1-Na revista Além-Mar dos Missionários Combonianos, mês de Fevereiro, li um texto intitulado “ Dar voz e vez aos últimos “ ,escrito por Susana Vilas Boas, que me impressionou bastante. Fiquei a saber que na República Centro Africana, a etnia dos Pigmeus está a ser alvo dos predadores humanos. Com a destruição maciça da floresta, esta etnia está a ser privada dos alimentos que precisa para sobreviver e também das plantas medicinais utilizadas para tratar e curar doenças. Os pigmeus vivem ainda numa situação de verdadeira escravatura e de exclusão social. O sistema de saúde não funciona ou funciona mal e a mortalidade infantil é grande. E tudo isto porque os políticos corruptos canalizam o dinheiro das suas riquezas naturais para comprar armas ou para aumentar os seus depósitos bancários em vez de os aplicarem na construção de Escolas , Centros de Saúde e de Hospitais. Este panorama infelizmente é comum à maioria dos países africanos onde os dirigentes políticos são na generalidade desonestos e procuram por todos os meios perpetuarem-se no poder.
Em Portugal e com o aumento do desemprego irão certamente aumentar os casos de pobreza e de exclusão social. Estamos em ano de eleição e seja qual for o partido que irá governar o país nos próximos anos, impõem-se medidas importantes para combater a crise e a recessão económica. Terá certamente de haver ajuda e incentivos fiscais às pequenas e médias empresas sobretudo àquelas que possam produzir bens e serviços exportáveis. É imperioso também uma mais justa redistribuição da riqueza nacional acabando de vez com as duplas reformas e com os vencimentos escandalosos dos gestores públicos. Nos programas que os partidos vão apresentar aos eleitores deveriam apontar as soluções mais importantes para resolver a crise, pondo de lado as questões acessórias ou de ruptura que apenas dizem respeito a um número restrito de portugueses.
2-Como assunto acessório podemos considerar o casamento de homossexuais. Quanto a este aspecto a opinião pública está dividida: os que são a favor dizem que não deve haver discriminação em relação aos casais heterossexuais ; os que são contra entendem que são realidades diferentes e como tal não devem ser tratadas da mesma maneira. Quando o Bloco de Esquerda ( BE ) apresentou na Assembleia da República uma proposta de legalização dos casamentos homossexuais,o Partido Socialista votou contra. Se porventura desse liberdade de voto aos seus deputados o diploma seria aprovado dado que a esquerda é maioritária e é a favor do casamento dos homossexuais. Mas o PS entendeu que tal medida não constava do programa eleitoral e não tinha legitimidade para votar favoravelmente esta proposta. Pessoalmente penso que não seria apenas isso, mas também o facto de não querer deixar fugir para outros esta iniciativa.
Muita gente pensa que a Igreja não devia interferir neste assunto e até cita uma frase bem conhecida de Jesus Cristo- a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Quem pensa assim está enganado. Jesus foi uma voz incómoda no seu tempo e nunca teve medo de denunciar o que estava mal. A missão da Igreja, à qual pertencem padres, bispos e também todos os que se dizem cristãos , é defender os valores e os princípios morais e éticos. Não é normal, no sentido de que foge à regra, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O casamento tem sido, ao longo dos séculos, uma união entre casais heterossexuais. Embora alguns casais não possam ou não queiram ter filhos , a verdade é que este contrato ou acordo tem em vista a procriação e a educação dos filhos. Por isso é fundamental que haja um pai e uma mãe para os educar. As mães solteiras são muitas vezes confrontadas com a pergunta inevitável dos filhos : Quem é e onde está o meu pai ? Muitos ou quase todos manifestam interesse em conhecer o pai, o que é absolutamente natural.
Há ainda o argumento das pessoas que pensam no trauma dos homossexuais que não se podem casar. Dizem que muitas vezes se trata de um móbil que os leva ao suicídio. Quanto a isso tenho a dizer o seguinte: nem todos os casais heterossexuais se casam e não ficam por isso com complexos em relação aos outros. Por outro lado se me cruzar na rua com dois casais homossexuais, um casado e outro em união de facto, garanto que não sou capaz de os distinguir. Hoje em dia é vulgar os casais heterossexuais não se casarem ou fazerem-no muito tardiamente. Não compreendo ,por isso, que os homossexuais tenham como ponto de honra o casamento. Seria bom que os partidos políticos dedicassem mais atenção nos seus programas aos meios de reactivar a economia e não se distraíssem com questões secundárias.
3-Pelo que li da cultura clássica, a homossexualidade não era nenhum tabu para os Gregos. Platão no livro o Banquete desenvolve uma teoria sobre o Amor, que muitas vezes se designa por “ amor platónico “ e também questões com ele correlacionadas como o sexo e a homossexualidade. Uma das personagens do livro é Pausânias , amante do poeta Ágaton e um pederasta assumido. Para ele há dois tipos de amor: o amor nobre e o amor popular. O amante popular é o que prefere o amor do corpo ao amor da alma. O amor mais nobre seria o de tipo ideal baseado na amizade entre pessoas do sexo masculino. Aristófanes, outra personagem do livro, desenvolve o chamado mito andrógino. Segundo ele os seres humanos no início dividiam-se em tês categorias: macho, fêmea e um terceiro que partilhava das características de ambos. “O macho foi inicialmente um rebento do Sol; a fêmea, da Terra; e da Lua, a espécie que reunia as características dos outros dois. “ Estes seres tinham uma cabeça com duas faces e ainda quatro orelhas, quatro braços e quatro pernas. Em dada altura começaram a revoltar-se contra as divindades. Se Zeus suprimisse a raça ficaria sem ninguém que lhe prestasse homenagens e sacrifícios. Para os enfraquecer a melhor solução seria cortá-los ao meio. E assim fez. Então, cada parte dividida procurou a sua metade. Aristófanes diz que “ os homens que resultam do corte de um ser misto só gostam de mulheres ; as mulheres que resultam do corte de um ser feminino não ligam praticamente aos homens e voltam-se de preferência para as mulheres ; todos os que resultam de o corte de um ser masculino só andam atrás de homens e comprazem-se em estarem deitados a seu lado, abraçados a eles.” Está assim explicado de forma cómica e satírica por que é que há homens que se sentem atraídos por homens ; mulheres que se sentem atraídas por mulheres ; e homens e mulheres que reciprocamente se atraem. Estaria assim explicada a tendência de cada um para heterossexualidade ou para a homossexualidade.
Na cidade de Corinto, no século I da nossa era , vê São Paulo uma cidade promíscua e dada à depravação e à imoralidade. Por isso, não tem pejo em condenar a homossexuali-dade, ou seja, todos os que, homens ou mulheres, deixaram as suas relações naturais por outras contra a natureza.
Francisco Martins
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