Pensava eu que havia uma fronteira nítida entre o Estado ( Administração Pública ) e as empresas privadas de forma a não haver ingerências nem interferências de um lado no campo específico do outro.
Pensava eu mas enganei-me, como o revela o recente caso B.C.P . O mais lógico seria a Administração do B.C.P e os accionistas maioritários resolverem os seus problemas internos. Mas tal não aconteceu e foi preciso o Governo através do ministro das Finanças vir solucionar uma questão do foro privado. Isto é um descrédito para a Banca portuguesa que revela pouca maturidade e fraca dinâmica interna , ficando neste caso prisioneira de uma decisão do Governo.
Acresce ainda que quem é designado para preencher altos cargos na banca são geralmente pessoas afectas ou ao PS ou ao PSD. Será que não há ninguém independente ou de outros partidos capazes de assumir tais funções ?
Há quem considere haver partidarização de sectores importantes da vida do país o que não deixa de ter algum sentido. Não está em causa a competência das pessoas. Só que não cai bem e as suspeitas de influências estranhas fica sempre a pairar no ar. Como se costuma dizer “ em política o que parece é “ Ou como diziam os romanos : Non omne quod licet honestum est ( nem tudo o que é lícito é honesto ).
Francisco Martins
In illo tempore, peço desculpa pelo latinismo e vou recomeçar o texto. Na minha infância o Natal era bem diferente do que é hoje. Era mais puro e genuíno.
Na véspera do Natal a família mais chegada reunia-se para a noite da consoada. O prato característico era o bacalhau cozido com batatas. Comia-se também açorda e migas de pão com couve, tudo bem regado com azeite da casa.
No fim da ceia e enquanto se aguardava pela missa do galo vinham os jogos. Jogava-se ao par ou pernão, ao rapa e ao burro
Antes de adormecer a imaginação começava a fervilhar pensando nas prendas que iria receber no dia seguinte. A noite parecia mais longa que o habitual. De manhã bem cedo era a corrida para a chaminé para ver as prendas do menino Jesus. Lá estava no sapatinho um pequeno livro de contos colorido, um chocolate e uma peça de vestuário que provavelmente fazia falta e que dava jeito. Tudo tinha um sabor especial . Era um momento único que não se repetia durante o ano.
Hoje as coisas não têm o mesmo encanto. Não é o menino Jesus que dá os presentes mas o Pai Natal importado dos países nórdicos. Não são apenas as crianças que são contempladas mas também os adultos. As prendas não são simples e artesanais mas caras e sofisticadas sobretudo para os que têm muito dinheiro para gastar.
Para muitas pessoas e para mim incluído o Natal transformou-se num autêntico pesadelo. Um mês antes tem que se começar a pensar na lista das coisas a oferecer. Depois mais perto da data festiva vai-se à cidade ou cidades vizinhas despejar a carteira. Loja sim , loja não, pára-se para ver ou comprar. E o problema não é só o dinheiro que se vai gastar. Isso é o menos . O mais difícil é acertar nos gostos e preferências das pessoas que vamos contemplar. E lá se vai a tranquilidade e o sossego que deveria existir nesta altura festiva. Só por isto detesto o Natal que se descaracterizou por força da sociedade consumista e mercantil em que vivemos.
Esta sociedade não se ficou por aqui e inventou mais dias para consumir : é o dia do pai, o dia da mãe, o dia do avô o dia da avó e agora só já falta para a festa ficar completa oficializar o dia do tio e da tia e da restante família….
Ao que nós chegámos Santo Deus!! Passámos a ser escravos da sociedade de consumo para gáudio e satisfação dos comerciantes.
Francisco Martins
Realizou-se recentemente em Lisboa a cimeira Europa-África. Todos ao órgãos de comunicação deram uma cobertura destacada do acontecimento apresentando reportagens e entrevistas com as figuras políticas mais importantes. Ficámos a saber que os chefes de Estado africanos se instalaram em hotéis de luxo com excepção de Kadafi que para dar nas vistas resolveu hospedar-se numa tenda que trouxe expressamente para o efeito. Quando tantos africanos vivem na miséria e morrem à fome estes gastos sumptuários são escandalosos e um verdadeiro escárnio à pobreza.
