sejam casos prioritários a ter em conta por qualquer governo no futuro. Se o jornalista citou S.Paulo a propósito da imposição do véu às mulheres, também aqui podia referir o que ele diz na sua carta aos Romanos( 1,26-27) para criticar o comportamento dos pagãos: “ Foi por isso que Deus os entregou a paixões degradantes. Assim, as suas mulheres trocaram as relações naturais por outras que são contra a natureza. E o mesmo acontece com os homens: deixando as relações naturais com a mulher, inflamaram-se em desejos de uns pelos outros, praticando, homens com homens, o que é vergonhoso, e recebendo em si mesmos a paga devida ao seu desregramento “
2- Diz ainda o colunista que a Drª. Ferreira Leite, se um dia chegasse a primeira-ministra, iria certamente proibir os casais inférteis de casar. Todos conhecemos o tom sarcástico com que o jornalista escreve, mas creio que com coisas sérias não se brinca. Muitos casais só sabem que são inférteis depois de casarem. Outros apesar de saberem antecipadamente a sua situação casam e adoptam crianças. Quase todos ficam desgostosos quando sabem que não podem ter filhos e recorrem muitas vezes à fertilização” in vitro” para o conseguirem. Nem o Estado no casamento civil nem a Igreja no casamento religioso impõe aos casais a obrigação de ter filhos. Mas a procriação, por mais voltas que se dêem, não deixa de ser uma das finalidades do casamento, e é uma coisa tão óbvia que poucos a põem em causa.
3-Para concluir, e em tom de chacota, admite ainda António Pina que o instituto do casamento “ in articulo mortis “ poderá também ser excluído do Código Civil, pois “não é crível que um moribundo se ponha apressadamente a procriar mal se apanhe casado e antes que se fine “. Quanto a isto tenho dizer a o seguinte: o homem ou a mulher, que antes de morrer pede para casar , pretende dar efeitos civis ou religiosos ou as duas coisas simultaneamente a uma comunhão de facto que pretende legitimar. São pessoas que viveram por vezes longos anos como marido ou esposa numa doação e entrega total e que querem pôr termo a uma situação irregular. Muitos deles até tiveram filhos nascidos durante esse período. Por isso também aqui não há lugar para graças de mau gosto. Se o jornalista gasta pouco tempo e poucas palavras nos textos que escreve é natural que tudo, bem espremido, não dê uma ideia para reflexão. Palavras ocas leva-as o vento (Verba volant como diziam os romanos )
Francisco Martins
1-No jornal de Notícias do dia 10/07/2008, o jornalista Manuel António Pina escreveu um texto intitulado “ Porque sabem o que fazem “, no qual diz que a Igreja ( católica ) é misógina e discrimina as mulheres. Para fundamentar o seu ponto de vista baseia-se no facto de o Vaticano não concordar nem alinhar com a Igreja Anglicana de “ após o sacerdócio, abrir também o bispado às mulheres.”
Pessoalmente discordo da adjectivação utilizada e como leigo católico gostaria de manifestar o que penso sobre o assunto. Grande parte da doutrina da Igreja tem a ver com a importância dada à tradição apostólica do cristianismo primitivo, pois Jesus Cristo não deixou nada escrito. Embora as mulheres tenham acompanhado Jesus e tenham sido as primeiras a anunciar a Ressurreição, a verdade é que não há memória de terem exercido o ministério sacerdotal. E a tradição tem aqui muita força, como a tem também na classificação dos Evangelhos em Canónicos e Apócrifos.
2-O articulista aborda ainda a 1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios que na sua perspectiva e passo a citar “ consagra a menoridade da mulher que tem que usar o véu no culto em sinal de inferioridade da sua dignidade cristã, e não pode falar na Igreja”. Quanto a isto há que ter em conta o seguinte: S. Paulo era judeu e falava para o contexto daquela época em que a cultura judaica tinha muito peso e colocava a mulher numa situação de inferioridade em relação ao homem. Nas comunidades cristãs primitivas havia um conflito latente entre judaico-cristãos para quem os preceitos da lei ( Tora ) tinham de ser cumpridos e os cristãos pagãos a quem bastava a Fé
3-O colunista do JN faz ainda referência a quatro pensadores que tiveram grande influência nos primeiros séculos do cristianismo. São eles: Santo Ambrósio, Santo Agostinho, Orígenes e Tertuliano. Para melhor os situarmos na sua época irei traçar um breve perfil de cada um.
