Num editorial do jornal “ Público “, José Manuel Fernandes classifica Dawkins como o herói dos ateus. Não me parece que esta designação seja a mais apropriada. Herói, porquê ? Não se notabilizou na guerra nem pôs a sua vida em risco ao serviço de grandes causas da Humanidade. Pessoalmente designá-lo-ia como vulto proeminente do ateísmo contemporâneo.
O ateísmo está hoje em moda e para fazer dinheiro lança-se mão de obras que apenas servem para confundir os que não têm convicções firmes. Com Dan Brown surge o Código Da Vinci que não tem qualquer credibilidade científica e é pura ficção. Mas Dawkins é um caso mais sério pois se trata de um reputado cientista. O livro A Desilusão de Deus ( God Desilusion ) que se encontra neste momento à venda em Portugal vem na sequência de outros livros do mesmo autor e que têm por objectivo reduzir a zero a crença em Deus.
O conceituado cientista norte americano Francis Collins que dedicou parte da sua vida ao estudo do genoma humano desmonta e desmistifica no seu livro “ A Linguagem de Deus “( 1 ) toda a argumentação de Dawkins. É um livro claro e objectivo e que põe as coisas no seu devido lugar. Afinal o que pretende Dawkins é tão simples como isto- provar a inexistência de Deus ou seja demonstrar o indemonstrável. Para este cientista a evolução e a selecção natural de Darwin explica tudo. Segundo Collins, que passo a transcrever, o biólogo e teólogo Alister McGrath, no livro Dawkins´God, analisa as conclusões de Dawkins e aponta as falácias lógicas subjacentes a elas. “ Os argumentos de Dawkins são de três tipos. Em primeiro lugar, argumenta que a evolução explica cabalmente a complexidade biológica e as origens da Humanidade, motivo pelo qual já não precisamos de Deus. Embora este argumento liberte Deus da responsabilidade de múltiplos actos de criação especial para cada espécie existente no planeta, não refuta a ideia de Deus ter concebido o Seu plano de criação por intermédio da evolução.
A segunda objecção formulada pelo ateísmo evolucionista da linha de Dawkins é do mesmo tipo: a religião é anti-racional. A definição de fé de Dawkins é “ confiança cega na ausência de provas .” Embora nenhum argumento racional possa alguma vez provar de forma conclusiva a existência de Deus, pensadores sérios desde Santo Agostinho a São Tomás de Aquino demonstram que a crença em Deus é profundamente plausível.
A terceira objecção de Dawkins relaciona-se com os grandes danos causados em nome da religião. É impossível desmentir essa verdade, embora a fé também tenha inegavelmente alimentado grandes actos de compaixão. Mas as más acções cometidas em nome da religião de modo algum impugnam a verdade da fé. “
Resumindo diria eu que Deus não é a Natureza nem se confunde com ela. Deus é transcendente e por isso não pode ser posto\à prova por teorias científicas ou testes laboratoriais. Como refere Collins no livro “ A Linguagem de Deus “ cuja leitura me atrevo a recomendar, há certas questões às quais a ciência é incapaz de dar resposta: Como apareceu o Universo ? Qual o significado da existência humana ? O que acontece depois de morrermos ?
José Manuel Fernandes diz ainda no seu editorial e passo a citar que “ a Desilusão de Deus “ incomoda os crentes porque reacende o conflito sempre latente entre a Razão ( científica ) e Fé ( religiosa ) “ Na minha modesta opinião não há qualquer conflito entre Razão e Fé. A Fé e a Razão são complementares. A Fé sem Razão é uma Fé cega ; a Razão sem Fé é uma Razão limitada. Como diz Santo Agostinho ) “ credo ut inteligum et inteligum ut credo( creio para compreender e compreendo para crer. A Fé tem que ser racional porque Deus não quer a ignorância nem seres ignorantes. Tudo o que a ciência diz não pode contradizer Deus porque Deus é a Verdade.
Para José Manuel Fernandes , as reacções aos livros de Dawkins mostram que, “ aquilo que se tem por verdades adquiridas, ou aquilo em que se acredita de forma que não admite contestação, desencadeia com facilidade a intolerância. “ É caso para perguntar se a intolerância provém dos crentes , dos ateus ou de ambos. Quanto às verdades adquiridas que não admitem contestação, os evolucionistas ateus numa atitude arrogante entendem que são donos exclusivos do saber e da ciência e tal implica a exclusão de Deus. Ora isso é um erro crasso pois também há evolucionistas que são cristãos.