Sempre que falamos de África vem-nos à memória um continente pobre e subdesenvolvido com doenças que se tornaram endémicas e com índices elevados de mortalidade infantil. Falar de África é abordar problemas relacionados com os direitos humanos, com o poder político e com o desenvolvimento económico e social.
Os direitos humanos são sistematicamente violados na maioria dos países africanos. Como exemplos podemos citar o tráfico de mulheres e crianças, o trabalho infantil e a exploração sexual de mulheres e crianças.
O poder político é normalmente corrupto e tende a perpetuar-se no poder. Dos 53 chefes de Estado africanos 12 estão a governar há mais de 20 anos, 2 são octagenários e 14 superaram os 70 anos ( dados recolhidos da revista Além Mar ) . O apego ao poder justifica-se pelo desejo de acumular riqueza e prestígio. Por isso se procuram todas as formas de impedir a limitação de mandatos. O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe foi um dos políticos apontados a dedo por ser um ditador e não respeitar os direitos humanos e as liberdades individuais. O facto é que os responsáveis políticos do Congo, Angola, Sudão, Ruanda, Etiópia, Eritreia e da Somália poderiam também ser metidos dentro do mesmo saco.
A África possui imensos recursos naturais. O subsolo é rico em diamantes, petróleo, ouro e minérios. Como é possível que haja tanta pobreza,miséria e subdesenvolvimen- to ?! A explicação é simples. O dinheiro proveniente da venda de matérias primas como o petróleo vai engordar as contas bancárias dos dirigentes corruptos. Os grandes senhores da política não investem nos seus países mas na Bolsa de Nova Iorque e nos Bancos Suíços. As multinacionais como a Nestlé fixam os preços dos produtos a um nível tão baixo que por vezes não cobrem os custos de produção. Acresce ainda que a agricultura africana tem dificuldade em competir com a sua congénere europeia que em determinados sectores é altamente subsidiada pelo Estado. O relator das Nações Unidas Jean Ziegler (1 ) põe o dedo na ferida e vai mais longe ao dizer o seguinte: Na maioria dos países do continente ( africano ), como se sabe a acumulação de capitais é fraca, o produto dos impostos quase inexistente e os investimentos públicos deficientes.No espaço de um ano ( de
Acho que esta análise é suficientemente esclarecedora e diz muito sobre a estagnação económica nos países africanos. Segundo as estatísticas 70% da população vive com menos de dois dólares por dia. Há mesmo quem entenda que , para salvar a Àfrica do subdesenvolvimento, seria necessário um novo Plano Marshall à semelhança do que aconteceu na Europa após a 2ª guerra mundial.
O fluxo migratório de Àfrica para a Europa veio também trazer problemas relacionados com a integração, que, em países como a França, são uma autêntica dor de cabeça para o governo. A miragem do emprego fácil não passa na maior parte dos casos de uma ilusão que conduz ao desespero e por vezes a actividades criminosas.
As organizações terroristas como a Al-Qaida escolheram a África como terreno privilegiado para montar as suas bases logísticas e iniciar ataques aos países que estão nas sua lista negra. Tudo isto com a complacência dos países africanos muçulmanos que fecham os olhos e os deixam manobrar à vontade.
Finalmente há também uma questão que considero delicada e tem a ver com o colonialismo. Quando se deu o movimento de libertação das colónias, os portugueses foram corridos como exploradores sendo responsabilizados pelo atraso e subdesenvolvimento dos referidos territórios. A África como diziam os negros era dos africanos e os brancos estavam a mais. Hoje as coisas não melhoraram e estão piores do que estavam com a agravante de ainda termos que dar trabalho aos que nos procuram para sobeviver. Imaginemos agora que seguíamos a mesma filosofia e dizíamos aos africanos que a Europa é dos europeus e não havia lugar para eles em Portugal.
O estigma da colonização recaiu inteiramente sobre os portugueses quando outros países europeus foram tão colonialistas ou mais do que nós. Então a Inglaterra, a França, a Espanha não foram colonialistas ? Os colonos ingleses e irlandeses que se instalaram na América do Norte não dizimaram quase por completo os índios para se apoderarem do território ? As sequelas da descolonização ainda estão bem presentes e a verdade é para se dizer. Claro que houve bons e maus colonos. Mas os bons deixaram todos os seus haveres e tudo o que honestamente ganharam com muito suor e trabalho. E tiveram de começar do zero uma nova vida em Portugal.