Ambrósio (339-397) foi um brilhante pregador e teve um papel preponderante na conversão de Santo Agostinho. Nos seus discursos e escritos combateu os arianos –seita religiosa que negava a divindade de Jesus. Opôs-se à teocracia e obrigou o Imperador Teodósio a penitenciar-se publicamente por ter massacrado milhares de civis em Tessalónica
Santo Agostinho ( 354) foi uma figura influente da Igreja e de toda a cristandade. Teorizou a doutrina da graça e do pecado original. Foi fonte de referência teológica durante a idade média. Combateu as heresias do seu tempo: pelagianismo, maniqueísmo e donatismo. Ele próprio foi maniqueísta antes de se converter ao cristianismo. O livro “ Confissões “ de carácter autobiográfico é talvez o mais lido e conhecido de todas as obras que escreveu.
Orígenes (185-254 ) era um profundo conhecedor da filosofia platónica. Como teólogo e para resolver alguns pontos contraditórios e obscuros da Bíblia propôs uma interpretação em três vertentes: literal, moral e espiritual. Há aqui um certo paralelismo com os gnósticos que admitiam a existência de três tipos de pessoas: somáticos, psíquicos e espirituais. Só os espirituais ( ou pneumáticos) através de ritos iniciáticos chegavam à verdadeira essência de Deus. Este teólogo entendia que a verdade do cristianismo se devia procurar na tradição apostólica.
Tertuliano( 160-225 ) Foi o primeiro teólogo a propor a doutrina da Santíssima Trindade em termos semelhantes aos que foi adoptada no Concílio de Niceia. Para ele as verdades da Fé deviam excluir a Razão e a Filosofia. Foi um apologeta que combateu com forte argumentação dialéctica a heresia gnóstica. São-lhe atribuídas as seguintes frases: Que tem a ver Atenas com Jerusalém? ; Creio porque é absurdo ( credo quia absurdum) ; Sangue de cristãos é semente de mártires. Com as duas primeiras expressões Tertuliano quis marcar o seu distanciamento da filosofia grega.
4-Para concluir diria que o texto do jornalista António Pina tem em vista sustentar a tese anti-feminista da Igreja Católica. Acontece que os teólogos e pensadores cristãos citados não defenderam o acesso das mulheres ao sacerdócio e muito menos ao bispado.Por outro lado, actualmente a Igreja Católica não obriga as mulheres a usar o véu quando entram na igreja e até podem presidir à celebração da palavra sempre que não haja sacerdote para celebrar a missa. O jornalista deve saber isso muito bem, mas dá-lhe prazer atacar as instituições que não lhe dizem nada, mesmo quando não tem razão. Se não há argumentos o melhor é inventar.
Glossário:
Maniqueísmo- Seita fundada pelo persa Mani. Assenta num dualismo radical: Bem e Mal; espírito e matéria; Luz e trevas. O mundo e o homem ( mistura de espírito e matéria) são maus. A salvação só se consegue pela separação entre as duas naturezas.
Peagianismo- O homem por si só é capaz de realizar obras que agradem a Deus ; minimiza a graça divina que não é necessária para se salvar.
Donatismo:Para esta seita os sacramentos celebrados por sacerdotes indignos eram nulos
Francisco Martins
2-No passado dia 4 de Julho foi publicado no Diário do Governo o decreto-lei 116/2008 que visa disciplinar os actos sujeitos ao registo predial. O nº 2 do artigo 33ºdo referido decreto diz que todos os actos sujeitos a registo anteriores à data da publicação do Diário da República são registados gratuitamente desde que os interessados o façam até 2011. Todos os outros que se verificarem depois dessa data pagarão uma taxa que varia conforme uma tabela específica para cada caso. Não é difícil concluir que os desleixados e relaxados a fazer o registo são beneficiados pois não pagam nada. Aqui os cumpridores são os principais prejudicados. Para quê ter pressa se há sempre a possibilidade de à última hora haver uma benesse do Estado. Vamos supor que duas pessoas A e B compraram cada uma delas um prédio no dia 5 de Maio de 2004. O comprador A não perdeu tempo e registou de imediato o prédio, pagando pela tabela então vigente. O comprador B foi adiando e só lucrou com isso, pois agora se quiser registar o prédio não paga nada. Não dá para compreender como é que dois casos iguais são tratados de maneira diferente. Coisas do Simplex que ninguém entende.
1-Será o TGV absolutamente necessário? Será o novo aeroporto uma prioridade sem alternativa que não se pode adiar? Estas são questões fracturantes que dividem políticos e técnicos. Se a pobreza tem vindo a alastrar em Portugal o combate a este problema social devia estar na primeira linha de preocupações de qualquer governo. Por outro lado, se queremos que o país progrida e se torne competitivo teríamos que apostar no desenvolvimento científico e tecnológico. Pessoalmente, penso que o TGV não é uma obra prioritária sobretudo num país pobre como o nosso. Além disso não sei se será rentável. A única vantagem é poder aliviar o tráfico aéreo e reduzir a poluição. Esperemos que estas obras faraónicas não venham ser um factor impeditivo de investimentos noutras áreas importantes para o país.