S.J Gould outro cientista citado por Collins diz “ Ou metade dos meus colegas são imensamente estúpidos ou o darwinismo é perfeitamente compatível com as crenças religiosas convencionais- e igualmente compatível com o ateísmo. Por conseguinte os que optam por ser ateus devem descobrir outros fundamentos para a sua posição. A evolução não serve. “
Podemos então concluir que a intolerância baseada em verdades adquiridas se aplica tanto ateus como a crentes.”
E termino citando mais uma vez Collins: “” Se Deus é exterior à Natureza a ciência não pode provar nem refutar a sua existência. Por conseguinte o próprio ateísmo deve ser considerado uma forma de fé cega, pois adopta um sistema de crença que não pode ser defendido com base numa simples razão. “
1-A Linguagem de Deus- Francis S. Collins Editorial Presença
FRANCISCO MARTINS
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Há um colunista do jornal " Público " conhecido de todos pela acidez que destilam os artigos que escreve.
Não há nada nem ninguém na sociedade que escape à sua crítica verrinosa. Pessoas e instituições são sempre vistas a negro e de forma negativa. Políticos,escritores, bispos, papa, nada escapa ao seu olhar arguto. Tudo é esmiuçado à lupa.
Num dos seus artigos dizia que estava a reler os livros de Camilo Castelo Branco tendo constatado a força e o poder que os padres e a igreja desempenham na obra deste grande escritor do século XIX. Depois a sua perspicácia leva-o a concluir que a " Igreja hoje já não comanda ninguém " sic.
Perante uma afirmação tão categórica é caso para perguntar: será que a Igreja comanda alguém? ; será que a Igreja é um exército e os crentes alistados à força ?
Como católico não me revejo nesta classificação. A fé é um acto de adesão voluntária e não forçada. Os ateus pensam que são mais inteligentes que os crentes A verdade e a razão estão sempre do seu lado. Mas se um crente não pode demonstrar a existência de Deus um ateu também não pode provar que Deus não existe. Ambos são crentes: um crê que Deus existe o outro que Deus não existe.
Perante tanta miséria na sociedade e no mundo de hoje apetece-me dizer que não há ponta por onde se lhe pegue.
Francisco Martins- Trancoso
Foi recentemente lançado um livro, em Trancoso, intitulado " Padre Costa ", da autoria de Santos Costa.
Não é de admirar que a maioria das pessoas não tenha ouvido falar do Padre Costa, figura obscura do século XV, ressuscitado agora da poeira do tempo e do esquecimento.
Afinal quem foi o Padre Costa para merecer as honras de um livro. Terá sido alguém que se distinguiu na teologia, na filosofia, nas ciências ,nas letras ou nas artes do seu tempo ? Por incrível que pareça a homenagem que lhe foi prestada tem a ver com o mérito de ter tido 299 filhos e 53 mulheres , segundo rezam as estatísticas .
Chegados aqui, interrogo-me se tal feito constitui um brasão para a terra e uma medalha de ouro para o homenageado pelo seu comportamento ético " exemplar ".
Não andarei longe da verdade se disser que o que se pretendeu foi achincalhar e fazer troça dos padres e da igreja apontando uma excepção como regra.
A Igreja de todos os tempos foi sempre feita de pecadores e e de santos de bons e de maus.Há que tomar partido e fazer propaganda do que é bom e não do que é mau. Ou seja e parafraseando Camões direi que os bons serão aqueles que " por obras valorosas se vão da lei da morte libertando "
É claro que há ateus que se convencem que são donos exclusivos da verdade e olham os crentes com sobranceria e desdém. Esquecem que o ateismo não é uma ciência mas uma crença e esta não dá margem para certezas. Francisco Martins
Ainda me lembro do tempo em que os doutoramentos eram feitos pelos assistentes universitários escolhidos pelos professores dentro dos licenciados mais bem classificados.
Nessa altura não havia doutorados no desemprego.
Hoje os critérios são outros. Criam-se bolsas de doutoramento pagas pelo Estado sem ter em conta as necessidades de docência e de investigação e uma grande parte dos doutorados ficam numa situação deseperada à espera de um posdoc ou de qualquer outra actividade que possa surgir e que por vezes nada tem a ver com o grau académico em causa.
E é este o país que temos . Gasta-se dinheiro em doutoramentos e depois abandonam -se os doutorados à sua sorte.
Francisco Martins
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