O congresso do Partido Socialista veio confirmar um líder incontestado, como todos esperavam. José Sócrates é sem dúvida um dos melhores primeiros-ministros da era democrática em Portugal. É um bom orador, não se engasga, tem retórica e sabe argumentar ,ou seja, move-se bem naquilo que os gregos designavam por dialéctica. Depois estuda muito bem os dossiers e raramente é apanhado com a lição por estudar. Um dos pontos positivos que o caracteriza é a capacidade de levar por diante os objectivos programados pelo governo. Ao contrário de Guterres não cede a pressões nem vai a reboque da oposição. O caso mais paradigmático é o da avaliação dos professores, que por enquanto se vai mantendo, apesar da contestação esmagadoramente maioritária da classe docente. Do trabalho desenvolvido por Sócrates nestes quatro anos destacaria ainda o esforço para a simplificação da administração pública. Apesar da oposição, principalmente o PSD, dizer que o governo nada fez, a verdade é que há coisas que até um cego vê. E ninguém bem intencionado pode negar.
Do congresso pouco há a mencionar de relevante. Quando um líder é carismático e faz alguma coisa é muito difícil vingar a oposição, interna ou externa. Houve uma moção a do Eng. Fonseca Ferreira que teve algum apoio dos militantes e tudo ficou por aí. O interesse teria sido outro se houvesse mais ideias em debate, além das que constam da moção do primeiro-ministro. Isso seria uma prova de vitalidade do partido e afastar-se-ia o perigo de se resvalar para um autoritarismo indesejável, ou da política do quero posso e mando.
Confirmada a liderança do Partido importa agora pensar no que irá acontecer nas próximas eleições legislativas. As sondagens dão-nos um PS em primeiro lugar mas sem maioria absoluta. Convém não esquecer que há muita gente descontente com o governo e nesse número estão certamente os professores que na sua grande maioria vão votar contra. É inegável que a avaliação é absolutamente necessária, mas não havendo um modelo único e perfeito, a ministra da educação poderia talvez ter ido mais longe negociando com os professores uma solução de consenso. Por outro lado a legalização do casamento dos homossexuais poderá também influenciar negativamente os resultados. Se muitos eleitores são indiferentes a esta medida, outros apoiam-na apaixonadamente, mas é bom não esquecer que um grande número de católicos são contra e por isso não votarão no PS. Há ainda que contar com a ala esquerda do PS, liderada por Manuel Alegre que é imprevisível e não se sabe bem como irá actuar nas próximas eleições. Será que Alegre tem fôlego para criar outro partido uma vez que as associações cívicas não podem concorrer? Será que vai encostar ao Bloco de Esquerda ? O que não me parece provável é que vá apoiar Sócrates nas eleições legislativas.
Não havendo uma maioria absoluta e numa situação de crise que o país está a viver, vai ser muito difícil governar. Sem estabilidade é quase impossível implementar reformas ou medidas de fundo que são fundamentais para o país andar para a frente. Todos temos bem vivas na memória as concessões que o Eng. Guterres foi obrigado a fazer para governar e da tão falada questão do Queijo Limiano. O País, neste momento, para arrancar precisa de uma plataforma de entendimento entre todos os partidos , mas este objectivo é pouco provável que venha a acontecer. Para os radicais de esquerda, não há sentido de Estado, e quanto pior melhor. Em situações extremas é natural que alguns eleitores se lembrem deles como tábua de salvação.
Como as crises são cíclicas há que enfrentar o futuro com confiança. Para isso é necessário um esforço conjunto: governo, empresários e dos cidadãos em geral. A solidariedade de todos, e de modo particular dos que ganham bem ou são ricos, nunca foi, como agora, tão necessária. Para um cristão nada melhor do que reflectir nas palavras de Jesus: “ Tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber, estava nu e deste-me de vestir. “
FRANCISCO MARTINS
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