2-Finalmente o novo Código do Trabalho vai ser publicado. Rejeitado apenas pela CGTP há questões que não são consensuais e dividem os trabalhadores. As leis do trabalho estão hoje, em toda a Europa, ligadas ao que se passou a designar por flexisegurança. A precariedade do trabalho obriga a que haja cada vez mais mobilidade no emprego exigindo do trabalhador uma adaptação a condições inteiramente novas e imprevistas. Ao Estado caberá nestas circunstâncias tomar as medidas necessárias para que haja um reforço das garantias de protecção social. Este sistema tem vigorado com êxito na Dinamarca e na Holanda mas por vezes a transposição para outros países, de características bem diferentes, pode não dar certo.
No Código de Trabalho há um esforço da parte do Governo para acabar com os recibos verdes e foi retirado o “ despedimento por inadaptação “, ponto mais polémico e que a UGT exigiu como condição “ sine qua non “ para assinar o acordo. Outra novidade deste Código é o Banco de Horas. Assim, o trabalhador que tiver feito horas a mais poderá descontá-las nos períodos em que haja menos que fazer.. Mas como a quantidade é inimiga da qualidade e o trabalho em excesso gera cansaço a sua aplicação será apenas viável em certos sectores como , por exemplo, os serviços e o turismo.
Apesar deste Código não agradar a muitos trabalhadores, a verdade é que se procurou adaptá-lo à época que corre. Já lá vai o tempo em que um trabalhador fazia todo o seu percurso na mesma empresa. Há que ter em conta esta realidade.
3-O Ministro da Agricultura foi infeliz ao dizer que alguns dirigentes da CAP eram conservadores e os da CNA da extrema- esquerda. Veio depois a desmentir o que tinha dito mas as associações de agricultores recusaram-se a negociar e o primeiro-ministro teve que servir de bombeiro e liderar pessoalmente o processo. Este não é caso único e estou a lembrar-me do “ jamais “ do ministro Mário Lino em relação à localização do novo aeroporto na margem Sul e que depois teve de dar o dito por não dito. Estas situações só fragilizam o Governo que já se encontra desgastado com os constantes protestos e manifestações de rua. Os agricultores sentem que, com o aumento do preço dos combustíveis e dos adubos, a agricultura se torna cada vez menos rentável e por isso pedem legitimamente o apoio do Governo. O ministro reponde e diz que a agricultura tem que ser competitiva e não pode viver de exclusivamente de subsídios. Esta ideia parece-me correcta, se os agricultores forem devidamente apoiados. Era bom que o Governo definisse as áreas ou actividades agrícolas em que podemos ser mais competitivos a fim de se responder positivamente a este apelo. O que não faz sentido é receber subsídios para não se produzir. A PAC ( Política Agrícola Comum) terá que ser alterada para se ajustar às novas realidades.
4-Os meios de comunicação social deram a conhecer que os alunos do 9º Ano, de uma maneira geral, acharam fáceis os testes de Matemática a que foram submetidos. E de tal forma que algumas questões podiam ser resolvidas pelos alunos do 2º ciclo Ano (entre 10 a 12 anos). Passou-se de um extremo ao outro. Muita gente pensa que todo este facilitismo tem um objectivo claro- melhorar as estatísticas. Se é assim, vamos pelo mau caminho. Era bom que os especialistas na matéria fizessem um estudo comparativo com iguais testes de outros países como a Inglaterra, Alemanha, França, para averiguar se o grau de dificuldade é o mesmo. Deste modo, poderia realmente fazer-se uma avaliação correcta do rigor ou da facilidade dos testes.
5-O Tratado de Lisboa assinado por todos os membros da União Europeia não passou no referendo da Irlanda e vai ficar novamente em “ stand by “ à espera de melhores dias. Se o primeiro-ministro da Irlanda assinou o Tratado é porque o achou útil. Nem sempre é fácil aos políticos fazerem passar a suas mensagens ao eleitorado e no caso em questão assim aconteceu. A Polónia arrastada pelo não da Irlanda também não quer ratificar o Tratado. Bastou um não de outro país para mudar de atitude.Na revista Visão o dr. Guilherme Oliveira Martins diz o seguinte: “De facto,no futuro, é natural que haja quem queira sair. Temos é de evitar a prevalência da pressão de quantos querem beneficiar da União sem ter qualquer ónus “. Concordo inteiramente com esta afirmação e diria o mesmo de outra maneira : há muitos países interessados em receber subsídios mas que procuram fugir a regras ou compromissos comuns, pois entendem isso como perda de soberania ou ingerência na sua esfera política. É bom que os pequenos países possam fazer valer os seus direitos sem serem esmagados pelos mais poderosos. Penso que um Tratado será sempre um instrumento necessário para a unidade jurídica da Europa e para a concertação de políticas comuns nomeadamente na área da Segurança.
Francisco Martins
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