1-Não há dia em que não se fale da crise. Os jornais e a televisão relatam com frequência casos de empresas que fecham as portas e lançam no desemprego centenas ou mesmo milhares de trabalhadores. De um momento para o outro tudo ruiu como um baralho de cartas. Segundo as estatísticas, em Portugal há cerca de 2 milhões de pobres. Muitos passam fome e envergonham-se de o dizer. Para algumas famílias é um verdadeiro drama e um autêntico pesadelo a situação que estão a viver. Com um magro subsídio de desemprego é difícil fazer face ás despesas correntes: alimentação, água , electricidade e às propinas dos filhos. Quais as causas que levaram a esta verdadeira tragédia ? Os bancos facilitaram os créditos, muitas vezes à custa de juros elevados, para aumentarem os lucros. Os consumidores levados por uma publicidade enganosa endividaram-se para além das suas capacidades financeiras. Enquanto em muitos países da Europa as pessoas recorrem ao arrendamento de casas para habitar, em Portugal quase todos querem ter habitação própria, mesmo sem terem recursos para o fazer. O mesmo acontece com a aquisição de automóvel e de electrodomésticos o que dificulta ainda mais a possibilidade de pagamento. Os créditos malparados e os investimentos de risco levaram alguns bancos à falência ou à falta de liquidez. Sem crédito as pequenas e médias empresas não podem investir para se renovarem e competir num mercado cada vez mais exigente. E a pergunta que se coloca é a de saber como se vai ultrapassar a crise.
2-Não faltam por aí políticos e economistas que analisam detalhadamente a crise nas suas diversas vertentes: PIB, crescimento económico, inflação e desemprego. Mas o que o país precisa são soluções e ideias para relançar a economia. E o que se lê não passa, a maior parte das vezes ,de banalidades que pouco ajudam a resolver os problemas. Dizem alguns economistas que é preciso aumentar a competitividade. Mas como é possível conseguir esse objectivo com países como a China e a Índia que praticam salários de miséria, trabalham 12 horas por dia e não têm por vezes direito a uma reforma decente. Há também outros que entendem absolutamente necessário aumentar as exportações para reequilibrar a nossa balança de pagamentos. Só que os países com quem mantemos maiores relações comerciais também estão em crise como nós e com a entrada no euro não podemos desvalorizar a moeda. A nossa esperança poderá estar em Angola porque há interesses recíprocos em jogo. Na minha modesta opinião não podemos também perder de vista o desenvolvimento do sector primário ( agricultura ) para atenuar a nossa dependência de outros países. Tudo isto é importante mas infelizmente não vai chegar. A situação é tão grave que a curto prazo só com a generosidade e solidariedade de todos se poderão obter resultados imediatos. É preciso ter a coragem de acabar com as mordomias e prebendas de alguns políticos e com as duplas reformas Outra medida importante seria reduzir o número de deputados permitindo assim uma poupança enorme que daria para aumentar a reforma dos mais necessitados. Alguns políticos acusam, com razão, o sistema neoliberal de ser o causador de todos os desiquilíbrios e desigualdades da sociedade. Esquecem-se, contudo, que os privilégios e regalias que possuem os devem precisamente ao sistema que tanto condenam
3-O assassínio do Presidente Nino Vieira na Guiné-Bissau mostra-nos um país à beira do caos. Foi um crime executado com requintes de malvadez e impróprio de pessoas civilizadas. Onde estava a segurança do Presidente no momento do atentado ? Teria havido conivência com os assaltantes ? A Guiné tem sido , desde a independência até hoje, um país de golpes e contra-golpes que não dão margem para que a democracia e a estabilidade se instalem de vez. O povo vive na miséria enquanto políticos e militares se entretêm matando-se uns aos outros. Como ninguém tem autoridade, o território é propício para os traficantes de armas e de drogas. Segundo se diz, a droga da América latina passa pela Guiné a caminho da Europa. Seria bom que a comunidade internacional e em particular a ONU se instalassem no terreno e criassem condições para que a Guiné fosse governada democraticamente.
4-Um outro caso, que deu que falar, passou-se no nosso parlamento entre os deputados José Eduardo Martins do PSD e Afonso Candal do PS. O primeiro reagiu mal a uma insinuação do segundo e mimoseou-o com um palavrão, sem qualquer respeito pela Assembleia e pelos outros deputados. É certo que a televisão por vezes nos mostra cenas de pancadaria no parlamento de outros países. Mas isso não dignifica nem as pessoas nem o país a que pertencem. E não é certamente exemplo a seguir no nosso país. Pena é que os nossos deputados percam tanto tempo em discussões estéreis em vez de desempenharem com eficiência e dignidade as funções para que foram eleitos.
Francisco Martins
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