Espero que a cimeira de Lisboa se traduza em resultados positivos para os africanos porque a política espectáculo só por si não resolve coisa nenhuma.
1-O Império da Vergonha- Jean Ziegler ( edições Asa )
Francisco J. Santiago Martins
Estamos a chegar ao Natal e hoje apetece-me falar sobre a Bíblia. Os comentários a um blog anterior que fiz sobre o ateísmo tornam oportuno abordar este tema.
A Bíblia é provavelmente o livro mais lido no mundo. A palavra Bíblia tem origem no termo grego biblion ( livro ). É costume dividi-la em dois grandes grupos : Antigo Testamento ou Primeiro Testamento e Novo Testamento ou Segundo Testamento.
O Antigo Testamento é a história do povo Judeu e das suas vicissitudes ao longo dos séculos. A língua original do primeiro texto foi o hebraico. Segundo o Padre Carreira das Neves os livros do AT podem ser agrupados em quatro grandes conjuntos: Legislativos ( ex. Deuteronómio ), Históricos ( Génesis ) Proféticos ( Ex. Isaías ) e Literatura ( sapienciais ex. Eclesiates e de oração ex. Salmos ).
O Novo Testamento é a história de Jesus que se fez homem e indicou aos judeus do seu tempo através do seu exemplo e dos seus ensinamentos o verdadeiro caminho para Deus. O Deus abstracto do AT é agora com Jesus um Deus humano que está ao lado dos pobres e de todos os que sofrem. Os livros do NT podem também ser agrupados em três conjuntos: Históricos ( ex.Evangelhos) , Proféticos ( Apocalipse ) Literatura (ex.Cartas).
A Bíblia no seu conjunto engloba diferentes géneros literários: mito, saga, poesia, romance, carta, ensaio, evangelho, apocalipse e história. Assim, na interpretação da bíblia têm de se considerar todos estes elementos.
No século II a.c. durante o período helenístico dada a predominância da língua grega a bíblia hebraica foi vertida para o grego por 70 sábios judeus durante 70 dias e passou a chamar-se Septuaginta. Na idade Média S. Jerónimo traduziu-a para latim passando a chamar-se Vulgata. Os livros que fazem parte do texto grego e não constam do texto hebraico designam-se por Deuterocanónicos. O livros comuns aos dois textos são designados por Protocanónicos.
Durante muitos anos vi na Bíblia um relato fidedigno de acontecimentos. À medida que fui amadurecendo culturalmente comecei a notar certas contradições ou factos que não jogavam certos com a ciência actual. Como conciliar por exemplo a criação do homem com a teoria evolucionista que aponta para o crescimento da vida em etapas cada vez mais complexas e por selecção natural até chegar ao Homem. Quando Josué mandou parar o sol ( Js 10,12-15 ) há aqui uma contradição evidente com a teoria heliocentrista. É que o Sol não anda mas sim a Terra. A criação da Terra em sete dias também não joga certo com a ciência moderna pois ela também foi produto de uma longa evolução durante milhões de anos até chegar ao estado actual. Então como explicar tudo isto. Antes de mais é preciso contextualizar os acontecimentos. Os textos foram escritos para povos de uma determinada época e de uma determinada cultura inseridos num local geográfico bem definido. A ciência desconhecia ainda muitas coisas e explicava de acordo com os conhecimentos da época. O autor bíblico não pretendeu fazer um registo fotográfico de acontecimentos mas explicar o poder de Deus e a sua presença na História. Para os judeus, Deus está sempre presente e nunca abandona o seu povo. Foi Ele que protegeu os judeus da fúria e perseguição do faraó e os conduziu à Terra Prometida. É o Deus que liberta o seu Povo da escravidão do Egipto. Saber se, no Êxodo, as pragas do Egipto ou a divisão das águas do Nilo são realidade ou ficção não me parece que seja importante. O que o autor quis dizer foi que sem a ajuda e a colaboração de Deus seria difícil aos judeus libertarem-se dos seus opressores.
Chegados aqui levanta-se a questão da hermenêutica bíblica ou seja dos problemas relacionados com a sua interpretação. Ainda hoje há pessoas e cristãos como os neopentecostais americanos que interpretam literalmente a Bíblia. Acreditam na teoria criacionista segundo a qual há uma intervenção directa e imediata de Deus na criação de tudo quanto existe e se passa no Universo. A criação do céu e da terra do homem e da mulher é exactamente como vem descrita na Bíblia. Se alguma coisa não joga certo com a ciência é esta que está errada. São os chamados fundamentalistas.Ora a Religião de forma alguma pode estar contra os dados da Ciência. Deus não quer nem pode querer a nossa ignorância. Os avanços da Ciência não conseguem nunca responder ao sentido último do Mundo e do Homem .
Uma outra forma de estudar a Bíblia é através do método histórico-crítico interpretando o sentido literário e recorrendo às fontes externas e internas de cada livro ou secção. Este estudo é feito com apoio da filologia, arqueologia, história das religiões e da sociologia. Os diferentes modos da criação em Gn 1 e em Gn 2 foram apurados por este método.
Nenhum método é único no estudo da Bíblia. Nos comentários à Bíblia ( ed. Expresso) o Padre Carreira das Neves diz que a Bíblia se deve entender como. uma interpretação teológica da história. Com isto quer significar que em todos os textos está subjacente a fé em Deus “ Pai da família humana que n ´Ele acredita “.
Para terminar queria abordar os milagres realizados por Jesus que alguns contestam. Todos sabemos pelos Evangelhos que Jesus operou factos prodigiosos que deixaram as pessoas que os viram estupefactas. Isto não quer dizer que todos os milagres tenham a mesma consistência histórica. E passo a citar o Padre Carreira das Neves ( volume 10, pag 64 ed. Expresso) : “ Os crentes, só por serem crentes, não devem cair no erro, aliás comum de tudo lerem e compreenderem como histórico, caindo no fundamentalismo e concordismo. Curar coxos , cegos, surdos, leprosos, doentes mentais não é a mesma coisa que ressuscitar mortos, caminhar sobre as águas do “ mar “, multiplicar milhares de pães e peixes a partir de dois ou três, transformar a água
Para terminar direi que a Bíblia tem de ser lida com fé pois também foi com fé que os seus autores a escreveram.
Francisco Martins
Se há pessoas iluminadas em Portugal o dr, Pulido Valente é uma delas. Ele sabe de tudo, conhece tudo ao mais ínfimo pormenor. Não há ramo do conhecimento que ele não domine. Ninguém sabe mais do que ele. Mas é um pessimista por natureza pois só vê desgraças na sociedade portuguesa.
Agora fez uma descoberta de espantar. Tal como no século XVIII existe um despotismo iluminado
Pessoalmente estou-me nas tintas que PV se encharque de açúcar e de sal que fume quanto quiser e se drogue se sentir necessidade.
Sempre que almoço num restaurante verifico que a comida ,em regra, tem sal a mais. Isto afecta a saúde de muita gente. Não só os hipertensos mas também os pessoas que são saudáveis e a prazo poderão ter problemas cardíacos.
Quanto ao tabaco é bem pior. O dr. Pulido Valente é livre de fumar o que quiser que a mim também não me incomoda nada. O que não pode é obrigar-me a engolir o fumo que expele para o ar. Cada um é livre de fazer o que bem lhe apetecer desde que respeite a liberdade dos outros. Infelizmente há muita gente a pensar como PV. É o caso dr. Miguel Sousa Tavares que num artigo publicado no semanário “ Expresso “ se queixava de uma interferência desnecessária do Estado na vida dos cidadãos. De tudo isto podemos concluir que os fumadores só pensam no prazer que o fumo lhes dá. Os outros que se lixem. Até parece que quem está a mais num restaurante ou num café não são os fumadores mas sim os que não querem fumar.
Vamos ver se a lei anti-tabágica que proíbe o fumo em recintos fechados com menos de cem metros quadrados irá ter aplicação efectiva no próximo ano. Esta lei não é uma perseguição aos fumadores como já li num jornal. Trata-se de uma medida de saúde pública que irá beneficiar os cidadãos
Francisco Martins
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